Avós, tios, outros familiares e amigos todos juntos a ver a prova
Por: Lusa
Foto: REUTERS
Na hora em que João Almeida
subia ao pódio da Volta a Itália, um festival de ranchos disputava as atenções
da população de A-dos-Francos, terra do ciclista que vai ser homenageado com
uma prova com o seu nome.
Enquanto o pelotão cumpria, em
Roma, os 126 quilómetros da 21.ª e última etapa do Giro, transmitidos no ecrã
gigante da Sociedade de Instrução e Recreio de A-dos-Francos, no concelho das
Caldas da Rainha, as atenções centravam-se hoje na praça do outro lado da
estrada, onde um festival de ranchos animava a terra do primeiro ciclista
português a conseguir um pódio final na Volta a Itália. "Isto hoje são favas contadas, o terceiro lugar já
está garantido", comenta-se numa das mesas, entre rodadas
de cerveja, uns cânticos de "SLB,
SLB" e uma idas até ao
palco por onde vão desfilando ranchos de vários pontos do país.
A festa em torno de João
Almeida (UAE Emirates), "já se fez ontem
[sábado], com os avós, tios, outros familiares e amigos todos juntos na
associação a ver a prova", contou à agência Lusa o
presidente da Junta de Freguesia de A-dos- Francos, Paulo Sousa, também ele
hoje dividido entre a corrida do jovem ciclista da terra e os ranchos que
animavam a praça.
Para o autarca não restam
dúvidas de que o desempenho de João Almeida "mudou
a terra onde ele nasceu". A vila já tinha "alguma visibilidade devido à equipa de futebol
feminino que chegou a estar na primeira divisão", porém, "nada comparável com aquilo que o João trouxe,
porque vai além-fronteiras e o nome de A-dos-Francos é falado em todo o
mundo". A terra agradeceu com a inauguração, em junho do
ano passado, de uma estátua de homenagem ao ciclista que em 2020 pôs
A-dos-Francos nas bocas do mundo ao longo dos 15 dias em que envergou a
camisola rosa.
Hoje, como em praticamente
todos os dias desde o início da 'corsa rosa',
"há romarias de ciclistas ao monumento
para tirarem fotografias", constata Paulo Sousa. "Vêm pessoas do Porto, de Coimbra, ciclistas
amadores e até alguns profissionais que por aqui passam nos seus treinos, e que
depois vão aos cafés, à associação e acabam também por dinamizar a economia
local e tornar A-dos-Francos um ponto de referência", conta
o presidente da junta.
Bicicletas cor-de-rosa
pintadas nas estradas da vila marcam o percurso que leva à casa de João
Almeida, ponto obrigatório de passagem para os admiradores do ciclista. "Só hoje já cá passaram dois grandes grupos, que não
sei de onde vinham, mas que disseram que ainda tinham que fazer 100 quilómetros
para regressar a casa", conta a avó, Luísa Gonçalves.
Admiradora ferrenha do neto,
Luísa não perde pitada da prova "muito
boa que ele tem estado a fazer este ano", nem a esperança
de que "num dos próximos anos ele
termine o Giro, a Volta a Portugal ou outra grande prova com a camisola
rosa". "O ano
passado foi um grande desgosto, porque ele apanhou covid. Este ano cheguei a
pensar que ele ia conseguir, mas há outros ciclistas muito bons e ele ainda é
novo, não foi este ano, mas há de lá chegar", afirma a avó
que segue o neto "em todas as etapas de
todas as provas que ele faz em Portugal".
Hoje, é pela televisão que
assiste à subida de João Almeida ao pódio, no final de uma prova em que vai
gritando frases de incentivo: "vai João,
força, tu és forte". Em casa é ela que 'faz a festa e deita os foguetes', ao lado
do marido, Júlio, "mais calado, mais
reservado, mas que está a vibrar por dentro". Ou não
continuasse o ciclista agora "um homem,
que até já tem bigode e é famoso", a ser, no seio da
família, "o mesmo menino que sempre foi,
que cresceu nesta terra pacata e que a todos enche de orgulho pelo percurso que
está a fazer".
Um percurso que hoje sagrou
João Almeida como o primeiro português a pisar o pódio final na Volta a Itália,
num momento assinalado em A-dos- Francos, com grande parte do público dos
ranchos a trocar a praça pela associação para aplaudir o ciclista de 24 anos. A
terra vai voltar a agradecer ao atleta, desta vez não com uma estátua mas com a
organização do primeiro Prémio João Almeida, uma prova realizada pela Federação
Portuguesa de Ciclismo em parceria com a Ecosprint (a escola de ciclismo onde o
ciclista começou a carreira).
Uma homenagem marcada para o
dia 8 de junho e que, segundo o presidente da junta, irá repetir-se todos os
anos.
Fonte: Record on-line
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