"O futuro está aqui", chega a escrever a 'Gazzetta dello Sport' sobre o português que liderou a prova durante 15 dias
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Luca Bettini / AFP) AFP or licensors
João Almeida e Ruben Guerreiro conquistaram lugares na história do ciclismo
português, com o desempenho “praticamente irrepetível” na Volta a Itália,
conforme testemunham as edições de hoje dos jornais nacionais.
“D. João IV” é o destaque na capa do Jornal de Notícias, referindo-se ao
corredor João Almeida (Deceuninck-QuickStep), considerado o “quarto magnífico”,
por ter repetido os “feitos de Ribeiro da Silva, Joaquim Agostinho e José
Azevedo nos cinco primeiros das grandes Voltas”.
A chegada ao quarto lugar na edição de 2020 do Giro do jovem de 22 anos,
natural de A-dos-Francos, levou o jornal a uma reportagem nesta localidade do
concelho de Caldas da Rainha, confirmando: “Sai da terra incógnito e volta como
herói”.
O resultado alcançado por João Almeida, associado à conquista da camisola
da montanha por Ruben Guerreiro (Education First), com “um azul escrito em
letras de ouro”, faz, segundo o JN, com que a corrida deste ano seja
“provavelmente irrepetível” para as cores nacionais.
“Isto é só o início”, adverte A Bola, na capa, realçando que João Almeida
“iguala Ribeiro da Silva e só fica atrás de Joaquim Agostinho”, enquanto Ruben
Guerreiro assume ter vivido “um momento inesquecível”.
No interior, a garantia de que os resultados de ambos “vão ficar na
história do ciclismo”, uma vez que Almeida esteve 15 dias com a camisola rosa e
alcançou a “melhor classificação de sempre de um português na prova”.
“Se pensei vencer o Giro? Algumas vezes essa ideia passou-me pela cabeça…
Mas, no fundo, sabia que seria muito difícil”, porque “os adversários acabaram
por ser melhores”, admitiu o corredor caldense, assinalando que ficou a faltar
uma vitória numa etapa: “Acredito que isso irá acontecer no futuro, nesta ou em
outras competições”.
O mesmo jornal desportivo enaltece o “feito inédito” de Ruben Guerreiro,
que admitiu que a luta pela camisola azul “entrou inesperadamente nas contas”.
O Record coloca ambos na capa, chamando-lhes os “heróis do povo”,
procurando também antever os próximos desafios das duas revelações nacionais:
João Almeida ambiciona estar nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que vão ser
disputados em 2021, e Ruben Guerreiro vencer uma etapa no Tour, depois de ter
sido segundo numa tirada da Vuelta em 2019.
“Fecho de ouro” é o destaque de O Jogo, acrescentando que o “último esforço
ainda rendeu histórico quarto lugar”, tornando-o “o melhor de sempre” (no
Giro), sendo só superado pelos pódios de Joaquim Agostinho no Tour (1978 e
1979) e na Vuelta (1979).
Para o Público, a 103.ª edição da ‘corsa rosa’, “histórica para as cores
portuguesas”, fez com que Portugal descobrisse “dois ciclistas de topo”.
“Portugal descobriu no Giro um ‘voltista’ e um ‘montanhista’, detalha o
generalista.
“Há três semanas, o meu objetivo era ficar no ‘top-10’, ficar em quarto
nesta corrida tão bonita é espetacular. Descobri muita coisa sobre mim.
Mentalmente, fui até ao limite e dei sempre tudo”, refere o ‘voltista’, citado
pelo Público, apontando como melhor recordação da corrida o dia em que
conquistou a camisola rosa, que espera “voltar a vestir”.
Tao Geoghegan Hart (INEOS), que assegurou no domingo a vitória na corrida,
ao destronar a dupla da Sunweb constituída pelo holandês Wilco Kelderman e pelo
australiano Jai Hindley, arrebata os destaques na imprensa estrangeira, que
acaba por integrar também o luso João Almeida.
“De Tao a [Filippo] Ganna [vencedor do contrarrelógio, no domingo], o
império voltou. O futuro está aqui, Jai e João não são meteoros”, assegura a
Gazzetta dello Sport, numa análise à corrida, enquanto o L’Équipe realçou a
“nova vaga sem complexos”.
O jornal francês recorda o triunfo no Tour do esloveno Tadej Pogacar, de 21
anos, para comprovar esta teoria, que integra o corredor português.
“Habitual imediato de
Remco Evenepoel, João Almeida vestiu a camisola rosa durante 15 dias. O jovem
português impressionou o pelotão na sua primeira época completa entre
profissionais. A sua força e resistência foram uma lufada de ar fresco neste
Giro. Apertado pelas encostas do Selvio, Almeida passou o testemunho a outros
dois aventureiros: Tao Geoghegan Hart e Jai Hindley, que não era expectável que
estivessem a este nível”, descreveu o jornal francês, avisando que “os três têm
de confirmar as promessas de outono em 2021, então sem surpresas”.
Fonte: Sapo on-line
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