De Fafe a Lisboa são nove dias de Volta
Por:
José Carlos Gomes
A
edição de 2020 da Volta a Portugal começa em Fafe, no dia 27 de setembro, e
termina em Lisboa, no dia 5 de outubro. Entre a “sala de visitas do Minho” e a
capital do país, o pelotão vai percorrer 1183,9 quilómetros, distribuídos por
um prólogo e oito etapas.
Tudo
começa com uma luta contra o cronómetro, um prólogo de 7 quilómetros, em Fafe.
Os contrarrelogistas, os homens que aspiram à camisola amarela final e os
velocistas que se adaptam a contrarrelógios curtos são os principais candidatos
na jornada inaugural.
A
primeira etapa é a mais longa da competição, fazendo uma travessia de este para
oeste, ligando, numa viagem de 180 quilómetros, o transmontano concelho de
Montalegre, terra-natal de Acácio da Silva, ao monte de Santa Luzia, em Viana
do Castelo. A meta, coincidente com um prémio de montanha de terceira
categoria, promete emoção, num local em que os favoritos à geral têm de estar
na frente, embora, por vezes, haja sprinters que aguentam o ritmo e conseguem
desfeiteá-los.
A segunda etapa é uma das tiradas decisivas. Começa em Paredes e termina, depois de ultrapassados 167 quilómetros, no monte Farinha, junto à ermida de Nossa Senhora da Graça, em Mondim de Basto. A subida para a meta, de primeira categoria, é antecedida por duas montanhas de quarta categoria, Rebordosa (km 11,6) e Velão (km 110,7), e duas de primeira, serra do Marão (km 96) e Barreiro (km 131,7).
Os
velocistas deverão ter uma oportunidade no final dos 171,9 quilómetros da
terceira etapa, entre Felgueiras e Viseu. Segue-se mais uma jornada
provavelmente determinante para as contas da classificação geral. A tirada
número quatro tem apenas 148 quilómetros, mas vai provar que a distância não é
tudo. Os corredores partem da Guarda para chegarem ao ponto mais alto de
Portugal Continental, a Torre. A meta, coincidente com um prémio de montanha de
categoria especial, será alcançada pela vertente que muitos consideram a mais
exigente da serra da Estrela, a subida de 20,2 quilómetros desde a Covilhã, com
passagem pelas Penhas da Saúde. A escalada de segunda categoria nas Penhas
Douradas (km 72,5) e a subida de terceira categoria em Sarzedo (km 111) completam
a ementa montanhosa do dia.
A
quinta etapa dará nova hipótese de vitória aos sprinters, isto se houver
equipas com interesse em pegar na corrida para impedir uma fuga de vingar. A
partida será em Oliveira do Hospital, um dos concelhos mais assíduos no
itinerário da Volta na última década, e a chegada em Águeda, terra de
bicicletas e importante pólo da indústria velocipédica portuguesa. A viagem de
176,3 quilómetros tem outro momento simbólico, quando a caravana passar junto
ao Centro de Alto Rendimento de Anadia, em Sangalhos, a menos de 20 quilómetros
do final.
O
cinquentenário da primeira vitória de Joaquim Agostinho na Volta a Portugal
será comemorado na sexta etapa da corrida, um périplo de 155 quilómetros na
região Oeste, entre as Caldas da Rainha e Torres Vedras. O terreno ondulado e o
vento, que muitas vezes se sente naquele território, vão exigir atenção
redobrada a quem pretenda manter intactas as aspirações à conquista da Volta.
Loures,
onde a República foi declarada um dia antes do resto do país, a 4 de outubro de
1910, assinala a efeméride com o arranque da sétima etapa, que terminará em
Setúbal, ao cabo de 161 quilómetros. A meta, na Avenida Luísa Todi, é um belo
cenário para uma chegada ao sprint, mas a subida de segunda categoria na Arrábida,
a 13,4 quilómetros da chegada, é um convite às movimentações dos candidatos à
vitória na Volta a Portugal. Em 2017, com um final de corrida semelhante a
este, logo na primeira etapa, ficou encontrado o restrito lote de candidatos à
vitória final.
No
dia em que se celebram oficialmente 110 anos da Implantação da República
Portuguesa, Lisboa vai coroar o vencedor da Volta a Portugal de 2020. O dono da
camisola amarela será encontrado no final do contrarrelógio de 17,7
quilómetros, que parte da Avenida Ribeira das Naus para chegar na Praça do
Comércio, depois de percorridas algumas das artérias mais simbólicas da zona
ribeirinha e da baixa da cidade.
Percurso
27
de setembro – Prólogo: Fafe – Fafe, 7 km (CRI)
28
de setembro – 1.ª Etapa: Montalegre – Santa Luzia (Viana do Castelo), 180 km
29
de setembro – 2.ª Etapa: Paredes – Senhora da Graça (Mondim de Basto), 167 km
30
de setembro – 3.ª Etapa: Felgueiras – Viseu, 171,9 km
1
de outubro – 4.ª Etapa: Guarda – Torre (Covilhã), 148 km
2
de outubro – 5.ª Etapa: Oliveira do Hospital – Águeda, 176,3 km
3
de outubro – 6.ª Etapa: Caldas da Rainha – Torres Vedras, 155 km
4
de outubro – 7.ª Etapa: Loures – Setúbal, 161 km
5
de outubro: 8.ª Etapa: Lisboa – Lisboa, 17,7 km (CRI)
Números
3
etapas com final em montanha: Santa Luzia, em Viana do Castelo, terceira
categoria, Senhora da Graça, em Mondim de Basto, primeira categoria, e Torre
(Covilhã), categoria especial.
17
contagens de montanha: 1 de categoria especial, 3 de primeira categoria, 3 de
segunda, 4 de terceira e 6 de quarta
24,7
quilómetros de contrarrelógio: 7 no prólogo e 17,7 na oitava e última etapa
180
quilómetros: distância da etapa mais longa, a primeira
1183,9
quilómetros: distância total a percorrer ao longo de um prólogo e oito etapas
Fonte:
Federação Portuguesa Ciclismo
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