Chegada acabou por ser, como costuma ser hábito, ao sprint, com Meeus a surpreender Pedersen
Por: Lusa
Foto: AFP
Jordi Meeus catapultou-se para
a elite do ciclismo ao ganhar nos Campos Elísios, impedindo o quinto triunfo de
Jasper Philipsen na 110.ª Volta a França em bicicleta, na festa da consagração
do agora bicampeão Jonas Vingegaard.
Sem palmarés de relevo, o
belga da BORA-hansgrohe, de 25 anos, surpreendeu o camisola verde, grande
dominador dos sprints neste Tour e vencedor nos Campos Elísios na passada
edição, conquistando o direito de estar no pódio final, como vencedor da 21.ª e
última etapa, após ser consultado o ‘photo
finish’.
“É o meu
primeiro Tour, já tinha sido uma ótima experiência até agora, mas chegar à
vitória hoje é um sentimento indescritível”,
disse Meeus, que cortou a meta com o tempo de 02:56.13 horas, diante do
compatriota da Alpecin-Deceuninck e do neerlandês Dylan Groenewegen (Jayco
AlUla), respetivamente segundo e terceiro.
Mas também Philipsen subiria
ao pódio, como ‘dono’ da classificação dos pontos, numa cerimónia em
que o maior protagonismo foi, inevitavelmente, para Jonas Vingegaard
(Jumbo-Visma), o incontestável vencedor desta ‘Grande Boucle’, tal foi a
superioridade demonstrada, sobretudo na última semana, que lhe permitiu deixar
Tadej Pogacar (UAE Emirates) a ‘distantes’ 07.29 minutos. Vice-campeão pelo segundo ano
consecutivo, o esloveno dividiu hoje o pódio com o seu colega britânico Adam
Yates, terceiro a 10.56.
Os 115,1 quilómetros entre
Saint-Quentin-en-Yvelines e a meta final começaram como sempre: os donos das
camisolas ‘fugiram’ ao pelotão, para a tradicional foto dos
vencedores, momento aproveitado por Pogacar para desafiar Vingegaard a talvez
tentar alguma habilidade, o surpreendente ‘super
combativo’ Victor Campenaerts
(Lotto Dstny) teve o seu momento de glória e até houve tempo para os ciclistas
da Uno-X, equipa estreante na prova, se destacarem, assim como os compatriotas
do camisola amarela, que ladearam a maior ‘estrela’ velocipédica do seu país.
Já estavam decorridos quase 25
quilómetros da 21.ª e última etapa e ainda a Jumbo-Visma e a Alpecin-Deceuninck
brindavam com champanhe, perante um pelotão de 150 ‘bravos’ cansados,
depois de quase 3.400 percorridos desde Bilbau (Espanha), onde a 110.ª edição
começou a 01 de julho.
Após a primeira hora ter
decorrido a uma inusitada média de 25,7 km/h, o pelotão continuou a ‘desfrutar’, com o ‘rei da montanha’
Giulio Ciccone a ‘disputar’ com
Mads Pedersen e Mattias Skjelmose, os colegas da Lidl-Trek que mais o ajudaram
a conquistar essa classificação, a meta volante pela primeira vez, o trepador
italiano bateu ao sprint o dinamarquês, campeão mundial de fundo em 2019.
Mas quando, finalmente,
entraram nos Campos Elísios, para as voltas ao circuito final, Pogacar atacou,
levando ao delírio os milhares de adeptos que coloriam as artérias do coração
da capital francesa.
O esloveno de 24 anos, que se
consagrou como recordista solitário de vitórias da classificação da juventude,
com quatro, demonstrou hoje novamente porque é o favorito dos adeptos do
ciclismo respeitando o seu ‘ADN’,
de proporcionar espetáculo onde quer que vá, numa iniciativa em que foi acompanhado
pelo ‘escudeiro’ do camisola amarela Nathan Van Hooydonck.
‘Pogi’, bem
ao seu estilo, ‘explodiu’ a corrida, e incentivou outros, como Michal
Kwiatkowski (INEOS), Alberto Bettiol (EF Education-EasyPost) ou Skjelmose, a
arriscarem a sua sorte nuns Campos Elísios molhados, mas a tentativa seria
anulada a 32 quilómetros da meta.
Contudo, a etapa já ia lançada
e até Nelson Oliveira (Movistar) tentou, na companhia de Simon Clarke
(Israel-Premier Tech) e Frederik Frison (Lotto Dstny), com o trio a andar duas
dezenas de quilómetros na frente do pelotão, chegando mesmo a dispor de 20
segundos de vantagem, um feito fantástico para o ciclista português, a
demonstrar toda a classe de que é feito.
Ainda o corredor de Vilarinho
do Bairro seguia em fuga quando Jai Hindley (BORA-hansgrohe) teve um problema
mecânico, um novo dissabor para o australiano que viu as suas aspirações ‘condenadas’ por
uma queda na 14.ª etapa acabou em sétimo, depois de ter sido terceiro
classificado durante oito dias, os subsequentes a ter vestido a amarela.
Oliveira, e os seus
companheiros de aventura, foram ‘apanhados’
já nos derradeiros 10.000 metros, na mesma altura em que a direção da prova
anunciava que, devido ao piso escorregadio, os tempos para a geral seriam
registados à sétima passagem pela linha de meta, permitindo que a última volta
ao circuito fosse disputada mais tranquilamente por todos.
Conhecedores dessa decisão,
Vingegaard e os restantes Jumbo-Visma deixaram-se ficar para trás e cruzaram a
meta juntos, bem depois de Meeus ter festejado a sua primeira vitória numa
grande Volta (e no World Tour) logo no cenário mais emblemático do ciclismo.
“Quero
voltar o ano que vem para ver se consigo a terceira vitória, ou pelo menos
tentar. Esse é o plano”, assumiu o dinamarquês de 26 anos, ainda
antes de vestir a amarela final, ao lado do seu arquirrival e do ‘estreante’
Adam Yates, que pela primeira vez subiu ao pódio numa grande Volta.
Depois de exibir-se nas ruas
de Paris, Nelson Oliveira foi 69.º na etapa, fechando a sua participação na
53.ª posição da geral, a 03:08.26 horas do novo bicampeão. Rui Costa
(Intermarché-Circus-Wanty) concluiu a sua 11.ª presença no Tour no 67.º lugar,
a 03:37.57, depois de ser 149.º.
Fonte: Sapo on-line
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