Francesa destacou-se ao ganhar a prova de contrarrelógio
Por: Lusa
Foto: EPA
A ciclista francesa Taky
Kouamé disse este sábado à Lusa querer ser "um
exemplo" para outras corredoras negras, para que possam
entrar no pelotão, pouco depois de vencer o ouro no contrarrelógio dos Mundiais
de pista.
Com um tempo de 32,835
segundos, para cumprir os 500 metros no Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines,
em França, a jovem de 20 anos acabou no ouro, à frente da alemã Emma Hinze,
segunda, e da chinesa Yufang Guo, terceira.
A ciclista natural de Créteil
fez jus ao seu nome do meio (Marie-Divine) com um tempo a seis décimas do
recorde do mundo, e novo recorde de França, conseguindo um ouro da ordem do
divino para fazer exultar um esgotado Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines.
O público festejou, depois,
cada parcial mais lento registado por Hinze, a última a partir, na consagração
de uma das grandes esperanças da pista mundial, que já tinha sido campeã
europeia sub-23 este verão, no Velódromo de Sangalhos, em Anadia.
A vitória surgiu à frente de
alguns dos grandes nomes desta corrida, nomeadamente Hinze, já com seis ouros
em campeonatos do mundo e dois em europeus no palmarés, levando às lágrimas o
pai, nas bancadas, e arrancando festejos, abraços e sorrisos rasgados à
comitiva francesa e a grande parte dos funcionários dentro da pista.
"É
fantástico. Estou tão feliz, e tão orgulhosa. [Este ouro] Vem de muito
trabalho, muita dor, muitas dúvidas. É de doidos correr aqui, em frente ao
público francês. 'Uau', esta plateia foi incrível",
explica Taky Kouamé à Lusa.
Ainda incrédula com o
resultado, que "não esperava" quando se sagrou campeã europeia sub-23 em
Portugal, não parece conseguir desligar da corrente, mexendo-se freneticamente
enquanto fala e procura encontrar a melhor palavra para descrever o feito que
alcançou.
Esta vitória "é importante, claro", até
porque pensou apenas em "vir fazer o
melhor possível e depois logo se via". "Parece que o meu melhor é ser campeã do mundo, é
uma loucura", atira.
Apesar de ainda jovem, Taky
Kouamé já se referiu várias vezes ao racismo que ainda grassa na modalidade, de
que espera poder ser "um exemplo"
para próximos nomes.
No livro "Black Champions in Cycling" ('Campeões
negros do ciclismo', em tradução lire), de Marlon Moncrieffe,
descreveu como só se apercebeu "o que
era racismo" quando
sofreu insultos racistas por companheiras de pelotão, com 11 anos.
Agora, espera contribuir para
que "pouco a pouco, passo a passo",
a situação possa "melhorar",
para si mesma e para muitas outras e outros, mesmo que "vá sempre haver quem fique assustado com isso, ou
lá o que é".
"Gostaria
de ser um exemplo, e espero sinceramente que possa inspirar muita, muita
gente", atira.
De outra geografia, Akil
Campbell é um de dois ciclistas de Trinidad e Tobago em
Saint-Quentin-en-Yvelines, a competir no omnium em que também esteve o
português João Matias.
Naquele país caribenho, vale
aos atletas um "ensinamento que todos
têm ao crescer", conta à Lusa, uma história de superação
que é "o mais importante" para poder avançar o desporto naquele território.
"Para
mim, para outros atletas, é basicamente um esforço de determinação, de não
desistir, continuar a tentar", resume.
Ainda assim, o ciclista
reconhece que é "muito duro" entrar no pelotão enquanto corredor negro e "oriundo de um país de terceiro mundo",
tendo desvantagem para "conseguir
patrocínios ou entrar numa equipa de alguma dimensão".
"Mas
tentamos mostrar-nos nestes palcos, para que vejam o que somos capazes de
fazer", nota o tobaguenho.
Fonte: Record on-line
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