3/08 - 9ª Etapa:
Maia – Mondim de Basto, Sr.ª
da Graça - 170,8km: Metas Volantes: 27,7km – Paredes; 63,2km – Amarante;
159,1km – Mondim de Basto; Prémios de Montanha 93,1km (1ª cat.) - Serra do
Marão; 108,5km (4ª cat.) – Velão; 129,7km (1ª cat.) – Barreiro; 170,8km (1ª
cat.) – Mondim de Basto - Sr.ª da Graça
Maia
Um passado milenar
O Município da Maia é o
natural e inequívoco herdeiro da antiquíssima Terra da Maia, que se estendia,
nos meados do século XIII, desde a cidade do Porto, outrora limitada a breve
espaço, até à margem esquerda do rio Ave.
Área de grande significado
político, social e militar adentro do Portugal proto-histórico, a Terra da Maia
foi berço dos Mendes da Maia, poderosos caudilhos regionais «portugalenses»,
que, juntamente com o primeiro Rei, devem ser considerados como co-fundadores
duma nacionalidade politicamente autónoma no Ocidente da Ibéria: Portugal.
Os Mendes da Maia constituíam
uma família radicada na Região desde a Segunda metade do século X. Aboazar
Lovesendes é o seu antepassado mais remotamente conhecido. Gonçalo Trastemires,
seu neto, que conquistou Montemor aos Mouros em 1034, viria a ser morto em
Avioso, o montículo que se implanta no actual Castêlo da Maia, em 1038,
provavelmente no contexto das questões dinásticas internas da monarquia
leonesa.
Seu filho, Mendo Gonçalves, é
tido como «Vir illustris et magne potentie in toto Portugal» e o filho deste,
Soeiro Mendes «o Bom», é citado como «prepotens et nobilissimus omnium
Portugalensium».
Soeiro Mendes desempenhou
funções da mais alta importância. Governador das terras recentemente
conquistadas a Sul de Coimbra, quiçá em nome do próprio imperador Afonso VI,
viria ainda a ter um alto papel junto do Conde Henrique, assumindo talvez mesmo
a sua representação no decurso da ausência do Conde na administração do
Condado.
Mendo Soares e Paio Soares foram dois dos filhos de Soeiro Mendes. Ambos foram personagens importantes na corte de D. Henrique. Paio Soares foi governador de Montemor e da Maia e alferes de D. Teresa, o que constituía o mais importante cargo militar do Condado. Soeiro Mendes, Gonçalo Mendes e Paio Mendes serão três dos filhos de Mendo Soares cuja acção, mormente no que respeita ao segundo e terceiro, será decisiva na autonomia política de Portugal.
Em todo o caso os Mendes da
Maia eram, pelos meados do primeiro quartel do séc. XII, os verdadeiros
expoentes da aristocracia portucalense. E quando sentiram que, na corte de Dona
Teresa, tomavam prevalência os aristocratas galegos, trazidos pela mão dos
Travas, os Mendes da Maia começaram a urdir o "golpe de Estado" que
levaria aos Campos de S. Mamede.
A intervenção dos irmãos
Mendes revelar-se-ia decisiva na conjuntura que alçaria à chefia do condado o
moço Infante Afonso. Com efeito, é crível que, alguns anos após a morte do
Conde Henrique, o filho dos condes portucalenses se mantivesse no convívio e na
familiaridade dos Mendes da Maia. Desde 1118, Paio era arcebispo da Sé
primacial bracarense, e como tal a primeira figura da Igreja portucalense. E
tal facto constituía um passo importante no crescimento da conjura contra Dona
Teresa.
Em 27 de Maio de 1128 o
Arcebispo e o Infante lavram em Braga um importante documento. O Infante
promete ao Arcebispo direitos sobre várias vilas e lugares, diversas isenções e
alguns importantes privilégios. E acrescenta que tais concessões serão feitas,
«logo que obtiver o governo de Portugal». E o documento a que nos atemos
justifica ainda as liberalidades do Infante, ao dizer que elas se deviam à
ajuda que ele receberia do Arcebispo. De modo lapidar Alberto Feio chama ao
documento de «acta da fundação de Portugal».
Os acontecimentos
precipitam-se. E em 24 de Junho terão o seu momento decisivo. As forças leais a
Dona Teresa encontram-se com as forças do Infante e do Arcebispo nos Campos de
S. Mamede. As forças do Infante, comandadas por Gonçalo Mendes, saem vencedoras
da contenda.
Aquela era, na expressão
plástica de Acácio Lino, «a primeira tarde portuguesa».
É que Portugal para sempre
autónomo começava então.
Os Mendes da Maia, Paio e
Gonçalo sobretudo, assumiam assim, verdadeiramente, o papel de construtores da
Pátria. Paio fora o estratega do "golpe de Estado" e Gonçalo fora o
seu executor operacional.
Décadas depois, quando o
primeiro Rei levava o seu esforço de conquista às terras transtaganas e os
portugueses se internavam pelos confins da "província de Alcácer",
Gonçalo Mendes, verdadeiro «adiantado» de Afonso Henriques, travava nos Campos
de Beja o seu último combate. Era «a morte do Lidador».
