sábado, 11 de outubro de 2025

“No Caminho de Santiago de bicicleta elétrica e insulina refrigerada”


Casal pedalou 884 quilómetros, com 12.997 metros de altimetria total, em 15 dias; desafio foi manter a medicação na temperatura certa

 

O Caminho de Santiago de Compostela atrai ciclistas e caminhantes do mundo todo e no ano passado foi percorrido por meio milhão de pessoas, 12% a mais que no ano anterior, peregrinos em bicicleta foram 4,5% deste número recorde.


O casal de Campinas, São Paulo, Brasil, Fabiana e Ricardo Souza fez parte desta estatística e em julho de 2024 completaram o Caminho Francês em exatamente 15 dias, Ricardo, de 50 anos, é mountain biker experimentou e pedalou numa bicicleta convencional. Fabiana, de 48 anos, é estudante de veterinária e por ser iniciante optou por uma bicicleta elétrica.


 

Fabiana pedalou numa Mondraker elétrica com motor Bosch de 750 Watts

 

O desafio para Fabiana era enorme, além da grande distância a ser cumprida em 15 dias, Fabiana é portadora de diabetes do tipo 1 e necessita tomar diariamente dois tipos de insulina que precisam ser mantidas em torno dos oito graus de temperatura, tarefa complicada sob o forte calor do verão espanhol em pleno mês de julho, o jeito foi usar uma mini geladeira portátil alimentada por bateria recarregável de 4-5 horas de duração e que pesava cerca de 1kg.


“Levamos seis canetas, duas da insulina lenta e quatro da insulina rápida e a nossa preocupação maior era mantê-las refrigeradas nos 8 graus, sob pena de se estragarem, levamos também receitas médicas em inglês caso precisasse”, explicou Ricardo.


 

A jornada de 884km e quase 13 mil metros de ascensão acumulada levou 65 horas, foram 884 quilómetros, com 12.997 metros de altimetria total em 65 horas.  

As bicicletas da marca espanhola Mondraker foram alugadas ainda no Brasil na empresa Bicigrino, especializada no Caminho de Santiago, Ricardo pedalou o modelo hard tail de alumínio Podium R e Fabiana uma hard tail de alumínio com motor Bosch de 750W.


As bicicletas veem equipadas com alforges laterais, bolsa de quadro para navegação via GPS, além de câmara de ar de reserva, remendos, canivete multiuso, trava antifurto, capa de selim em gel. “Além destes itens, o carregador da bicicleta elétrica era volumoso e pesado”, conta Ricardo.

A peregrinação pelo Caminho Francês começou em Saint Jean Pied de Port, na França. “Fomos de Azul até Paris (Orly) e de lá seguimos de outro voo até Biarritz e de lá em comboio até Saint Jean Pied de Port”.


 

Um dia por vez

 

Apesar da pouca bagagem (cerca de 7kg-8kg cada um), o peso total ficou em torno de 35-40kg para a bicicleta elétrica de Fabiana e uns 25kg para Ricardo.

“No primeiro dia optamos pela Rota de Napoleão para passar os Pirineus e foi complicado, pois a subida é longa e inclinada e o trilho é acidentado, o sistema Bosch de Walk Bike ajudou bastante nas subidas, mas as descidas eram complicadas também por conta de todo o peso”, lembrou. ‘Um dia de cada vez’ era o lema de Ricardo.

A autonomia da bicicleta elétrica foi suficiente para percorrer todas as etapas e recarregar a bateria da bicicleta foi fácil. “Em todos os lugares era nítida a cultura da bicicleta elétrica, desde a primeira noite foi fácil, e todos os albergues estão preparados”, explica.

A conservação das canetas de insulina exigiu atenção, já que a bateria da mini geladeira tinha duração limitada. Um power bank da Bosch serviu para recarregar a bateria durante as etapas.

“Quando parávamos para almoçar, a primeira coisa era conseguir uma tomada para a geleira. Uma vez acabaram as baterias e chegamos á pousada só com a temperatura do interior da geleira, mas deu certo. No fim de cada etapa a prioridade era achar uma tomada e recarregar a bateria da geladeira e o power bank para o outro dia. Recarregar diariamente a bicicleta elétrica foi tranquilo”, relembra.

O casal tinha a missão de chegar a Santiago em 15 dias para devolverem as bicicletas e seguirem de carro para Portugal. Em alguns momento foi preciso apertar a pedalada para manter a programação. A média diária das pedaladas ficou na casa dos 60km.

Ambos vegetarianos, o dia começava com um bom café da manhã. “Café da manhã normal, com carboidrato (pão, bolo, cereais) e iogurte como proteína”, lembra.

Na bagagem do dia, sempre algum doce para emergências, além de água, isotónico em pó, gel de carboidratos e eventualmente alguma fruta. “Tem muito lugar para pegar água e nas Decathlon a gente comprava os carboidratos em gel”, conta.

Outra ferramenta usada na viagem foi o sensor de glicose Freestyle que monitora em tempo real o índice glicemia e passa informações para uma app no telemóvel.

“Pedalar consome bastante energia e depois de uma hora o organismo vai fraquejando. Quando o alarme avisava (90 de glicemia) era hora de parar e de alimentar”, explicou Ricardo.

Apesar das dificuldades do Caminho de Santiago, Fabiana saiu-se muito bem. Em nenhum dia teve hiperglicemia ou hipoglicemia e a insulina esteve sempre refrigerada.

“Gostamos muito da energia do Caminho de Santiago, pena que de a bicicleta é muito rápida. Agora estamos nos preparando para fazer o roteiro a pé em 33 dias para vivenciar ainda mais o Caminho de Santiago”.

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