O diretor Carlos Araújo garante que etapa de Miranda do Corvo foi um "enorme sucesso"
Por: Pedro Filipe Pinto
Foto: BAI-Sicasal-Petro de
Luanda
A 'meta' é o Ruanda, mas Portugal tem
servido de rampa de lançamento para a BAI-Sicasal-Petro de Luanda, equipa que
tem o objetivo de potenciar os jovens talentos angolanos e prepará-los para
que, em 2025, a seleção consiga fazer uma boa figura no primeiro Campeonato do
Mundo realizado em África. Esta formação comandada por Carlos Araújo não é
conhecida pelos grandes resultados que faz no calendário português, mas o
diretor-desportivo garante que "ganhou a
Volta" na 5.ª etapa, no
Observatório de Vila Nova. Em conversa com Record, o ex-corredor, agora com 54
anos, falou do presente, mas também do passado e do futuro desta equipa.
Objetivos
"Costumo
dizer assim: há equipas que vêm para ganhar, outras que vêm para estar na luta,
outras vêm para participar e há quem vem para animar. Nós somos daqueles que
viemos para participar e animar. Se nos derem oportunidade, nós vamos lá e foi
o que aconteceu em Miranda do Corvo. Temos ali três garotos que se defendem bem
nesse tipo de etapas [montanha] e conseguiram estar bem, ao contrário da Serra
da Estrela. Faz parte dos nossos objetivos tentar fazer um pódio numa etapa,
entrar dentro das 15 melhores equipas e tentar colocar alguém dentro dos 30
primeiros. Por enquanto estamos a conseguir".
Apenas
dois angolanos
"Tivemos
de fazer uma alteração na nossa equipa e nesse aspeto a UCI ajudou-nos bastante
na documentação. Era para estarmos aqui com 5 atletas angolanos e os outros
dois estrangeiros, mas por causa de problemas com os vistos não conseguimos.
Criou-nos imensas dificuldades, pensávamos que teríamos de desistir. Há uma
dificuldade muito grande para conseguir vistos e por isso só conseguimos trazer
dois atletas. Esses vão levar a experiência e vão transmitir isso para o resto
do pessoal. Contamos colocar aqui mais miúdos angolanos na próxima época.
Esperamos receber o convite mais cedo, se a organização entender que somos
dignos de estar aqui. O nosso objetivo é desenvolver o ciclismo em Angola e
para isso é preciso que eles estejam cá".
Poucos
atletas nacionais beliscam o projeto?
"Não.
A nossa equipa dá oportunidade a todos. Temos uma estrutura que não é só de
Luanda. Também queríamos trazer os cadetes e juniores para fazerem a Volta a
Portugal, mas também tivemos de suspender isso por causa dos vistos. É a equipa
que importa. A equipa de futebol do Petro de Luanda também tem muitos
estrangeiros e quando um deles marca, o golo é do Petro, não é do país que o
jogador representa. Se tivermos a felicidade de fazer um pódio, o pódio será da
BAI-Sicasal-Petro de Luanda. O que gostaríamos é que os nossos atletas tenham
maior contacto para que amanhã consigamos ter uma hegemonia no ciclismo
africano, o que em 2019/2020 já estávamos a ter. O ciclismo português é muito
forte e aprendemos bastante, por isso quando vamos para África conseguimos impor-nos,
e é isso que queremos".
Receção
em Angola em caso de triunfo
"Se
ganhássemos uma etapa na Volta a Portugal era como se ganhássemos a Volta.
Aliás, o nosso resultado no Observatório de Vila Nova [6.º lugar de Barry
Miller] já é como se tivéssemos ganho. A nossa Volta está feita, foi uma
alegria enorme, independentemente do ciclista não ser angolano, foi uma alegria
enorme em Angola".
Mundiais
do Ruanda, em 2025
"Começámos
a tratar da questão dos Mundiais de 2025, no Ruanda, em 2018 quando tivemos pela
primeira vez no Tour do Ruanda, estava lá o presidente do UCI e ele disse que a
nossa equipa era um projeto de futuro e que nos gostaria de ver em 2025. Desde
então estamos a trabalhar para isso, também estamos a tentar colocar dois
atletas nos Campeonatos do Mundo deste ano, para começar a trabalhar nesse tipo
de ambientes".
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário