Presidente do Comité Olímpico de Portugal recebeu esta terça-feira João Almeida, Ruben Guerreiro e Daniela Campos
Por: Lusa
Foto: Pedro Ferreira
O presidente do Comité
Olímpico de Portugal (COP) enalteceu esta terça-feira a importância que os
êxitos recentes do ciclismo têm para o desporto nacional e destacou o trabalho
feito na pista, vertente 'responsável' por cerca de 40 pódios internacionais.
Na presença de João Almeida,
Ruben Guerreiro e Daniela Campos, José Manuel Constantino começou por
reconhecer que "não é muito habitual" assistir-se a tantos feitos na
modalidade num tão curto espaço de tempo.
"Em primeiro lugar, quero
dirigir uma palavra aos atletas. Naturalmente que os vossos triunfos
desportivos tem um sabor especial para cada um de vós, mas muitas vezes não se
imagina a importância que o vosso êxito individual tem para o país em termos
gerais e para o desporto em particular", notou, antes de personificar os
elogios.
Sobre Daniela Campos, a
recém-coroada campeã da Europa júnior de eliminação em pista de 18 anos, o
presidente do COP destacou a sua juventude e o percurso "muito relevante
face à idade que tem".
"O João é um exemplo --
não sei se tiveste consciência que entusiasmaste o país de norte a sul. A tua
prestação foi não apenas brilhante, mas exemplar, porque, mesmo quando perdeste
a camisola rosa, não arranjaste nenhuma desculpa, [reconheceste que] os outros
foram mais fortes, mas não desististe de lutar. Lutaste sempre. Mesmo naquela
etapa mais complicada que tiveste na montanha [no Stelvio], quando os teus
opositores foram embora e tu ficaste para trás, encontraste forças para
procurar encurtar as distâncias", recordou.
Considerando que a atitude
demonstrada pelo quarto classificado na Volta a Itália, prova que liderou
durante 15 dias, "é um grande exemplo, sobretudo para a geração mais jovem
e para todos os desportistas", José Manuel Constantino defendeu que, no
desporto, "não basta ser talentoso, é também necessário ter um grande foco
na capacidade de superação".
"É isso que, depois, no
fundo, distingue os campeões. E tu, de facto, deste um exemplo de grande
capacidade de luta, de grande entusiasmo", completou sobre o jovem
ciclista da Deceuninck-QuickStep, que, aos 22 anos, é já o melhor português nas
103 edições do Giro.
O novo coronavírus acabou por
marcar a receção aos 'heróis' do ciclismo na sede do COP, em Lisboa, já que,
além da ausência de Iuri Leitão, o novo campeão europeu de scratch, e de Maria
Martins, bronze na prova de eliminação, devido "a problemas de ordem
sanitária, também o uso de máscara levou o presidente do COP a 'confundir'
Ruben Guerreiro com Tiago Ferreira, que ganhou a medalha de prata no Mundial de
maratona em BTT.
"Você enganou-me",
brincou, dirigindo-se ao presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo,
Delmino Pereira, que terá passado a mensagem de que o ciclista da Education
First tinha ficado retido em Pegões Velhos.
Desfeito o equívoco,
Constantino destacou o facto de Guerreiro ter sido alguém que, apesar de ter
como objetivo ser 'rei da montanha' na Volta a Itália, esteve sempre a torcer
pelo seu compatriota, tendo mesmo ajudado João Almeida na luta pela 'maglia
rosa'.
"Isso é revelador de um
grande companheirismo e de um grande sentido de missão relativamente à
representação portuguesa. E tiveste um feito extraordinário. Tens seguramente
uma carreira muito importante relativamente ao teu futuro", pontuou.
Apesar da ausência da
delegação do ciclismo de pista que conquistou várias medalhas para Portugal nos
Europeus de Plovdiv, na Bulgária, o dirigente olímpico sublinhou o trabalho
realizado naquela vertente nos últimos 11 anos, desde que o antigo presidente
da FPC Artur Lopes, hoje sentado ao seu lado, convenceu o presidente da Câmara
de Anadia a 'entrar na aventura' de construir o velódromo em Sangalhos, um
projeto que teve também o apoio do Governo.
"Tenho a ideia de que os
portugueses não têm a exata noção do que se passou na pista. Nós, há 11 anos,
não tínhamos pista, pista. [...] Esta situação deu a possibilidade de, ao fim
de 11 anos, termos cerca de 40 pódios. Graças ao trabalho da FPC, ao trabalho
de um homem extraordinário chamado Gabriel Mendes, que é uma pessoa que passa
despercebida, mas é um técnico de elevadíssima qualidade e, naturalmente,
graças também ao talento dos nossos atletas", realçou.
José Manuel Constantino
resumiu como "extraordinário" o facto de, "em 11 anos, partindo
do zero", Portugal ter conseguido resultados de relevo, como os deste
Europeu, em que foi a quarta nação mais medalha, com seis 'metais', dois deles
de ouro -- Ivo Oliveira sagrou-se campeão europeu de perseguição.
"É extraordinário cativar
atletas para a pista, porque eles gostam é de andar na estrada - digo eu -,
treiná-los, ir às competições internacionais e ter os resultados
extraordinários. Isto é um caso de estudo", estimou.
Fonte: Record on-line
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