Por: Carlos Silva
Richie Porte venceu o
Critérium du Dauphiné de 2021, mas se recuarmos no tempo os momentos memoráveis
dessa corrida foram os de Mark Padun, o trepador que venceu as duas últimas
etapas da corrida de uma forma inesperada e viraria o mundo do ciclismo de
pernas para o ar. Os últimos anos não têm sido fáceis para o ciclista
ucraniano, que agora colocou um ponto final na sua carreira.
Nascido e criado em Donetsk,
ele e a sua família fugiram para a capital, Kiev, por terem decidido que não
era seguro viver e dar a Padun a oportunidade de se tornar ciclista, numa zona
em que se fazia sentir a guerra. Padun aproveitou a oportunidade e em 2016
juntou-se à equipa italiana Colpack, para um ano depois saltar para o World
Tour pelas mãos da Bahrain - Victorious. É uma das histórias mais interessantes
do ciclismo dos últimos anos, pois depois de alguns anos com algumas fortes
prestações ocasionais, em 2021 teve duas que o colocaram na ribalta.
Já tinha vencido uma etapa na
Volta aos Alpes e a CG na Adriatica Ionica, mas nada o tinha preparado para a
7ª etapa do Dauphiné desse ano, onde atacou a partir do grupo dos ciclistas que
lutavam pela CG, para conseguir uma vitória em La Plagne, com mais de 30
segundos de vantagem sobre trepadores de renome como Richie Porte ou Miguel
Ángel López. No dia seguinte, juntou-se à fuga do dia e ganhou a etapa em Les
Gets batendo Jonas Vingegaard, na última corrida do dinamarquês antes de se
tornar uma estrela, após conquistar um segundo lugar na Volta a França.
As suspeitas sobre o seus
desempenhos nessa altura foram muitas e marcaram a sua carreira. No entanto
nunca foi demonstrada qualquer irregularidade por parte do trepador ucraniano.
Alguns meses mais tarde, terminou em terceiro lugar à Geral na Volta a Burgos,
mudou-se para a EF Education-EasyPost e obteve a sua última vitória como
profissional no Gran Camiño. Não seria a última vez que os adeptos do ciclismo
o veriam, mas as suas inconsistências aumentaram e nos dois anos que passou com
a equipa americana, só conseguiu obter alguns bons resultados, o que levou a
equipa a não lhe renovar o contrato no final de 2023.
Em 2024, regressaria a Itália
para correr pela Team Corratec - Vini Fantini, mas nunca conseguiria mostrar as
pernas que o tinham notabilizado no passado. A sua última corrida foi a Volta à
Eslováquia, onde terminou fora do limite de tempo no contrarrelógio de abertura
por equipas.
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