Ex-ciclista sublinha que modalidade que ajudou a transformar atravessa "momentos difíceis"
Por: Lusa
Foto: Lusa
Sérgio Paulinho acredita que
Iúri Leitão tem "grandes hipóteses" de suceder-lhe como medalhado
olímpico no ciclismo português, numa altura em que a modalidade que ajudou a
transformar atravessa "momentos difíceis".
Passaram duas décadas desde
que Sérgio Paulinho conquistou a única medalha olímpica para o ciclismo
português, mas o sempre modesto antigo corredor não acredita que foi o seu
feito pessoal a provocar uma 'revolução' na modalidade, preferindo antes
partilhar a 'responsabilidade' com outros contemporâneos e não só.
"O [José] Azevedo já
vinha a fazer vários 'top 5' no Tour, no Giro, o Orlando Rodrigues... Já davam
nome ao ciclismo português. O ciclismo português já era reconhecido
internacionalmente pelos seus feitos. Claro que, depois, uma medalha olímpica
de um ciclista português acabou, se calhar, por espoletar ainda mais o
interesse pelo ciclismo português. Acho que fiz parte de um lote de grandes
ciclistas que ajudou o ciclismo português", clarificou.
Desde aquela prata em
Atenas'2004 muito mudou na vida daquele que foi um dos gregários de referência
no pelotão internacional, nomeadamente do espanhol Alberto Contador, mas também
na realidade da modalidade em termos nacionais.
"Acho que, nos últimos
anos, o ciclismo português teve uma evolução bastante grande com os jovens,
como o João Almeida, o Rui Costa, o António Morgado neste momento, que pode vir
a ser um dos melhores do mundo. E acho que temos tudo para continuar a
conquistar Campeonatos do Mundo, Jogos Olímpicos e, quem sabe, grandes
Voltas", defendeu.
Ainda assim, o ex-ciclista de
Oeiras, de 44 anos, considera que em Paris'2024 dificilmente a comitiva lusa,
composta pelo campeão mundial de fundo de 2013, Rui Costa, e Nelson Oliveira,
pode repetir uma medalha na estrada.
"Ainda não vi o percurso
ao detalhe, mas por aquilo que tenho ouvido não é um percurso tão exigente.
[...] Diria que seria um percurso mais adequado a um sprinter e nós, neste
momento, sprinter puro não temos. Se fosse uma corrida com bastante dureza,
isso sim [...] poderíamos ter algumas hipóteses. No ciclismo, é como costumo
dizer, nunca podemos dizer que não temos hipóteses. Até à linha de meta, tudo é
possível. Mas acho um pouco difícil", avaliou.
Prognóstico diferente tem,
contudo, para a pista, onde acredita que "Iúri Leitão tem grandes
hipóteses" de juntar uma medalha olímpica ao título mundial de omnium.
"Já demonstrou isso e tem
vindo a demonstrar nos últimos anos. Eu acho que temos grandes hipóteses de
fazer um feito histórico na pista nestes Jogos Olímpicos", perspetivou.
Paulinho não se importa
"nada" de deixar de ser o único medalhado olímpico do ciclismo
português.
"Até que ganhemos 100
medalhas na modalidade, porque, neste momento, não digo que era importante, era
crucial termos um feito histórico para puxar o ciclismo para cima. O ciclismo
tem passado por momentos difíceis, por isso um resultado neste momento era ouro
sobre azul", concluiu.
Fonte: Record on-line
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