Português lembrou momentos difíceis que passou
Por: Lusa
Fotos: António Borga
O português Ivo Oliveira
mostrou-se feliz com um bronze "deveras
emocionante" na perseguição individual dos Mundiais de
pista, em Saint-Quentin-en-Yvelines, superando um fémur partido e "três dias de cama" para chegar ao pódio.
"Para
mim foi um título deveras emocionante. É a minha segunda perseguição,
praticamente, em dois anos. Foi especial. A semana passada estive doente, quase
três dias de cama. Não sabia se ia recuperar bem, mas mantive-me calmo e
motivado", descreveu, pouco depois de conquistar o
bronze no Velódromo Nacional, que vai acolher os Jogos Olímpicos Paris'2024, a
que quer chegar.
Vice-campeão mundial da
disciplina em 2018, o português de 26 anos cumpriu a prova com 4.08,738
minutos, mais de um segundo melhor do que o britânico Dan Bigham, adversário
pelo último lugar do pódio. O título mundial, disputado numa final pelo ouro
100% italiana, foi para o recordista da hora Filippo Ganna, que bateu o recorde
do mundo para superar Jonathan Milan, fixando o novo máximo em 3.59,636.
Quatro anos depois da primeira
medalha em Mundiais de elite, Ivo Oliveira voltou a fazer história para o
ciclismo português, voltando a mostrar ser um dos melhores do mundo nesta
disciplina.
A vontade de "melhorar o recorde pessoal" foi
concretizada na qualificação. "Na final,
sabia que tinha a meu favor a frescura", por Bigham ter
feito também a perseguição por equipas, comentou. Assim, e mesmo com "muito, muito pouco tempo para recuperar"
até à final, ficou "emocionado, feliz,
por subir ao pódio" e "mostrar
outra vez" que está entre os melhores. "Fraturei o fémur, eu próprio duvidava se ia alguma
vez voltar ao meu nível. [Quis] mostrar a mim e a toda a gente que estou ainda
melhor", atirou.
Um controlo do esforço ao longo dos quatros quilómetros, fazendo "exatamente igual à qualificação", permitiu-lhe superar o tempo do britânico a partir dos 2.000 metros, mesmo que no fim tenham perdido tempo em relação ao que fizeram antes, uma situação normal, já numa fase de "jogo psicológico". "Ouvia o meu irmão e o selecionador nas bancadas gritarem que estava na frente, só me deu motivação, as pernas até andaram mais. (...) Tentava ver pelo olho esquerdo alguma sombra [da margem]. O meu irmão dizia que estava à frente, mas podia ser só para motivar. Vai ser difícil adormecer", rematou.
Selecionador
rendido
O selecionador, Gabriel
Mendes, gabou Ivo Oliveira como "um dos
melhores corredores do mundo nesta disciplina", tendo o
corolário de um "processo de
trabalho". "Melhorando
o seu melhor tempo, teríamos um bom indicador. O foco [do trabalho] foi para
isso, e bateu esse recorde. A segunda etapa era verificar se o tempo era
suficiente para conseguirmos a qualificação, porque isto é uma competição tão
no limite que para ganhar um segundo é muito difícil",
analisou.
A "capacidade extraordinária de gerir os milésimos de
segundo na pista, competência de atletas de nível de topo mundial",
que Ivo Oliveira tem, disse o técnico, levou-o ao bronze. "Sabia que era muito importante a fase final da
corrida, a parte mental. Estávamos a controlar a corrida, e quando senti que o
adversário quebrava, foi o momento decisivo para dar esse 'feedback' ao Ivo,
nas últimas seis voltas. Transcendeu-se, superou-se. Esta medalha de bronze é
um orgulho de todos nós", completou.
A medalha conseguida, a
primeira de duas do dia de hoje depois de Maria Martins conseguir, nem uma hora
depois, o bronze no omnium, serve também como "fator ainda mais
motivador". "O Ivo tem essa
capacidade de superação, e com mais tempo para trabalhar a especialidade desta
prova, conseguiremos melhorar", acrescentou.
Fonte: Record on-line
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