Por: AMG // JP
Foto: Filipe Farinha
Amaro Antunes, vencedor de
três Voltas a Portugal, anunciou hoje o final “imediato” da carreira, num comunicado enviado à Lusa, no
qual justifica o adeus ao ciclismo, aos 32 anos, com a perda de motivação e
gosto pelo treino.
Anúncio que decidi, após longa
ponderação, deixar o ciclismo profissional, que abracei há 11 anos, com efeito
imediato. Na primavera passada, o falecimento precoce da minha mãe e o
processo-crime ‘Prova Limpa’
[…] conduziram a que perdesse toda a motivação e o gosto pelo treino,
indispensáveis para enfrentar mais uma época na plenitude das minhas
capacidades”, justifica.
Único dos 11 ciclistas da
W52-FC Porto que não foi suspenso ou constituído arguido no âmbito da operação ‘Prova Limpa’ os
seus colegas foram acusados pelo Ministério Público (MP) de tráfico de
substâncias e métodos proibidos, Antunes sublinha que o seu processo foi
arquivado.
“Mesmo
que a despedida não seja da forma que tinha idealizado, olho para a minha
carreira com orgulho. Trabalhei no duro, com muita paixão e prazer, e
conquistei resultados assinaláveis, quer em Portugal quer no escalão máximo do
World Tour”, recorda, na nota enviada à agência Lusa.
O algarvio, que completou 32
anos em 27 de novembro, despede-se do ciclismo com três vitórias na Volta a
Portugal no currículo, nas edições de 2021, 2020 e 2017, esta ‘herdada’ devido
à desclassificação por doping do vencedor, o seu companheiro espanhol Raúl
Alarcón.
Com as cores da W52-FC Porto,
venceu ainda a etapa ‘rainha’ da Volta ao Algarve de 2017, no alto do Malhão,
local habitual dos seus treinos, numa edição em que foi quinto classificado na
geral final.
Foi pelos ‘dragões’ que conquistou os maiores
triunfos de uma carreira profissional iniciada na LA-Antarte, em 2011, equipa
que voltou a representar entre 2015 e 2016, depois de passar pela Carmin-Prio
(2012) e pela versão Banco BIC-Carmin da formação tavirense (2014), além da
italiana Ceramica Flamínia-Fondriest (2013).
Após a prestação na Volta de
2017, na qual foi segundo atrás de Alarcón, já depois de ter vencido o Troféu
Joaquim Agostinho, emigrou para a polaca CCC, que no ano seguinte subiu ao
World Tour, permitindo-lhe participar na Volta a Itália, onde foi terceiro na
19.ª etapa, após ter andado no top-10 da geral entre a sexta e a 11.ª tiradas.
No regresso a Portugal, ganhou
duas Voltas a Portugal, situando-se, a par de Joaquim Agostinho e Alves
Barbosa, no lote dos terceiros mais vitoriosos, atrás de David Blanco (cinco) e
Marco Chagas (quatro).
“Agora, é
hora de aproveitar outras coisas da vida e de estar presente para as pessoas
que mais amo. Deixo um especial agradecimento à minha família, equipas onde
competi, colegas e adversários que me fizeram sempre melhorar e crescer como
ciclista, e a todos os que me apoiaram durante a minha carreira”, diz
ainda no comunicado.
Apesar de ter contrato
assinado com a ABTF-Feirense para a presente temporada, Amaro Antunes, que não
competia desde junho, após o escândalo que fez a União Ciclista Internacional
(UCI) retirar a licença à W52-FC Porto na véspera da Volta a Portugal, optou
por um final abrupto da carreira.
“Espero e
desejo, face aos últimos acontecimentos, que uma nova era do ciclismo possa
emergir em Portugal”, conclui a nota assinada pelo ciclista de
Vila Nova de Cacela.
A decisão de Amaro Antunes é
conhecida três dias depois de a Lusa ter revelado que o MP acusou 26 arguidos,
incluindo o antigo diretor desportivo Nuno Ribeiro e o ‘patrão’ da
equipa Adriano Quintanilha de tráfico de substâncias e métodos proibidos, com
estes dois a responderem ainda pelo crime de administração de substância e
métodos proibidos e a serem acusados, a par do diretor geral Hugo Veloso, de
terem elaborado “um esquema”
de dopagem para “aumentarem a rentabilidade” dos corredores da equipa.
Fonte: Lusa
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