Com o objetivo de dar "algum retorno aos patrocinadores" e colocar quilómetros nas pernas dos corredores
Por: Lusa
A possibilidade de realização
e corridas em autódromos ou provas mais curtas, como contrarrelógios ou 'crono
escaladas', são sugestões positivas que ciclistas portugueses ouvidos pela Lusa
aprovam para pôr fim à paragem competitiva causada pela pandemia de covid-19.
Tiago Machado (Rádio
Popular-Boavista) diz à Lusa que o pelotão está "apto a fazer tudo e mais
alguma coisa, como circuitos, contrarrelógios, 'crono escaladas'", com o
objetivo de dar "algum retorno aos patrocinadores" e colocar
quilómetros nas pernas dos ciclistas.
"Basta ver que no domingo
se realizou o Nacional de ciclocrosse, que é num circuito. Não dá para entender
o porquê de não se fazerem as competições. Estamos todos ansiosos que recomece,
porque treinamos ao frio e à chuva e queremos competir. Só queremos o básico da
nossa profissão", lamenta.
A sugestão tem sido levantada
e implicaria a utilização ou de zonas fechadas ao trânsito ou de circulação já
de si limitada, ou de autódromos como os do Estoril, Braga ou Portimão, para a
realização de circuitos, um tipo de prova já existente no estrangeiro, ou então
'crono escaladas', subidas a pontos de montanha conhecidos, mas com
quilometragem mais curta do que uma etapa ou uma clássica.
"Podes fazer provas num
autódromo, numa pista, num local fechado, uma corrida com os atletas, com protocolo
de segurança, testes PCR, medição de temperatura, fechado ao público",
planeia o espanhol Gustavo Veloso (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel).
O 'veterano' vê com bons olhos
a realização de provas como 'crono escaladas' ou circuitos, em autódromos, por
um pelotão que imagina soluções como uma subida à Torre, mais curta do que o
habitual e com estradas cortadas, ou à Senhora da Graça, ou mesmo
contrarrelógios como o da Prova de Reabertura, que em 2020 pôs fim à paragem
causada pelo primeiro confinamento.
Gustavo Veloso lembra o
potencial de transmissão televisiva ou em 'streaming' de uma prova em circuito
fechado, menos exigente do que na via pública, além das vantagens ao "não
ser preciso polícia", pela ausência de carros, e acredita na viabilidade até
na realização de provas "para outros escalões" etários, igualmente em
inatividade.
"O que temos é de
procurar soluções para estes momentos. Evidentemente, não se pode correr a
época toda em circuito, mas temos de voltar o quanto antes. [...] Com três ou
quatro corridas em circuito antes do regresso à estrada, pelo menos temos uma
opção de ganhar ritmo, motivação, e fazer o nosso trabalho, os adeptos podem
desfrutar, e dar visibilidade aos patrocinadores. O que não é bom é estar
parado. Assim, toda a gente ganha, e não temos nada a perder", resume.
Outro dos 'veteranos' do
pelotão, Sérgio Paulinho (LA Alumínios-LA Sport), vê com bons olhos a
realização de provas mais curtas e menos habituais no contexto nacional.
"Podendo fazer-se em
autódromos, estou de acordo, até porque provavelmente os custos iriam ser
bastante reduzidos, por isso seria um grande incentivo para se poder colocar já
em prática a época desportiva", concorda o vice-campeão olímpico, em
Atenas2004, em entrevista à Lusa.
Além de até poder ser
"uma evolução para o ciclismo", considera, uma prova de 100 ou 120
quilómetros, mesmo que não na distância e moldes habituais, "já era uma
grande ajuda", porque no regresso, na Volta ao Algarve, o pelotão nacional
encontrará "equipas com quatro meses de competição" e de escalões
competitivos superiores.
Mais cético é César Fonte
(Kelly-Simoldes-UDO), que diz que o sucesso de provas como circuitos
"depende muito" da organização e da sua "divulgação
mediática", e que "só um dia de corrida" não chegaria, mesmo que
visse com bons olhos "alguns circuitos e, logo a seguir, a continuidade do
calendário normal", para poder "trazer aquele ritmo" que
necessitam.
Questionado pela Lusa sobre a
solução, o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), Delmino Pereira,
recorda que "nada impede que se possam realizar as corridas".
"Se alguém as organizar,
será bem-vindo e terá o nosso apoio. A federação, no âmbito do seu plano e
orçamento, vai assumir a organização de quatro provas no mês de abril. Não há
mais nenhum organizador disponível a fazê-lo. [...] Não temos condições para
fazer mais corridas. Se alguém as fizer, terá o nosso acolhimento",
afirma.
De resto, o dirigente
federativo encara esta como "uma solução, mas não a solução".
"Não me parece que seja grande solução e nem sequer foi unânime no
contexto das equipas", atira.
Também a relutância dos
municípios em receber corridas no âmbito do estado de emergência e de um novo
confinamento impediu um regresso antes de 10 de abril, a data apontada para a
retoma competitiva, destaca.
Tiago Machado não tem dúvidas
que "era fundamental levar para a frente a ideia" dos circuitos, que
foi levantada num artigo no Jornal Ciclismo.
"Os circuitos eram algo
que se podia fazer facilmente. Com quatro quilómetros por volta, por exemplo,
conseguia-se perfeitamente um circuito de 100 quilómetros, e motiva o atleta.
Estarmos parados é que não", remata.
Fonte: Record on-line
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