Venceu na Torre, 'protagonizou' um podcast e agora é o 'faz tudo' da Rádio Popular-Paredes-Boavista
Por; Lusa
Foto: Lusa
André Cardoso já desempenhou
quase todas as funções na Volta a Portugal, desde vencer na Torre a
'protagonizar' um podcast, mas agora é o 'faz tudo' da Rádio
Popular-Paredes-Boavista, assumindo que a transição da carreira de ciclista foi
difícil.
A agência Lusa encontrou o
'rei' da montanha da Volta'2007 junto ao autocarro axadrezado, que conduz nesta
edição da prova 'rainha' do calendário nacional, um ano depois de ter
desempenhado o mesmo papel na norte-americana Project Echelon Racing.
Aqui, Cardoso procura "organizar logisticamente" o entorno do veículo, "para passar uma boa imagem dos patrocinadores e da equipa", mas está também disponível para massajar ou ajudar os ciclistas, caso seja preciso - ainda na sexta-feira, no final da segunda etapa da 86.ª edição, em Fafe, andava carregado com um saco térmico a distribuir águas aos ciclistas da Rádio Popular-Paredes-Boavista.
"Tenho uma paixão pela
Volta a Portugal, mas quando nos iniciamos noutras funções, temos que um bocado
'apalpar o terreno' até que as pessoas se apercebam da qualidade que tens
nessas mesmas funções, porque agora já não és ciclista e podes não as ter",
notou, confessando ter-se apercebido de que a logística dá "muito
trabalho".
'Reformado' desde o final de
2023, o gondomarense de 40 anos, que esteve em sete grandes Voltas - foi 14.º
no Giro'2016 e 16.º na Vuelta'2013 - admite que a transição da profissão de
ciclista para a de 'staff' não foi fácil.
"Primeiro, começa logo
pela barriga [ri-se], porque não temos tanto tempo para andar de bicicleta, já
começa a dificultar a situação. Depois, é preciso mostrar que queremos, que
temos valor, que temos espírito, que queremos trabalhar, que não temos medo de
estar do 'outro lado da barricada'. A partir do momento em que consegues
mostrar o teu valor, já as coisas vão aparecendo naturalmente, como sempre
apareceram", resumiu.
E, na vida de 'Xolas', as
oportunidades nunca faltaram: trepador de excelência, foi comentador televisivo
e autor de um podcast juntamente com Filipe Cardoso, outro antigo ciclista, na
edição especial da Volta, em 2020.
"O podcast acabou por ser
engraçado, porque era um ano em que as pessoas passavam muito tempo em casa por
causa da pandemia. E havia muitos adeptos que gostavam de nos ouvir, a mim e ao
Filipe Cardoso, os 'Cardosos'. E foi muito engraçado, eu gostei da
experiência", revelou, mostrando-se disponível para uma nova aventura
semelhante se alguém a organizar.
No horizonte do vice-campeão
da edição de 2011 está também estar na Volta como diretor desportivo, uma
vontade que tem vindo a adiar.
"Gostava de dar esse
salto, mas acho que nestes dois anos que tenho estado como staff, apoiando os
diretores desportivos e toda uma estrutura, aprendi muito. Aprendes a valorizar
o trabalho do staff e acredito que, se um dia conseguir ter um projeto próprio
ou estar como diretor, vou ser mais um entre eles", declarou à Lusa.
Após oito participações na
Volta a Portugal como ciclista, e de ter comentado a edição de 2020, André
Cardoso está a cumprir o seu novo papel pelo segundo ano consecutivo, não
escondendo uma certa nostalgia dos tempos passados a competir naquela que define
como quarta 'grande'.
"Às vezes, tenho
saudades. É bonito quando estás em boas condições, em forma, e as memórias que
tenho da Volta a Portugal, felizmente, são sempre boas, porque apresentei-me
sempre muito bem. Acho que era um excelente profissional. Tenho saudades, nesse
sentido, de quando estás bem fisicamente. Agora, quando sofres muito, dias de
frio, de chuva, quedas, fazer os curativos, etc. Isso é muito doloroso",
comparou.
No entanto, o ex-pequeno
trepador não se arrepende da retirada aos 38 anos, uma vez que, nos últimos
anos no pelotão, "a adrenalina já custava a subir".
"Tendo os filhos, sendo
mais velho, já és mais consciente, já não queres correr tantos riscos. Também
tens de saber o momento de parar, de fazer a transição", defendeu.
Fonte: Record on-line
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