Por: José Carlos Gomes
Uma avaria em pleno sprint
retirou a Rui Oliveira a oportunidade de discutir as posições de honra na prova
de fundo para elite do Campeonato da Europa de Estrada, esta tarde, na Bélgica.
Numa corrida em que Ivo e Rui Oliveira colocaram Portugal sempre em evidência e na discussão dos primeiros lugares, um toque entre ciclistas, em pleno sprint, fez saltar fora a corrente da bicicleta de Rui Oliveira, que ficou completamente presa, impedindo o corredor português de pedalar nas últimas centenas de metros, quando iria ser lançado o sprint.
Na altura, Rui Oliveira estava
bem colocado e em condições de bater-se pelas posições cimeiras, numa prova que
acabaria vencida pelo belga Tim Merlier, diante do neerlandês Olav Kooij e do
estoniano Madis Mihkels, com o português a ser relegado para a 36.ª posição, a
10 segundos do vencedor.
As más notícias para Portugal começaram logo pela manhã, com a doença de Iúri Leitão a impedir o campeão olímpico de pista de competir. Mas a Seleção Nacional não desmoralizou e começou imediatamente ao ataque, com Ivo Oliveira a integrar uma fuga de cinco corredores que comandou a corrida durante cerca de 100 quilómetros.
A iniciativa só seria anulada
em pleno Circuito de Limburgo, na sucessão de troços de empedrado, estrada
estreita e subidas curtas, a cerca de uma centena de quilómetros do final. Mas,
com Ivo Oliveira absorvido, o irmão logo colocou Portugal novamente em
evidência.
Durante cerca de 40
quilómetros sucederam-se as movimentações, com nomes fortes, como o campeão
mundial Mathieu van der Poel, e Rui Oliveira esteve envolvido na maior parte.
Em muitos casos, foi mesmo o mais trabalhador na procura de distanciar-se do
pelotão.
Entretanto, o segundo azar do dia bateu à porta de Portugal. Ivo Oliveira foi vítima de furo, sinalizou a situação, mas o carro de apoio português nunca foi chamado pelo rádio-volta para prestar assistência. Ivo Oliveira foi tentando pedalar, apesar da avaria, mas acabou por ver o grupo dos favoritos distanciar-se até ser alcançado pelo carro de apoio. Foi um atraso irreversível, que ditaria o abandono do corredor.
Após os ataques em que esteve
envolvido Rui Oliveira, foi a vez de um sexteto se adiantar, a pouco mais de 50
quilómetros da meta. No grupo estavam três dos maiores candidatos ao triunfo:
Mathieu van der Poel, Christophe Laporte e Mads Pedersen. As seleções de Itália
e da Bélgica não deram grande margem aos escapados, anulando a fuga a 25
quilómetros da meta.
A partir daí foi a preparação
do sprint, com Itália a impor o ritmo no pelotão. Rui Oliveira recuperou do
esforço na fase intermédia da corrida e colocou-se para discutir os primeiros
lugares, escolhendo sempre rodas fortes para o lançamento do sprint.
Foi nessa altura que um toque
com o neerlandês Olav Kooij deixou a bicicleta do português impraticável, tendo
Rui Oliveira cortado a meta sem poder pedalar, fazendo mesmo a pé as centenas
de metros que separavam a meta do parque das equipas, com passagem pela zona
mista.
“Estive no grupo que mexeu com
a corrida, ataque nesse grupo duas ou três vezes, ainda consegui recuperar para
o sprint, mas estava mesmo a sentir-me confiante. Sentia mesmo boas pernas. Fiz
uma boa aproximação, atrás da Itália. Nos últimos metros apanhei a roda do
Philipsen, que vinha por fora, a gastar um pouco. Vi a placa dos 500 metros,
percebi que era cedo para arrancar. Esperei um pouco e quando ia na roda do
Jasper Philipsen tive um toque do Olav Kooij, bati noutro ciclista e a corrente
‘engelhou-se’. Não consegui voltar a colocar a corrente”, lamenta o ciclista
português.
Rui Oliveira lamenta o
desfecho “daquela corrida em que iria ter o meu melhor resultado pela Seleção
na estrada, mas acho que mostrei do que sou capaz e tenho plena confiança de
que posso fazer um resultado muito grande na estrada e vou continuar a lutar
por isso”.
“O Ivo e o Rui são corredores
com qualidade e experiência neste tipo de corridas e de percursos. Fizeram uma
corrida excecional. Estiveram sempre presentes nos momentos de discussão da
corrida. Tiveram um grande desempenho que só a falta de sorte impediu que fosse
também um grande resultado”, resume o selecionador nacional, José Poeira.
Fonte: Federação Portuguesa Ciclismo
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