Campeão do Mundo do omnium em 2023, a correr na estrada pela Caja Rural, garante querer "fazer o melhor possível"
Por: Lusa
Foto: Iúri Leitão/Instagram
O rótulo de favorito 'colado'
ao ciclista português Iúri Leitão, campeão mundial de omnium, não incomoda o
'ás' da pista, focado em ficar nos oito primeiros em Paris'2024 e fazer a sua
corrida, não a que esperam dele.
"Entendo que as pessoas
tenham essa expectativa, queremos sempre encontrar os novos heróis nacionais,
mas eu não vejo as coisas assim. Pelo que deduzo, vai ser uma prova muito mais
exigente do que qualquer uma que tenha feito. Não é por ser campeão do mundo
que tenho de trazer um grande resultado. Vou tentar divertir-me e trazer o
melhor resultado possível", explica o ciclista de 26 anos, em entrevista à
Lusa no Velódromo de Sangalhos.
Na 'casa' do ciclismo de pista
português, o campeão do Mundo do omnium em 2023, a correr na estrada pela
espanhola Caja Rural, garante querer "fazer o melhor possível" e
aplicar a aprendizagem que traz "para cometer o menor número de erros
possível".
No omnium, confessa,
"gostava de trazer um resultado nos oito melhores", competindo também
no madison, corrida de duplas, com Rui Oliveira.
"Sairia muito realizado,
feliz, por estar dentro desse lote tão restrito. Vai ser um orgulho enorme lá
estar, e se conseguir esse resultado, seria estupendo", afirma.
Catapultado para outro nível
de fama e reconhecimento, na rua e no pelotão, devido ao ouro no Mundial de
Glasgow, encara a pressão com a serenidade de manter o caminho, sem desvios.
"Vejo as coisas da
seguinte forma: se as pessoas esperam que traga um bom resultado, é porque
tenho dado motivos para isso, com resultados de muita importância, como ser
campeão do mundo no ano passado", refere.
O título, diz, "não mudou
nada", e não vê "as coisas pelo lado da pressão, mas como
oportunidades", a cada chamada à seleção, fazendo "o máximo para
valer a pena".
"Nem sempre faço grandes
resultados, o desporto é assim mesmo, mas se sair da pista de cabeça erguida,
por ter feito tudo o que podia... o selecionador nunca nos exigiu resultados,
exige trabalho e foco, para aplicar o que aprendemos aqui", acrescenta.
Trabalha em Sangalhos, na sua
vida de 'pistard', no seio de uma seleção muito unida e que inclui Maria
Martins, que voltará aos Jogos Olímpicos depois do histórico sétimo lugar no
omnium em Tóquio2020, mas também Ivo Oliveira, João Matias e Daniela Campos (convocada,
mas na estrada), nomes de proa do esforço nacional nesta disciplina.
O grupo muito unido - até com
uma página alimentada pelos próprios na rede social Instagram - tem o hábito de
competir junto e preparar-se junto, uma "união e partilha de expectativas,
objetivos, treino e sofrimento que é muito importante".
"As pessoas estão
habituadas a ver as glórias na televisão, o que conquistamos, mas há muita
coisa negativa atrás. Passamos por muitas dificuldades, dias maus, quedas,
lesões, simplesmente porque as coisas não saem ou não estamos a render.
Psicologicamente, abala, e é bom ter essa partilha", afirma.
Se todos contribuíram para os
pontos do ranking de nações, só Leitão e Rui Oliveira terão a 'honra' de estar
nos Jogos. "Todos mereciam ir. Vai ser difícil, vou fazer o melhor
possível para que, em casa, sintam orgulho", atira o sprinter, de
imediato.
No ciclo anterior, para
Tóquio2020, esteve no "balde de água fria muito grande", esse
"dia muito triste", que foi falhar a qualificação por um lugar, então
como 'caçula' de um grupo com muitos azares, de quedas a fraturas, que afetou o
amealhar dos pontos necessários.
Desta feita, prepararam-se
melhor, com menos azares, e conseguiram lá chegar em duas das vertentes da
pista, alicerçados num título mundial que, insiste, pouco mudou na sua vida.
Na preparação, "não mudou
nada". "Gosto de pensar que se as coisas resultaram até agora e fui
campeão do mundo, é preciso é continuar e aperfeiçoar. Não gosto de
inventar", comenta.
Com três vitórias na estrada
em 2024 pela Caja Rural, o "jogo de cintura a três", entre os
espanhóis, o próprio corredor e a Federação Portuguesa de Ciclismo, chegou a
bom porto para poder conciliar as duas, ainda que tenha tido em cima da mesa
dedicar-se só à pista, opção colocada de parte pela "paixão pelo
ciclismo" e pela necessidade de ter outra rodagem e, no campo pragmático,
outra 'almofada' financeira.
"Tem sido pacífico.
Quando entrei para a equipa, era novo, e foi difícil mostrar do que era capaz.
A equipa entendeu que tinha objetivos muito claros, e bem definidos na pista.
Compreenderam e chegámos a acordo. Desde que não falhe com a equipa, e tenho
três vitórias este ano...", avalia.
No omnium, concurso com quatro
corridas distintas no mesmo dia, e que acontece em 08 de agosto, dois dias
antes do madison, antevê forte concorrência, desde a Grã-Bretanha, que tem
opções como o campeão olímpico Matthew Walls, a França, de Benjamin Thomas, e a
Nova Zelândia, do 'vice' olímpico Campbell Stewart.
No madison, e depois de um
foco numa "boa recuperação", a chave estará no sacrifício em prol do
colega, e deste por si, sendo mais difícil avançar com candidatos.
O minhoto de 26 anos mostra-se
ainda entusiasmado com a possibilidade de desfrutar da experiência de uns Jogos
Olímpicos, tendo já falado com quem já a teve, não só na pista, mas noutras
modalidades.
Elege a canoagem, "muito
forte" no Minho, como uma das modalidades que acompanha. "São os meus
ídolos de infância, de os ver em Londres2012, Rio2016, Tóquio2020. Depois, a
natação e o atletismo", afirma.
De resto, diz logo de seguida,
"é um orgulho ver um minhoto brilhar".
Fonte: Record on-line
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