Ricardo Scheidecker lamenta a polémica gerada no Giro'2021 e aborda o que aconteceu
Por: Lusa
Foto: Wout Beel
Ricardo Scheidecker lamenta a
polémica gerada no Giro'2021 em torno da alegada tensão entre João Almeida e
Remco Evenepoel, lembrando que o ciclista português teve de trabalhar para o
belga por ter perdido tempo na quarta etapa.
"Não
tenho redes sociais, pelo que não tenho noção nenhuma da repercussão e isso
incomoda-me e incomodou-me zero. Lamento as pessoas terem ficado chateadas,
mas, a nível interno, aquilo que eu posso dizer é que o João se encontrou na
situação de ter de trabalhar para o Remco, porque no dia da [quarta] etapa de
Sestola perdeu tempo", recorda, em declarações à
Lusa.
O episódio conta-se numa 'penada': o luso 'quebrou', perdeu quase seis minutos para
o vencedor da etapa, e deu um trambolhão na geral, descendo do quarto ao 42.º
posto, com o recém-coroado vencedor da 48.ª Volta ao Algarve a assumir-se então
como único chefe de fila da formação belga, na oitava posição.
"Se
não tem perdido tempo, teria sido ao contrário, porque nós não somos uma equipa
de 'totós'. Somos uma equipa que tem de gerir os seus recursos da forma como a
corrida se desenvolve. Esse dia foi um dia capital. E eu falei disso com o João
nesses dias e ele sabe muito bem, sempre me disse que aquele dia foi chave no
Giro, porque ele tinha condições para ter ganho a Volta a Itália no ano
passado", considera o diretor técnico e de
desenvolvimento da Quick-Step Alpha Vinil.
Nesse dia, dezenas de adeptos
portugueses - a maioria dos quais 'convertida'
ao ciclismo apenas desde a extraordinária exibição de João Almeida na Volta a
Itália no ano anterior - 'invadiram'
as redes sociais da então Deceuninck-QuickStep para criticar a opção da equipa,
que não esperou pelo jovem de A-dos-Francos (Caldas da Rainha), e insultar
Evenepoel, numa ausência de 'fair play'
inédita na modalidade que haveria de prolongar-se até ao final da temporada
passada.
"Não
me incomodam as críticas e as redes sociais não são um ambiente onde eu me
encontre", esclarece Scheidecker, recordando que,
naquele 11 de maio de 2021, o agora ciclista da UAE Emirates cometeu uma falha
que hipotecou definitivamente o seu sonho de levar a camisola rosa para casa.
"[O
João Almeida] surpreendeu-me pela positiva e tive a oportunidade de lhe dizer
que excedeu as minhas expectativas, o que me deixou extremamente feliz, mas com
aquele sabor agridoce de 'caramba, um dia em que te esqueces de comer outra
vez, como já tinha acontecido no Tirreno-Adriático, deixa-te numa situação de
desvantagem'. E, pronto, o ciclismo é isto mesmo: vivendo e aprendendo",
nota.
Os 'ecos' da alegada rivalidade luso-belga
foram alimentados nas redes sociais e também nos comentários televisivos, mas o
diretor português da Quick-Step Alpha Vinil garante que não contaminaram o seio
da formação belga.
"Nós,
na equipa, gerimos a situação e os corredores de forma serena, creio que com a
liderança necessária para que os corredores façam aquilo que devem fazer e para
que consigamos tirar deles o melhor. Acho que isso acabou por acontecer, porque
fizemos um Giro excecional, apesar de não termos ganho nenhuma etapa. Fomos
protagonistas, falhou [o triunfo] mas foi por pouco. Esta história das tensões
e daquilo que as pessoas veem do exterior não é necessariamente aquilo que nós vemos
do interior", contrapôs.
Quarto do Giro2020, no qual
andou 15 dias vestido de rosa, João Almeida viria a protagonizar uma
recuperação 'fulgurante', que o levou ao sexto lugar da geral final, com o
mesmo tempo do quinto, o colombiano Daniel Martínez, enquanto Evenepoel, que se
estreava numa grande Volta depois de ter estado mais de oito meses afastado da
competição, devido a uma fratura da pélvis, acabou por desistir, na sequência
de uma queda, após a 17.ª etapa, quando já estava a mais de uma hora do 'maglia rosa' Egan
Bernal.
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário