Ciclista português fechou Volta a Itália no terceiro lugar, um pódio inédito no Giro para Portugal
Por: Lusa
Foto: EPA
O belga Axel Merckx, que
encabeça a 'fábrica de talentos' norte-americana Hagens Berman Axeon, por onde
passaram João Almeida e outros ciclistas lusos, elogiou o terceiro classificado
da Volta a Itália, um "bom
embaixador" da modalidade.
"[O
pódio conseguido no Giro] foi muito entusiasmante de ver. Traz sempre boas
memórias, e ele sempre foi um embaixador muito bom para o ciclismo em Portugal,
mas também um bom exemplo para jovens e os novos ciclistas que estão a
surgir", explicou, em entrevista à Lusa, o antigo
ciclista, filho da 'lenda'
Eddy Merckx.
João Almeida fechou domingo a
106.ª Volta a Itália no terceiro lugar final, um pódio inédito no Giro para
Portugal e o quarto em grandes Voltas, ficando atrás apenas do esloveno Primoz
Roglic (Jumbo-Visma), primeiro, e do britânico Geraint Thomas (INEOS), segundo,
Desde 2015 que a Hagens Berman
Axeon 'pesca' em Portugal por
talentos, tendo já lançado para o World Tour nomes como Almeida, que no domingo
também conquistou a classificação da juventude, feito igualmente inédito para o
ciclismo português, mas também Ruben Guerreiro, Ivo Oliveira, Rui Oliveira e
André Carvalho.
Ao lado de 'figuras' como Jasper Philipsen ou Tao
Geoghegan Hart, dois nomes proeminentes na longa lista de 'formandos' nesta espécie de ponte entre
os juniores e o pelotão profissional, está o 'olho
clínico' de Merckx, que tinha
visto em João Almeida um corredor "desde
cedo muito maduro".
"Era
muito maduro, mas também noto o seu temperamento, mantendo-se sempre muito
calmo. [...] Mantém-se muito calmo e composto, em qualquer situação. É a
personalidade dele", revela.
Se o ciclista de A-dos-Francos,
Caldas da Rainha, agora com 24 anos, "mostra
algumas emoções" junto de quem o conhece, procura manter
essa compostura "em qualquer
situação", com o ex-ciclista a lembrar "as suas entrevistas".
A ligação a Portugal faz-se
por intermédio de João Correia e da Corso Sports, numa parceria que começou a
partir de Ruben Guerreiro, hoje na Movistar e com uma carreira que inclui a
vitória na classificação da montanha, e numa etapa, no Giro de 2020, o dos 'sonhos cor-de-rosa' de João Almeida, 15
dias líder e quarto na geral final.
"Sempre
que o João me sugere um corredor, é um prazer de trabalhar, é sempre um
ciclista muito bom, mas alguém com quem se pode trabalhar, respeitoso e
disponível", elogia Axel Merckx.
A conversa segue
inevitavelmente para António Morgado, vice-campeão mundial júnior de fundo,
que, aos 19 anos, é um dos grandes valores sub-23 do ciclismo mundial, tendo
dado em 2023 o salto do Bairrada para a Hagens Berman Axeon.
Como João Almeida, é das
Caldas da Rainha, e até 'iniciou' o
bigode que o mais experiente dos dois também 'estampa'
por cima dos lábios, mas a personalidade, essa, "é
mais próxima da do Guerreiro".
"Sei
que admira esses ciclistas [João Almeida e Ruben Guerreiro, entre outros]. O
António é um talento muito grande e demonstrou isso no domingo, também",
declara, aludindo à vitória na etapa final do Grande Prémio das Nações, não
pela equipa, mas pela seleção nacional.
Os dois ciclistas têm "personalidades diferentes", mas
o mesmo potencial e talento mostrado desde cedo, podendo o belga ter noutro
caldense um futuro "embaixador do
projeto, do programa e do desporto", esperando que o
sucesso de tantos antigos ciclistas possa render publicidade e financiamento a
uma formação várias vezes ameaçada pela falta de fundos.
"É
sempre uma batalha em curso", desabafa Axel Merckx.
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário