Portuguesa radiante com a medalha de bronze no concurso olímpico do omnium
Por: Lusa
Foto: António Borga
A portuguesa Maria Martins
assumiu que é "difícil de
acreditar" que é "a terceira melhor do mundo" no
concurso olímpico do omnium, em que foi bronze nos Mundiais de pista a decorrer
em Saint-Quentin-en-Yvelines.
"É
difícil de acreditar, na verdade. Só posso agradecer às pessoas que estão ao
meu lado. (...) Vai ser difícil de digerir. É o omnium, uma disciplina
olímpica, no escalão mais de topo. Sou a terceira melhor do mundo... é difícil
acreditar que é verdade", atirou, pouco depois de
saborear na pista, depois da quarta e última prova do concurso, a chegada ao
pódio.
A portuguesa somou, ao todo,
99 pontos, conseguindo novo bronze em Mundiais de elite, depois de ter sido
terceira na corrida de scratch do campeonato do mundo de 2020, e conseguiu nova
medalha para Portugal, menos de uma hora depois do terceiro lugar de Ivo
Oliveira na perseguição individual.
O título mundial foi para a
norte-americana Jennifer Valente, campeã olímpica do omnium em Tóquio'2020, em
que Maria Martins foi sétima, somando 118 pontos, com a neerlandesa Maike van
der Duin no segundo posto, com 109.
É o segundo pódio da sua
carreira em Mundiais de elite, o que representa 40% das medalhas que Portugal
tem nestes campeonatos, um total de cinco. Outros 40% são de Ivo Oliveira, que
juntou à prata de 2018 um bronze na perseguição individual, num dia de sonho
para a comitiva.
Nesta corrida, a consistência
que sempre lhe valeu bons resultados, mas "a
bater um bocado na trave" no
que a medalhas diz respeito, finalmente compensou e trouxe-lhe mais um objeto 'reluzente' para pendurar ao pescoço. "Sempre me disseram que há que confiar no tempo, no
processo, e espero que seja só o princípio de coisas muito bonitas que aí
vêm", atira.
A conversa com os jornalistas
é interrompida pela vitória de Mathilde Gros no sprint, o primeiro ouro da
França a correr em casa, o que arranca das bancadas repletas do velódromo um
barulho ensurdecedor, que foi crescendo ao longo da corrida. "Este ambiente deu-lhe meia pista, em força",
comenta a portuguesa. "Disse aos meus
colegas que uma eliminação não é uma verdadeira eliminação sem uma queda.
Infelizmente, habituei os portugueses a terem ataques cardíacos pela televisão,
peço desde já desculpa por isso", brinca.
Como considera reagir "muito bem às adversidades", de
quedas a outras mazelas, chegou ao pódio, o que é sempre "portador de bons momentos",
mesmo que queira também "desfrutar do
caminho até lá". "As
adversidades, os bons e os maus, faz tudo parte da caminhada. Tenho um grande
suporte psicológico por detrás e tenho de agradecer a essas pessoas que estão
sempre lá e não duvidam de mim nunca, com ou sem medalhas. Vivo para o
desporto, o ciclismo tem o meu coração, e nomeadamente a pista",
comentou.
Selecionador
viu "prova com uma qualidade de nível de Jogos Olímpicos"
O selecionador, Gabriel
Mendes, viu o grupo que orienta conseguir duas medalhas, de um total de cinco
em todas as edições de Mundiais, em menos de uma hora, e mostrou-se "extremamente orgulhoso" com o
trabalho da portuguesa.
"Foi
uma prova duríssima, com uma qualidade de nível de Jogos Olímpicos. Fazer
terceiro lugar num Mundial, numa disciplina com a dureza que esta tem, é um
motivo de orgulho para todos nós, e reflete que todo o trabalho que a Maria e a
equipa, no global, tem feito para chegarmos a este nível",
comenta.
Neste "processo de a pouco e pouco ir aprendendo para ir
melhorando", Maria Martins mostrou "saber ultrapassar adversidades"
e também "melhorias significativas"
relativamente a outros omniums que disputou. "Estou
bastante satisfeito e orgulhoso. Há coisas a melhorar, mas agora é o momento de
festejar, porque foi fantástico", atira.
Estar entre as melhores "mostra a qualidade" que tem,
considera a própria, que vê para si que o futuro possa "ser bastante bonito", numa
carreira que, aos 23 anos, está já repleta de feitos: duas medalhas em
campeonatos do mundo, outras duas em Europeus, e um sétimo lugar em
Tóquio'2020, inédita e única participação olímpica de um 'pistard' português.
"Se
amanhã deixasse o ciclismo, já estaria bastante satisfeita, mas isso não vai
acontecer. Estou aqui para viver os momentos e a melhor vida que eu possa viver",
remata.
Ivo Oliveira disse que seria "difícil dormir" prometendo um
brinde, mas 'Tata' Martins, da
Moçarria, Santarém, para o mundo, só quer mesmo "chegar
ao hotel e abraçar os companheiros de equipa". "Depois, no domingo, haverá bastantes brindes. Seja
vinho, cerveja, champanhe... o que seja. Têm sido uns Mundiais incríveis, e
ainda não terminámos", avisa.
Fonte: Record on-line
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