Ciclista da Efapel, que também foi alvo de buscas, critica entidades por terem colocado todos "no mesmo grupo"
Por: Lusa
João Benta criticou esta quarta-feira
a organização da Volta a Portugal e a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC)
por "pretender colocar no mesmo grupo todos os alvos de buscas",
depois de ter sido confirmado que está fora da 83.ª edição.
"No
dia de ontem [quarta-feira], fui também alvo de buscas domiciliárias.
Desconheço a motivação e muito menos compreendo o timing. Certo é que
concluídas as buscas - com as quais colaborei integralmente, merecendo da parte
dos inspetores da PJ igual correção - não fui constituído arguido. Nada foi
encontrado na minha residência que pudesse estar relacionado com qualquer
substância ou utensílio utilizado na prática dopante",
detalhou o ciclista da Efapel, em comunicado enviado à agência Lusa.
Finalizadas as buscas, João
Benta entendeu "o acto como integrado
nas recentes notícias que afectaram a modalidade". "Foi-me, aliás, dito aquando das buscas que se algo
fosse encontrado seria de imediato constituído arguido e presente a juiz, de
outro modo o assunto ficaria resolvido com o relatório da diligência. Relatório
esse que, depois de lido, naturalmente assinei",
prosseguiu.
Revelando-se "triste,
desolado e revoltado, mas acima de tudo de consciência tranquila", o
corredor disse ter sido "com
surpresa" que tomou
"nota das indicações da organização e FPC dirigida às equipas, que, de
forma mais ou menos clara, pretendeu colocar no mesmo grupo todos os
profissionais alvos de buscas, tenham eles sido ou não constituídos
arguidos". "Não reconheço justiça
em tais medidas. Isto não é defender a modalidade, isto é dar uma machadada nos
atletas cumpridores, nas equipas e nos patrocinadores",
argumentou.
O corredor de Esposende, de 35
anos, considera que "a mera suspeita que
alguém entendeu lançar" sobre
o seu nome coloca "assim em causa o
trabalho de toda uma época e faz, além do mais, pairar sombras" sobre o que será o seu futuro. "Estou de consciência tranquila e certo de que tudo
fiz para corresponder às expectativas dos que em mim confiaram e confiam, mas
estou também invadido por um forte sentimento de injustiça, porque a
consciência tranquila não faz esquecer o quanto trabalhei durante esta época
para chegar ao nível desejado à prova rainha da temporada e ver ruir todo esse
projecto", reforçou.
Para João Benta, "abre-se assim um precedente grave, fazendo crer que
no futuro bastará lançar suspeitas sobre atletas para que os mesmos fiquem
automaticamente arredados de competir, condicionando-se assim a verdade
desportiva de uma prova". "Agradeço
por fim à minha equipa [a Efapel] por todo o apoio transmitido neste momento,
compreendendo a difícil decisão que tomaram comigo tendo em vista protegermos
este projecto desportivo e todos os que ao nosso lado se colocaram",
concluiu na nota enviada à Lusa.
Fonte: Record on-line
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