Apesar de uma temporada atribulada devido a problemas de saúde, o melhor ciclista português da atualidade deu espetáculo na Volta à Suíça, onde ganhou duas etapas
Por: Lusa
João Almeida vai cumprir o
sonho de estrear-se na Volta a França, onde espera regressar no futuro já não
para trabalhar para o ciclista esloveno Tadej Pogacar, algo que considera
“bastante especial”, mas como líder da UAE Emirates.
“Nunca fiz a Volta a França, acho
que é diferente das outras grandes Voltas. É a maior prova do ciclismo. Mas,
sinceramente, hoje em dia, as corridas são tão disputadas e tão difíceis todas
que, no fundo, é só mais uma corrida. Espero estar bem”, começou por dizer.
Em entrevista à agência Lusa,
a esperança portuguesa para um lugar no top 10 do Tour cresceu a ver a prova
francesa na televisão, por isso, agora, estar no pelotão da 111.ª edição, que
arranca no sábado, em Florença (Itália), representa “um sonho realizado, sem
dúvida”.
Após quatro participações na
Volta a Itália e duas na Volta a Espanha, o primeiro português a fazer pódio no
Giro – foi terceiro em 2023 – vai finalmente alinhar na prova francesa, com o
ciclista de 25 anos a garantir que lhe é indiferente estrear-se só agora.
“Não me faltam é anos para
fazer a Volta a França. É um bom ano de estreia. Não vou como líder, não é? Vai
ser o Tadej que vai como líder, mas vai ser uma honra estar ao lado dele e
igualmente especial fazer a Volta a França”, pontuou.
O corredor de A-dos-Francos
(Caldas da Rainha) mostrou-se entusiasmado por integrar o ‘oito’ que vai tentar
ajudar ‘Pogi’ a alcançar a ‘dobradinha’ Giro-Tour no mesmo ano, algo que só
sete ciclistas na história conseguiram, o último dos quais Marco Pantani, em
1998.
“Só o facto de estar ao lado
do Tadej já é bastante especial. Obviamente que ele é um dos favoritos à
partida e, se ele ganhar, há uma sensação muito boa de fazer parte dessa
vitória. Uma sensação pessoal. Claramente gostava de ir [ao Tour] como líder,
mas ambas são opções boas. Acho que um dia voltarei como líder, espero eu. Mas
estou bastante feliz”, asseverou à Lusa.
Numa equipa recheada de
‘estrelas’ do pelotão, nomeadamente Adam Yates, o britânico que foi terceiro no
ano passado, e o jovem espanhol Juan Ayuso, Almeida diz não haver uma
hierarquia adicional definida, por só haver um líder, o incontornável ‘Pogi’.
“Temos três ciclistas bastante
fortes, uma equipa muito forte. Penso que seja a estrada que vai ditar depois o
resto. O líder absoluto é o Tadej, isso é indiscutível”, reiterou, revelando
que dentro da UAE Emirates nunca se falou de um plano B, “porque quase não há
opção de correr mal”.
Por, na cabeça de todos na
equipa, tudo ir “correr bem”, ou seja, Pogacar conquistar não só a ‘dobradinha’
mas pela terceira vez o Tour, depois das vitórias de 2020 e 2021 e dos segundos
lugares nos dois anos seguintes, Almeida não está a pensar em ‘imitar’ Yates, e
também estar no pódio final apesar do trabalho para o esloveno.
“Nem por isso, porque assim
como existo eu, existe um Adam de novo, existe um Ayuso, portanto é um
bocadinho relativo, dependente da situação de corrida”, avaliou.
No discurso de Almeida, cada
vez mais à vontade no contacto com os media, não há espaço para objetivos
pessoais, com o luso totalmente empenhado na sua missão.
“À partida, eu vou com um
papel de ajudar o Tadej. As minhas aspirações pessoais são secundárias e não
sei se vai ser possível lutar por elas. Mas vamos dia a dia, ver como é que
corre. Desde que não haja mais azares, de quedas, doenças e etc., as coisas
acabam sempre por correr bem”, enumerou, numa alusão aos problemas que foi
tendo esta época.
No entanto, e apesar de uma
temporada atribulada devido a problemas de saúde, o melhor ciclista português
da atualidade deu espetáculo na Volta à Suíça, onde ganhou duas etapas, foi
segundo noutras tantas e foi ‘vice’ na geral, atrás de Yates.
“Comecei o ano um bocadinho
azarado. Fiquei doente e a minha preparação atrasou-se. Depois, é complicado
‘apanhar’ os meus adversários, não é? Porque o tempo passa e ninguém consegue
ganhar ao tempo. Mas, sem dúvida que a Volta à Suíça foi muito boa, senti-me
bastante bem. Claramente que as etapas em que cheguei com o Adam também podia
ter ganhado eu, e vice-versa. Mas fiquei muito feliz, [foram] duas vitórias
numa semana, e acho que mostrei do que sou capaz. Fiquei muito feliz e
confiante para o futuro”, assumiu.
Almeida hesita ao responder se
chegar mais ‘fresco’ ao Tour será uma vantagem, uma vez que o tempo que perdeu
enquanto esteve doente obrigou-o a “trabalhar mais para recuperar essa forma
perdida”.
“Não posso relaxar-me tanto,
se calhar. Podia entrar na temporada mais forte e, depois, poder relaxar um
pouquinho. No final de contas, vai dar ao mesmo. Só quero começar este Tour e
não ter mais azares e que corra tudo bem. E, depois, a estrada ditará os mais
fortes”, concluiu.
Fonte: Sapo on-line
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