Por: Lusa
Foto: Miguel Barreira
O presidente da Federação
Portuguesa de Ciclismo (FPC) disse este sábado à Lusa que o organismo que lidera
está "atento e preocupado" ao pós-pandemia de covid-19 e aos impactos
que trarão para a modalidade no país.
Em entrevista à Lusa, Delmino
Pereira elenca o pós-pandemia como principal preocupação para o ciclismo em
Portugal, porque virá "uma crise económica" que causa "grande
receio".
"Depois, quando for
possível [retomar a atividade competitiva], podemos vir a ter um problema de
natureza económica. E vamos ter. Por isso é que a Federação está atenta e
preocupada, porque provavelmente teremos de ter uma capacidade de colaboração
com vários organizadores, que, numa altura em que seja possível organizar as
corridas, também vão ter dificuldades", afirma.
Este "problema de
fundo", diz, leva a FPC a reivindicar "mais apoios", por
"todos os custos associados", como o policiamento, que vão voltar a
surgir para os organizadores, numa altura em que se disputarão corridas
"sem grande público".
"Vamos ter dificuldades
de retoma, isso é o assunto que mais me preocupa", atira.
O problema, de resto, levou a
FPC a submeter propostas, e a uma tomada de posição, na plataforma destinada ao
Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que este organismo classificou, em
carta aberta, como "uma oportunidade perdida" perante a urgência de
dotar de meios financeiros as entidades que terão de "reativar a atividade
desportiva".
"Exige-se que o Estado
crie condições para a retoma do desporto, no prazo mais breve possível,
compreendendo as dificuldades acrescidas do movimento desportivo no
pós-confinamento. Quanto maior for o período de paragem, mais difícil será
trazer de volta praticantes, sobretudo jovens. Além disso, a crise económica
criará barreiras à captação de patrocinadores privados", alerta o
organismo federativo na missiva.
Sobre a retoma competitiva em
contexto pandémico, prevista para 10 de abril, com quatro provas organizadas
pela própria FPC (Prova de Abertura, as clássicas das Aldeias do Xisto e da
Arrábida e a Volta ao Algarve), Delmino Pereira diz que a federação tem
"feito tudo o que está ao alcance".
"Não tem sido possível
[voltar à estrada mais cedo]. O ciclismo tem uma complexidade que, com o estado
de emergência atual, confinamento e fortes restrições às pessoas na rua, têm
levado a que os municípios não tenham interesse nas provas na via
pública", considera.
Como o ciclismo de estrada
"é na rua e não em pavilhões ou estádios", a dificuldade aumenta,
esperando o dirigente que "depois da Páscoa a situação esteja mais
favorável".
De acordo com o plano de
atividades da FPC, publicado em 15 de dezembro, antes de o número crescente de
casos de covid-19 em Portugal ter motivado um novo confinamento, nas próximas
semanas deveriam correr-se a Prova de Abertura (07 de março), a Clássica da
Arrábida (14 de março), a Volta ao Alentejo (17 a 21 de março) -- a primeira
prova a ser cancelada -- e a Clássica da Primavera (28 de março).
A pandemia de covid-19
provocou, pelo menos, 2.508.786 mortos no mundo, resultantes de mais de 112,9
milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa
AFP.
Em Portugal, morreram 16.243
pessoas dos 802.773 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais
recente da Direção-Geral da Saúde.
Fonte: Record on-line
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