É, assim, mais do que evidente
a estreita ligação entre a Maia e o nascimento de Portugal. Uma família,
sucedendo-se de pai a filho, territorializada, ganhou relevância crescente, a
nível de toda a região portucalense, e teve interferências decisivas no destino
político do Ocidente da Ibéria.
Esta família perdurou no
domínio da Maia ao longo dos séculos imediatos, e a sua prevalência só viria a
abater-se nos meados do século XV, quando, em Alfarrobeira, ela se perfilou ao
lado do Regente Infante D. Pedro, colhendo desse modo a animosidade de D Afonso
V.
Em 15 de Dezembro de 1519, D.
Manuel concedeu foral ao Concelho da Maia. Por essa altura o concelho abarcava
toda a orla marítima entre o Porto e o Ave, estendida desde o mar até uma linha
de pequenas alturas, ainda assim destacadas das terras chãs afins, desfiada
desde Rio Tinto, pelos limites orientais de Alfena, de Covelas e dos Bougados,
nessa época, e até 1902, a sede do Concelho situava-se no Castêlo da Maia em
edifício hoje destinado a outros fins. Desde 1986, o Castêlo da Maia foi
elevado á categoria de Vila constituída pelas freguesias de Barca, Gemunde,
Gondim Stª. Maria e S. Pedro de Avioso.
Em 1832, D. Pedro, primeiro
Imperador do Brasil e Regente de Portugal em nome de D. Maria II, desembarcava
na Maia, nos areais de Pampelido, na chamada praia dos Ladrões – referência
alusiva às «razias» vikings de outrora - e marchava de seguida sobre Pedras
Rubras.
A Maia era, assim, em todo o
espaço metropolitano português, a terra onde, por vez primeira, se arvorava a
bandeira liberal. E em todo o agitado período que decorreu de 1832 a 1834 a
Maia foi um dos palcos mais salientes das encarniçadas lutas fratricidas que
opunham absolutistas e liberais. Os avanços das tropas; os recuos das tropas;
os quartéis-generais; os quartéis avançados. Tudo isso perpassou pela Maia ao
longo desses dois anos que dilaceraram o Pais.
Em 1836, implementava-se a
reforma administrativa planeada por Mouzinho da Silveira. E por força desta
acção, concebida à maneira dos figurinos da França napoleónica, e ainda em
função dos apetites de vários caudilhos das terras adjacentes, a Maia viu-se
retalhada, e vários pedaços seus foram engrossar concelhos vizinhos.
Foi assim com o Porto; foi
assim com Matosinhos; foi assim com Vila do Conde, que terá recebido a parte de
leão nesta acção dilaceradora duma terra secularmente unida; foi assim com
Santo Tirso, um município também engrossado com uma larga soma de freguesias;
foi assim com Valongo; e mesmo com Gondomar.
Ao longo do século XIX, mais
algumas freguesias viriam a colar-se ainda a Vila do Conde, sempre ao sabor de
condicionalismos políticos, para os quais os interesses das populações e a
história comummente vivida pouco importou.
Adormecida durante os
princípios do século XX, a Maia viria a despertar graças, em boa parte, a um
modo novo de encarar a iniciativa autárquica.
Mondim de
Basto (Sra. da Graça)
A 900 metros de altura, no
topo do Monte Farinha, encontramos o encantador Santuário de Nossa Senhora da
Graça, construído em 1775. Reza a lenda que terá existido noutros tempos a
cidade de Cinínia, lar da tribo Castreja dos Tamecanos, que, devido à ocupação
romana, viu-se obrigada a abandonar o território.
A principal riqueza do
concelho de Mondim de Basto é o seu património natural, num somatório de
invulgares motivos de interesse para o turismo.
Concelho marcado por duas
zonas completamente distintas, uma ribeirinha, a do vale do Tâmega e outra
tipicamente de montanha, desdobra-se em constantes locais paradisíacos e
estradas de contemplação panorâmica, rasgado por um tecido vivo de riachos e
ribeiros a deslumbrar o visitante.
As sugestões de percursos que
apresentamos englobam as duas zonas distintas do nosso concelho.
A primeira proposta contempla
a zona ribeirinha de influência minhota onde predomina o verde, a vinha de
enforcado, os campos de milho, os solares e os espigueiros da freguesia de
Atei; o centro histórico, o percurso das capelas, as casas dos brasileiros de
torna-viagem e os tradicionais jardins de camélias de Mondim.
A segunda proposta evolui em
altitude para revelar os encantos e mistérios do Alvão, do Marão e das aldeias
de montanha semeadas entre as nuvens, as impressionantes quedas das Fisgas de
Ermelo e a gastronomia tradicional onde se destacam os enchidos caseiros e a
saborosa carne do nosso gado maronês.
Duas propostas para dois dias
e duas noites. Há esplanadas convidativas para um fim de tarde de Verão ou uma
lareira que se acende para agasalhar no Inverno.
Fonte: Podium
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