Por: Ana nunes
Portugal estará representado
por quatro corredores na prova de fundo da categoria elite do Campeonato do
Mundo de Estrada, em Wollongong, na Austrália. Os corredores estão motivados e
partem com ambição para esta longa e difícil corrida.
Depois de um resultado
histórico na prova de fundo de juniores, com António Morgado a sagrar-se
vice-campeão mundial, Portugal tem ainda um difícil trabalho pela frente na
corrida da categoria elite, que terá lugar já na madrugada deste domingo.
O percurso de 266,9 quilómetros
de extensão e um acumulado total de 3945 metros terá início em Helensburgh, a
partir de onde os ciclistas terão de percorrer perto de 28 quilómetros ao longo
da costa até à cidade de Wollongong, uma zona que tenderá a ser afetada pelo
vento.
Depois disso, ao contrário do
que aconteceu nas restantes categorias, farão um desvio até ao Mount Keira, uma
montanha que precede uma descida rápida que poderá surpreender alguns
corredores. Depois de completarem a volta a este circuito, o pelotão entrará no
circuito citadino de Wollongong, que já ficámos a conhecer na prova de
juniores, e ao qual terão de dar 12 voltas.
O selecionador nacional, José
Poeira, destaca a dureza deste traçado, que poderá surpreender em várias fases
distintas da corrida. “É um percurso difícil, duro e bastante ondulado na parte
inicial. O pelotão vai entrar depois no circuito citadino que tem uma subida
curta, mas bastante inclinada, que poderá fazer diferenças.
Além disso, a descida é muito
difícil e será preciso ter isso em atenção. É um circuito urbano e por isso
pode partir o pelotão nas várias viragens que tem. Também pode acontecer alguma
equipa colocar um ritmo forte e dividir o pelotão em vários grupos. Vai ser
muito importante ter atenção redobrada desde início, pois quem estiver mais
atrás poderá ter dificuldades.
A partir dos 180/200
quilómetros de prova vai ser muito complicado, pois as pernas vão começar a
ficar pesadas. A seguir a cada viragem há uma mudança de ritmo, pois têm de
desacelerar e voltar a acelerar constantemente e essa oscilação trás um
desgaste acrescido volta após volta. Uma boa colocação vai ser essencial”,
afirmou José Poeira.
O selecionador nacional
destacou ainda o coletivo experiente que irá representar Portugal nesta prova
de fundo, composto por Nelson Oliveira, Ivo Oliveira, João Almeida e Rui
Oliveira. “Os corredores que trazemos são
corredores muito experientes e que estão habituados a este tipo de corridas.
Todos eles vêm rodados de outras provas, mas sabemos que os adversários também.
Há países com mais responsabilidade do que nós, pelo número de corredores que
trazem, e teremos de ser perspicazes e correr com inteligência para
conseguirmos ter corredores na frente na fase final da corrida. Temos
corredores habituados a trabalhar nas equipas às quais pertencem e que quando
estão bem também conseguem discutir corridas. Vamos ter de perceber como está o
João Almeida, tendo em conta o problema que teve e que o impediu de participar
no contrarrelógio. O Rui Oliveira passa bem as subidas e poderá eventualmente
ter a possibilidade de discutir a corrida ao sprint”, explicou
José Poeira.
Após ter sido impedido de
participar na prova de contrarrelógio individual por motivos de doença, João
Almeida afirma estar recuperado e pronto para lutar por um bom resultado na
prova de fundo. “Já me sinto normal. Além de
ter estado doente, a longa viagem até cá também levou a que estivesse algum
tempo sem treinar, mas sinto-me cada vez melhor e hoje já fiz um bom treino. É
uma corrida de um dia, por isso é sempre uma incógnita, mas penso que
conseguirei lutar por um bom resultado e estar na discussão da prova. Tem uma
subida muito curta e inclinada, e o traçado é semelhante ao de uma clássica,
por isso não posso dizer que se enquadra muito nas minhas características. No
entanto, penso que com as várias passagens pela subida os trepadores acabarão
por ter alguma vantagem. É uma corrida longa e muito especial, quero estar
entre os melhores e é isso que vou tentar fazer no domingo”,
revelou João Almeida.
O percurso citadino de Wollongong
parece agradar a Rui Oliveira, que afirma estar em boa forma e motivado para
disputar a prova de fundo do Campeonato do Mundo. “Antes de aqui chegar tentei fazer uma preparação que se adequasse da
melhor forma ao percurso que ia encontrar. As corridas que fiz com a equipa
também ajudaram muito a dar-me a confiança necessária e a deixar-me em boa
forma. Esta corrida é muito imprevisível e vão ser mais de seis horas de prova.
Somos apenas quatro e há seleções com muito mais elementos do que nós e são
essas que vão fazer a corrida. Teremos de nos manter unidos e na frente do
pelotão, de forma a evitar problemas. Penso que a corrida se irá jogar a 100
quilómetros do final e o mais importante será tentar permanecer na frente sem
gastar demasiado. Vai acabar por ser uma corrida de eliminação, tendo em conta
a subida do circuito que, no final, vai fazer diferenças. Acho que o traçado me
favorece, pois gosto deste tipo de subidas. O facto de ter tanto acumulado não
ajuda, mas fiz uma corrida recentemente com a minha equipa, com características
semelhantes e saí-me bastante bem. Isso deu-me confiança e motivação para
tentar chegar com os da frente e vou dar tudo para conseguir um bom resultado.
Esse é o objetivo”, avançou Rui Oliveira.
A prova de fundo da categoria
elite irá ter início pelas 01h15 deste domingo (hora portuguesa) com final
previsto para as 07h50, podendo ser assistida em direto no Eurosport.
Fonte: Federação Portuguesa
Ciclismo
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