Espanhol deixou fortes acusações à direção da equipa que deixará no final da temporada
Por: Fábio Lima
Foto: Sprint Cycling Agency
Algumas semanas depois do
anúncio da saída no final da temporada, Juan Ayuso falou de forma aberta da sua
situação na UAE Emirates e deixou duras críticas à forma como a direção da
equipa geriu todo o processo. Não apenas a saída ou a renovação tentada (e
falhada) no início do ano, mas também a falta de harmonia no seio do grupo ao
longo dos tempos, que levou o espanhol a ser visto como um "vilão" na
estrutura super-ganhadora que tem Tadej Pogacar como estrela maior.
"Foram pequenos
incidentes, sempre quando sabíamos que algo não estava bem. A cada corrida,
quando voltava a casa, sentia que não havia química ou uma relação. Eram as
pequenas coisas a cada corrida... Sempre que falava disso de forma breve com a
direção, a resposta era sempre negativa. (...) E quando tudo se acumula, chegas
a um ponto em que pensas 'que se f..., estou aqui para desfrutar'. (...) Na
UAE, por vezes tinha de lutar contra os meus colegas e isso nunca sabe bem. As
coisas começam a acumular-se quando te focas no que acontece na tua equipa e
não fora dela, com colegas de equipa que te querem bater... Foi uma coisa
gradual, mais do que algo que tenha acontecido num só dia", começou por
lamentar, em entrevista ao jornalista Daniel Benson.
Para os portugueses - e não
só... -, Ayuso sempre foi visto como uma espécie de rival interno de João
Almeida, com alguns episódios polémicos pelo meio, mas o espanhol assegura que
nunca teve problemas com o português. Era, resume, uma questão da forma como
tudo era gerido internamente. "O problema não era com o Almeida. Eu nunca
iria desafiar um colega de equipa. Para mim era mais uma questão do que
acontecia, porque há coisas que acontecem em todas as equipas e é assim o
desporto. Mas do ponto de vista da gestão, nunca foi clara a mensagem e qual o
papel de cada corredor. Se erros eram cometidos, nunca se falou disso. Apenas
me custou energia, mais do que o ato em si. Era mais uma questão da forma como
a gestão da equipa geria as coisas. Para ser sincero, não havia grandes
problemas com os colegas de equipa. O problema era apenas com a gestão da
equipa".
As críticas acumulam-se também
quando Ayuso recorda o processo da tentativa de renovação contratual no início
do ano. "Em janeiro, tive uma proposta para renovar contrato por mais dois
anos, até 2030. Durante essas negociações, a minha preocupação não foi o
dinheiro, mas antes a famosa cláusula de 100 milhões de euros. Disse-lhes que
podia renovar contrato, mas apenas se houvesse uma cláusula que me permitisse
sair. Não aceitei e, a partir daquele momento, a direção da equipa ficou muito
agressiva comigo, ao ponto de me dizerem que se não assinasse a renovação
teríamos de ver qual o meu calendário a seguir. Foi um dos grandes pontos de
viragem, para lá do desportivo, que era sempre complexo, e foi aí que disse 'já
chega'. Não digo que seja injusto as pessoas pensarem da forma que pensam, pois
todos têm direito à sua opinião, mas a imagem que fazem de mim é muito
diferente do que sou".
"O que me incomoda mais é
que a equipa, ao invés de ajudar, tentou gerar ainda mais sangue e ficar bem na
fotografia no final. Eu era visto como o vilão do filme, por isso não posso
criticar quem deu opinião, porque é essa a versão que têm de mim. Não tenho
problemas com isso", concluiu.
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário