Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Tadej Pogacar caiu na Strade
Bianche, que tal como muitos outros ciclistas foram ao chão durante a corrida,
com quase meia dúzia de homens a verem confirmadas vários tipos de fracturas
ósseas. Com a segurança dos ciclistas a estar constantemente em cima da mesa
para os adeptos do ciclismo e para os próprios ciclistas, a corrida italiana
foi alvo de diversas críticas. No entanto, o diretor da corrida, Mauro Vegni,
não aceitou bem as palavras depreciativas e ripostou.
"Sim, houve mais
acidentes no sábado do que noutros anos. Isso deve-se ao estado da gravilha.
Desta vez a gravilha estava muito seca e poeirenta, o que tornou a prova mais
perigosa", disse Vegni ao Het Nieuwsblad. "Mas a Strade Bianche trata-se
de estradas de gravilha. Esta corrida não é demasiado difícil, nem demasiado
perigosa. Pelo menos, não para os verdadeiros ciclistas. Infelizmente, não há
muitos".
"Também tem a ver com a
mentalidade dos ciclistas. No passado o pelotão tinha um código moral. Se
houvesse perigo, avisavam-se uns aos outros. Noto que os ciclistas já não
querem fazer o esforço de se avisarem uns aos outros do perigo iminente. Hoje
em dia, é como diziam os romanos: 'mors tua vita mea', a tua morte é a minha
vida".
As estradas secas apresentavam
pouca tração em algumas zonas e o homem da RCS acredita que a combinação desta
situação com velocidades mais altas e material de ponta, faz com que os
ciclistas corram muito mais riscos, o que também contribuiu para o aumento do
número de quedas. Christian Scaroni, David Gaudu, Mathias Vacek, Romain
Grégoire e Michal Kwiatkowski estiveram entre os que se despistaram, enquanto
Max Poole esteve entre os que, além de uma queda, sofreram fracturas. Para além
da dificuldade da corrida, este registo não será um bom sinal para o futuro da
corrida.
"Os ciclistas correm cada
vez mais riscos. Isso faz parte do ciclismo. Mas também se pode correr
demasiados riscos. O material também se tornou muito melhor. A evolução das
bicicletas permite que eles andem mais rápido. Os travões de disco, por exemplo,
permitem travar mais tarde. Mas num pelotão, isso leva a situações
perigosas", argumenta.
Mas tal como muitos dos que
foram questionados, Vegni não está muito convencido de que a situação da
velocidade vá mudar brevemente. "Somos um desporto que gira em torno da
velocidade. A F1 reduziu a velocidade dos carros para 200 km/h, quando eles podem
andar a trezentos? Não! Mas tomaram medidas para minimizar o risco de acidentes
mortais. O ciclismo precisa de trabalhar nesse sentido".
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