segunda-feira, 29 de maio de 2023

“João Almeida: «As pessoas não têm ideia do quão difícil é ser profissional a 100 por cento»”


Ciclista português chegou esta segunda-feira a Portugal depois de ter feito história ao terminar no 3.º lugar do Giro

 

Por: Record

Foto: Lusa

João Almeida chegou esta segunda-feira a Portugal depois de ter feito história no Giro, ao alcançar o 3.º lugar do pódio na classificação geral. O ciclista português referiu estar "bastante feliz" pelo feito e lamentou o facto de lhe terem "faltado pernas" para alcançar os adversários diretos, Geraint Thomas e Primoz Roglic.

"Estou bastante feliz. Sinto-me concretizado, [o pódio] era o meu objetivo. Sei das minhas capacidades, sabia que conseguia e lutei muito por isso. Faltou mais um bocadinho de pernas. Os adversários foram mais fortes", começou por dizer à chegada.

 

Em conferência de imprensa:

 

"O segredo do sucesso no ciclismo é o trabalho. Treinar muito e estar focado no objetivo".

 

O que faltou para conseguir ter pernas?

"Temos de dar tempo ao tempo. Acho que tenho evoluído bastante nos últimos anos, acho que é preciso dar mais algum tempo e o nível vai subindo".

 

Apoio que recebeu nas estradas...

"É um orgulho. Felizmente nos últimos anos já me têm vindo a dar esse apoio e claramente que faz diferença. Sou muito agradecido pelo apoio deles".

 

Acha que algum dia vai ganhar uma grande volta?

"Não sei. Vou continuar a ser a melhor versão de mim e a focar-me nos meus objetivos. Se ganhar ganho, se não ganhar não ganho. Logo teremos uma resposta".

 

Lugar na história do ciclismo português:

"Muito trabalho. Vou continuar a trabalhar no duro para ter mais pódios e mais resultados".

 

O João é a melhor notícia para o ciclismo português, tendo em conta os casos de doping nos últimos tempos...

"Não tenho opinião nessa matéria. Não falar desse assunto é o melhor, não se aprende nada com essas coisas".

 

Quais são os seus objetivos daqui para a frente? Como se vê no futuro? "Foi um grande Giro, devo destacar a vitória na etapa, foi muito importante. No futuro vou focar-me no meu caminho, na minha evolução. Os resultados vão aparecer por si próprios. O meu foco é evoluir e ficar mais forte".

 

Consistência...

"Acho que a regularidade é uma das minhas vantagens em relação aos adversários, talvez venha da genética e do trabalho árduo. Às vezes as pessoas não têm ideia do quão difícil é ser profissional a 100 por cento".

 

Dificuldade de ser profissional no ciclismo:

"Qualquer profissional tem de pesar a comida, regular as horas de sono. Em competição... Comemos uma quantidade absurda de comida e tudo conta. É uma corrida de 21 dias, acho que isso mostra a fadiga que acumulamos fisicamente e psicologicamente, é preciso recuperar todos os dias".

 

Momentos chave do Giro:

"No dia em que ganhei a etapa pensei que havia a possibilidade de trazer a rosa, mas nas etapas seguintes percebi que os adversários estavam muito fortes. Lutei até ao último centímetro e fiquei muito feliz com o resultado".

 

Relação entre os três da frente...

 "Acho que foi um Giro muito especial, tivemos condições muito duras. Estive doente, metade do pelotão esteve doente. Acho que não mudava nada. Fiz tudo o que conseguia e acho que o resultado mostra isso. As relações no ciclismo têm vindo a ficar mais curtas, numa corrida de 80 horas a diferença foi de um minuto. Os detalhes fazem a diferença".

 

Sensação de ouvir o seu nome logo seguido ao de Joaquim Agostinho:

"É um orgulho, sempre ouvi falar dele desde que sou jovem e é um orgulho ter o meu nome junto do dele. Obviamente que ele já fez muito mais do que eu, mas há motivação para fazer mais ainda".

 

O que tem no horizonte além da Volta a Espanha?

"Este ano preciso de me focar no resto da temporada, ainda não discuti o calendário do próximo ano mas gostava de fazer a Volta a França, já tinha falado disso com a equipa".

 

Apoio da família e das pessoas... "Apoio da família é essencial. No final do dia são eles que estão lá para nós, especialmente quando a vida é dura. É mais importante quando os atletas são mais jovens, mas é muito especial. Claro que o apoio dos fãs também é muito importante, dá-nos motivação. Posso dizer que quando vejo uma bandeira portuguesa até me doem menos as pernas e quando deixo de a ver voltam a doer. O apoio dos portugueses é especial".

 

Possível presença na Vuelta... Objetivos:

"Primeiro vou ter um período de descanso e depois vamos ver como decorre esse processo. Gostava de estar a lutar na Vuelta, discutir a corrida. Se puder fazer pódio ainda melhor, mas não é assim tão fácil. Também gostava de estar presente nos Mundiais e também devo fazer a Volta à Polónia, mas não é fixo".

 

Pódio:

"Só quando cruzei a meta em Roma é que me apercebi, até chegar lá não estava nada seguro. Se virmos as diferenças para os ciclistas atrás, mostra que estão a um bom nível. Dá motivação para continuar a trabalhar, a margem não é assim tão grande. Posso melhorar em vários aspetos ainda".

 

Evolução, apoio da equipa:

"A equipa acredita em mim desde sempre. É um processo que demora tempo, as coisas não acontecem do dia para a noite. Temos planos para o futuro".

 

Comentário à receção no aeroporto. A-dos-Francos, o que se espera lá agora?

"Foi uma boa receção, é especial quando as pessoas veem o meu trabalho e os resultados que alcancei. Inspirar jovens é muito bom. Não sei o que me espera em A-dos-Francos, mas sou muito agradecido".

 

Não entrará na Volta a Itália para o ano?

"Acho que seria muito próximo da Volta a França e acho que seria difícil entrar nas duas".

 

Trabalhar para o Pogacar ou dividir a liderança?

"Depende. Claramente que ele está um nível ou dois acima de mim, seria um orgulho trabalhar para ele, mas há situações de corrida em que é favorável ter dois líderes".

Fonte: Record on-line

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