Nuno
Meireles não está a ter sorte na primeira aventura fora de portas.
A
entusiasmante primeira aventura fora de portas de Nuno Meireles prometia, mas
converteu-se num fiasco, com o futuro do ciclista português a estar em suspenso
com a anunciada extinção da Equipo Bolivia.
“Não
têm sido momentos fáceis. Teoricamente, a equipa vai acabar. Só se vier uma
'mão de Deus' para segurar o barco é que isso pode ser evitado. Ir para as
corridas sabendo que a equipa não vai continuar, não é fácil para ninguém.
Infelizmente, temos ciclistas que nunca receberam um tostão. Eu recebi, mas não
tudo. Tenho salários em atraso”, revelou o jovem corredor à agência Lusa.
Aos
25 anos, Nuno Meireles abandonou o conforto do pelotão nacional para perseguir
o sonho de correr no estrangeiro, assinando contrato com a Equipo Bolivia, que
tem os dias contados por falta do prometido financiamento estatal.
“Estava
muito entusiasmado. Infelizmente, correu mal. Acabou por ser um fiasco. Vamos
ver se realmente a equipa vai ser extinta, ou se esta semana aparece uma 'mão
de Deus' que nos salve”, voltou a repetir, confiante de que o desaparecimento
da equipa nacional boliviana, previsto para o decurso desta semana, possa ser
travado ‘in extremis’.
No
fim-de-semana, o antigo ciclista da LA-Antarte competiu, talvez pela última
vez, com os seus companheiros na segunda edição do Grande Prémio Internacional
Beiras e Serra da Estrela, com o seu colega colombiano Omar Mendoza a
conquistar aquela que terá sido a primeira e única vitória da efémera vida da
formação sul-americana.
“Acima
de tudo, tínhamos uma boa equipa, tínhamos um bom grupo de amigos e temos
provado isso na estrada. Ainda no sábado vencemos, temos estado na discussão
das corridas, a fazer pódios. Tentamos levar o nome da Bolívia o mais longe
possível”, salientou.
Apesar
dos salários em atraso, os ciclistas não deixam de lutar, até para conseguirem
captar a atenção de um eventual salvador.
“Essa
é uma das motivações, mas também temos ótimos diretores desportivos. Eles fazem
de tudo para que a equipa permaneça na estrada. Estão do nosso lado quando
passamos momentos mais difíceis. Tal como nós, eles queriam saber o que
aconteceu para a equipa não continuar. Eles não sabem o que se passa, porque
não estão à frente dos dinheiros da Equipo Bolivia”, explicou.
Nuno
Meireles desvalorizou ainda o facto de, nas últimas provas, não ter tido as
condições ideais, sobretudo alimentares, para um ciclista.
“Não
estamos assim tão precários, não nos falta comida. Se calhar não temos
determinadas coisas a que eu estava habituado, mas não tenho passado fome.
Desenrascamo-nos e governamo-nos com aquilo que temos. Vamos tentando fazer com
que a equipa funcione”, completou.
O
jovem português ainda não contactou qualquer equipa portuguesa, uma vez que
enquanto a Equipo Bolivia não acabar oficialmente, não poderá tratar do seu
futuro.
“É
uma angústia. Estas fases são muito difíceis para os ciclistas, porque ficam
sem trabalho e sem saber o que fazer. Tenho de ser otimista e pensar que vai
acontecer algo de bom”, defendeu.
Fonte:
SAPO Desporto c/ Lusa
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