O ciclista Sérgio Paulinho e o
hoquista Reinaldo Ventura realçaram hoje a ambição de continuarem ligados ao
desporto no futuro, substituindo a vida de atleta pela execução de funções
técnicas nas respetivas modalidades.
“Ao longo destes anos
conhecemos muitas pessoas e começamos a gostar de outros aspetos. Quando deixar
de correr, gostava de tirar um curso de diretor desportivo e ficar ligado à
modalidade dessa forma. Até lá, prefiro dedicar-me a 100% como atleta”, afirmou
à agência Lusa Sérgio Paulinho, único medalhado do ciclismo português em Jogos
Olímpicos, com a prata na prova de estrada em Atenas2004.
Após 28 anos a pedalar e a
cumprir a quarta época consecutiva na Efapel, o corredor natural de Oeiras
ainda se vê com “cabeça e pernas” para “poder treinar, desfrutar ao máximo da
bicicleta e passar toda a experiência” à formação da Lousã.
“Tenho plena consciência de
que a carreira está a acabar, mas continuarei enquanto acordar com vontade de
treinar. Conforme as coisas evoluírem nos primeiros meses da temporada, decido
se continuarei por mais um ano ou este será o último”, estabeleceu.
Sérgio Paulinho, de 39 anos,
relativiza o abandono dos estudos quando atingiu a maioridade, já que conseguiu
unir esforços em prol “daquilo que sempre quis” e obteve o estatuto de
profissional em 2003, impulsionado pelo trilho do pai, Jacinto Paulinho.
Os inícios na ASC-Vila do
Conde (2002 e 2003) e na LA-Pecol (2004) antecederam um percurso internacional
de elite, no qual se distinguiu como escudeiro do espanhol Alberto Contador,
apesar do afastamento da Volta a França em 2006, por suspeitas infundadas de
envolvimento na “Operação Puerto”, que desmantelou uma rede generalizada de
doping.
“Afeta sempre ser acusado de
coisas que foram um engano e as pessoas não deixam de comentar, mas tinha o
apoio da família e nunca me passou pela cabeça deixar o ciclismo”, frisou o
ex-corredor de Liberty Seguros-Würth (2005 e 2006), Discovery Channel (2007),
Astana (2008 e 2009), RadioShack (2010 e 2011) e Tinkoff (2012 a 2016).
Vencedor de etapas na Vuelta
(2006) e no Tour (2010) e com “uma base” moldada pelos 12 anos no WorldTour,
Sérgio Paulinho quer aprender a dirigir equipas “a um nível mais baixo”, tal
como o hoquista Reinaldo Ventura, que até já orientou a formação do FC Porto.
“A vida de treinador é
estranha: há ex-jogadores que tiveram sucesso imediato e outros que nunca deram
nada. Penso muito se será por falta de bases ou experiência, daí querer criar
as minhas bases de forma sustentada para, caso tenha qualidade, começar a
subir”, explicou à agência Lusa o avançado dos italianos do Trissino.
Convicto de que não jogará por
“muito mais tempo”, o antigo internacional luso arrependeu-se de ter escapado à
formatura em Direito, enquanto era alertado para a necessidade de “proteger o
futuro ao longo dos anos”, expressa em ocupações temporárias na construção
civil, num bar e numa loja de material desportivo.
“Quando saí do FC Porto, não
estava preparado, mas hoje já tenho interiorizado o fim de carreira. Sei das
dificuldades que aí vêm, mas o sentimento de angústia e de pena sai amenizado
ao querer continuar ligado à modalidade”, notou o dianteiro, portador dos três
níveis de treinador e que pondera montar um “negócio pessoal” como “base de
apoio”.
Reinaldo Ventura, de 41 anos,
mal caminhava quando já andava de patins e cresceu nos Carvalhos, de Vila Nova
de Gaia, antes de chegar ao Dragão em 1990, onde viveu 26 épocas e venceu 32
títulos, assumindo-se como figura de proa do hóquei em patins.
Campeão europeu e mundial de
seleções, o ex-capitão do FC Porto assinou pelo Óquei de Barcelos em 2015, dois
anos antes de representar os italianos do Viareggio, numa carreira duradoura
mais sustentada pela força psicológica do que pela preparação física.
“É por isso que ainda me sinto
capaz e com vontade de acrescentar algo ao meu currículo. Acredito que tantos
como eu, que ganharam muito, ainda hoje têm essa vontade porque sentem-se
igualmente fortes, senão já tinham abandonado”, apontou.
Fonte: Sapo on-line
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