Ciclista português assume que a sua prova ficou marcada pelo adeus de Enric Mas
Por: Lusa
Foto: EPA
Nelson Oliveira (Movistar) não
faz um balanço "muito bom" da 110.ª Volta a França, com o ciclista português
a assumir que foi difícil a equipa motivar-se após o líder Enric Mas ter
abandonado na primeira etapa devido a queda.
"Era
uma coisa de que não estávamos à espera [abandono de Mas]. Quando tens um
objetivo em mente e vens para um Tour com um plano, com um líder, e esse líder
no primeiro dia vai para casa... nos primeiros dias, ficas confuso, sem saber
bem o que nos vai esperar durante todo o Tour. Não foi fácil
motivarmo-nos", reconheceu, em declarações à agência
O abandono do espanhol Enric
Mas, ainda no decurso da primeira etapa, baralhou as contas da Movistar, mas
também de Nelson Oliveira, com a equipa a redefinir metas, que não foram alcançadas,
pois a formação espanhola saiu do Tour sem celebrar qualquer triunfo. "O novo objetivo era ganhar uma etapa e talvez fosse
uma possibilidade para cada um de nós podermo-nos mostrar. Foi um abalo
grande", completou.
Animicamente, este foi, pois,
o Tour mais difícil da carreira do português de 34 anos, porque "sem um líder e sem um objetivo claro"
e ainda perdendo "alguns companheiros da
equipa", como o compatriota Ruben Guerreiro, "o que não ajudou nada ao grupo",
foi duro estar 21 dias na estrada.
"O
ciclismo é mesmo assim, por vezes tocam-nos estas partidas e há que saber lidar
com elas e seguir em frente. Fomos perdendo [colegas] e só ficámos quatro.
Íamo-nos motivando, não há outra opção. Há que continuar a lutar. Sabíamos que
ganhar uma etapa ia sendo mais difícil, com quatro a tentar entrar numa fuga,
com cada dia a ser mais duro do que o outro. E sabendo que todas as equipas
querem ganhar, não é fácil mantermo-nos motivados. Felizmente, o staff estava a
meter-nos na cabeça que seria possível", revelou.
Por isso, "pessoalmente", o corredor de
Vilarinho do Bairro (Anadia) não faz "um
balanço muito bom" da
sua sétima participação na Volta a França, que arrancou em 1 de julho, em
Bilbau (Espanha), e terminou este domingo, em Paris.
"É a
verdade. Tínhamos uma ideia muito clara, que era ajudar o nosso líder. Sou um
gregário, não sou um ganhador. A verdade é que me senti bem, tinha o objetivo
de chegar a Paris e esse objetivo foi concretizado. Gostava de ter entrado em
mais fugas, mas este Tour, infelizmente ou felizmente, foi um dos mais duros
que corri, com um percurso bastante duro, em que praticamente todos os dias
fomos sempre a voar, não houve um dia de relax, e tornou-se bastante difícil.
Não foi um dos meus melhores Tour, mas também acho que não foi um dos
piores", concedeu.
Ainda assim, o português com
mais presenças em grandes Voltas nas últimas três décadas (18) despede-se sem
arrependimentos desta Grande Boucle, na qual foi 53.º classificado final,
porque fez tudo aquilo que pôde.
"Não
podia dar mais do que dei, até muito pelo contrário. Se calhar, ainda gastei
mais força daquela que tinha. Em alguns dias, se calhar precipitámo-nos, mas
acho que não saí com qualquer arrependimento",
sustentou.
Apresentado como o percurso
mais montanhoso de sempre, o traçado desta edição foi, segundo 'Nelsinho', "ainda
mais duro" do que parecia no papel, sendo provavelmente o
mais desgastante que enfrentou numa grande Volta.
"Fisicamente,
acho que todos estamos bastante cansados, não só pela dureza, mas pela velocidade
com que fazíamos as subidas. Da forma como se correu, foi bastante duro",
confidenciou, notando que "a luta
bastante interessante" que Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) e
Tadej Pogacar (UAE Emirates) travaram até à 17.ª etapa também influenciou.
Oliveira elogiou ainda a
Jumbo-Visma, "uma equipa estupenda" que tudo fez para ganhar o Tour pelo segundo ano
consecutivo e que controlou "muito bem a
corrida", que terminou na capital francesa, onde tinha à
sua espera a família.
"Como
todos os anos, é sempre um gosto dar umas voltas nos Campos Elísios e terminar
mais uma grande volta. É sempre um orgulho. Infelizmente, houve muitos
percalços no caminho, mas conseguimos chegar até a Paris. Era esse um dos
objetivos. Agora, toca a descansar algum tempo",
concluiu o português que completou todas as grandes Voltas em que participou e,
ainda andou em fuga no circuito final, sendo apanhado a 10 quilómetros da meta.
Fonte: Record on-line
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