Ciclista português chegou esta segunda-feira a Portugal depois de ter feito história ao terminar no 3.º lugar do Giro
Por: Record
Foto: Lusa
João Almeida chegou esta
segunda-feira a Portugal depois de ter feito história no Giro, ao alcançar o
3.º lugar do pódio na classificação geral. O ciclista português referiu estar "bastante feliz" pelo feito e lamentou o facto de lhe terem "faltado pernas" para alcançar
os adversários diretos, Geraint Thomas e Primoz Roglic.
"Estou
bastante feliz. Sinto-me concretizado, [o pódio] era o meu objetivo. Sei das
minhas capacidades, sabia que conseguia e lutei muito por isso. Faltou mais um
bocadinho de pernas. Os adversários foram mais fortes",
começou por dizer à chegada.
Em
conferência de imprensa:
"O
segredo do sucesso no ciclismo é o trabalho. Treinar muito e estar focado no
objetivo".
O que
faltou para conseguir ter pernas?
"Temos de dar tempo ao
tempo. Acho que tenho evoluído bastante nos últimos anos, acho que é preciso
dar mais algum tempo e o nível vai subindo".
Apoio que
recebeu nas estradas...
"É um orgulho. Felizmente
nos últimos anos já me têm vindo a dar esse apoio e claramente que faz
diferença. Sou muito agradecido pelo apoio deles".
Acha que
algum dia vai ganhar uma grande volta?
"Não sei. Vou continuar a
ser a melhor versão de mim e a focar-me nos meus objetivos. Se ganhar ganho, se
não ganhar não ganho. Logo teremos uma resposta".
Lugar na
história do ciclismo português:
"Muito trabalho. Vou
continuar a trabalhar no duro para ter mais pódios e mais resultados".
O João é
a melhor notícia para o ciclismo português, tendo em conta os casos de doping
nos últimos tempos...
"Não tenho opinião nessa
matéria. Não falar desse assunto é o melhor, não se aprende nada com essas
coisas".
Quais são os
seus objetivos daqui para a frente? Como
se vê no futuro? "Foi um grande Giro, devo destacar a vitória na etapa,
foi muito importante. No futuro vou focar-me no meu caminho, na minha evolução.
Os resultados vão aparecer por si próprios. O meu foco é evoluir e ficar mais
forte".
Consistência...
"Acho que a regularidade
é uma das minhas vantagens em relação aos adversários, talvez venha da genética
e do trabalho árduo. Às vezes as pessoas não têm ideia do quão difícil é ser
profissional a 100 por cento".
Dificuldade
de ser profissional no ciclismo:
"Qualquer profissional
tem de pesar a comida, regular as horas de sono. Em competição... Comemos uma
quantidade absurda de comida e tudo conta. É uma corrida de 21 dias, acho que
isso mostra a fadiga que acumulamos fisicamente e psicologicamente, é preciso
recuperar todos os dias".
Momentos
chave do Giro:
"No dia em que ganhei a
etapa pensei que havia a possibilidade de trazer a rosa, mas nas etapas
seguintes percebi que os adversários estavam muito fortes. Lutei até ao último
centímetro e fiquei muito feliz com o resultado".
Relação entre
os três da frente...
"Acho que foi um Giro muito especial,
tivemos condições muito duras. Estive doente, metade do pelotão esteve doente.
Acho que não mudava nada. Fiz tudo o que conseguia e acho que o resultado
mostra isso. As relações no ciclismo têm vindo a ficar mais curtas, numa
corrida de 80 horas a diferença foi de um minuto. Os detalhes fazem a
diferença".
Sensação
de ouvir o seu nome logo seguido ao de Joaquim Agostinho:
"É um orgulho, sempre
ouvi falar dele desde que sou jovem e é um orgulho ter o meu nome junto do
dele. Obviamente que ele já fez muito mais do que eu, mas há motivação para
fazer mais ainda".
O que tem
no horizonte além da Volta a Espanha?
"Este ano preciso de me
focar no resto da temporada, ainda não discuti o calendário do próximo ano mas
gostava de fazer a Volta a França, já tinha falado disso com a equipa".
Apoio da
família e das pessoas... "Apoio
da família é essencial. No final do dia são eles que estão lá para nós,
especialmente quando a vida é dura. É mais importante quando os atletas são
mais jovens, mas é muito especial. Claro que o apoio dos fãs também é muito
importante, dá-nos motivação. Posso dizer que quando vejo uma bandeira
portuguesa até me doem menos as pernas e quando deixo de a ver voltam a doer. O
apoio dos portugueses é especial".
Possível
presença na Vuelta... Objetivos:
"Primeiro vou ter um
período de descanso e depois vamos ver como decorre esse processo. Gostava de
estar a lutar na Vuelta, discutir a corrida. Se puder fazer pódio ainda melhor,
mas não é assim tão fácil. Também gostava de estar presente nos Mundiais e
também devo fazer a Volta à Polónia, mas não é fixo".
Pódio:
"Só quando cruzei a meta
em Roma é que me apercebi, até chegar lá não estava nada seguro. Se virmos as
diferenças para os ciclistas atrás, mostra que estão a um bom nível. Dá
motivação para continuar a trabalhar, a margem não é assim tão grande. Posso
melhorar em vários aspetos ainda".
Evolução,
apoio da equipa:
"A equipa acredita em mim
desde sempre. É um processo que demora tempo, as coisas não acontecem do dia
para a noite. Temos planos para o futuro".
Comentário
à receção no aeroporto. A-dos-Francos, o que se espera lá agora?
"Foi uma boa receção, é
especial quando as pessoas veem o meu trabalho e os resultados que alcancei.
Inspirar jovens é muito bom. Não sei o que me espera em A-dos-Francos, mas sou
muito agradecido".
Não
entrará na Volta a Itália para o ano?
"Acho que seria muito
próximo da Volta a França e acho que seria difícil entrar nas duas".
Trabalhar
para o Pogacar ou dividir a liderança?
"Depende. Claramente que
ele está um nível ou dois acima de mim, seria um orgulho trabalhar para ele,
mas há situações de corrida em que é favorável ter dois líderes".
Fonte: Record on-line
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