Perante
um auditório repleto, o dirigente minhoto acusou também algumas autarquias e
alguma comunicação social de tratamento diferenciado, defendeu o reforço dos
apoios ao ciclismo regional e de formação, anunciou uma iniciativa junto do
poder político para enquadrar todos os eventos na tutela das federações e
apelou aos jovens atletas para que não descurem os estudos e conciliem a vida
académica com a prática desportiva.
A
Associação de Ciclismo do Minho encerrou a época desportiva de 2018 com uma
Gala em que, além da consagração dos Campeões do Minho e dos vencedores das
diversas competições, homenageou os minhotos que se sagraram Campeões Nacionais
em 2018 e que alcançaram resultados internacionais de relevo.
“O
nível de progresso de um País também se mede pelo índice de prática desportiva
e pela qualidade e quantidade do trabalho desenvolvimento na formação
desportiva dos jovens. Por vezes, basta um pequeno reconhecimento público que
confira visibilidade às modalidades - nem que este surja apenas quando um
atleta alcança um feito desportivo de relevo - para que as dificuldades
diminuam”, referiu José Luís Ribeiro lamentando que “infelizmente, nem isso
aconteça e o ciclismo, como outras modalidades amadoras, continuem a ser
discriminados por aqueles que mais responsabilidades têm”.
“Onde
estavam o Presidente do República e o Governo quando ciclistas portugueses
conquistaram títulos europeus e mundiais? Como é possível um Presidente da
República e o Governo continuarem a discriminar o ciclismo e a não atribuírem
tratamento igual às modalidades e aos feitos desportivos das modalidades
amadoras? Quantos títulos internacionais será necessário o ciclismo voltar a
conquistar para que os titulares de cargos públicos se dignem reconhecer a
modalidade?”, questionou José Luís Ribeiro afirmando “não ser justo que o
ciclismo seja considerado pelo IPDJ das primeiras modalidades nacionais em
termos de desenvolvimento desportivo mas seja das últimas em termos de
financiamento público”.
O
dirigente minhoto considerou ser “imperioso” que o Presidente da República e o
Governo “saibam e reconheçam que existe muito mais desporto para além do
futebol”, afirmando que “ao não ser alterado o comportamento discriminatório
evidenciado até ao momento pelo presidente da República e pelo Governo, estes
continuarão a trilhar o caminho para se transformarem no Presidente e no
Governo de alguns portugueses e no Presidente e no Governo de apenas algumas
modalidades desportivas”,
José
Luís Ribeiro afirmou que “situação idêntica, infelizmente, ocorre também
nalgumas autarquias do Minho que privilegiam algumas modalidades na atribuição
de apoios e discriminam os nossos clubes de ciclismo”.
Os
apoios ao desenvolvimento da prática desportiva e ao alto rendimento, a revisão
dos estímulos do Estatuto do Mecenato e o incentivo e valorização do trabalho
dos dirigentes desportivos voluntários são matérias que, segundo o dirigente
minhoto, “se não forem urgentemente acauteladas vão contribuir para o rápido
declínio do desporto”.
“É
fundamental estimular e valorizar o trabalho desenvolvido no ciclismo regional e
reconhecer que os clubes e as associações, movidos pelo trabalho voluntário dos
seus dirigentes, são a base da construção do desporto e prestam à comunidade um
serviço singular, mantendo ativos e dinamizando projetos que contribuem, por
exemplo, para a integração social, a democratização da prática desportiva e a
preservação dos valores do desporto”.
“Sem
ciclismo regional de formação não haverá futuro, não existirá ciclismo
profissional e não haverá sequer Volta a Portugal”, referiu o dirigente
considerando que a Federação Portuguesa de Ciclismo tem que fazer mais,
exigindo ao Governo, com mais veemência e eficácia, um tratamento justo e
adequado para o ciclismo”.
José
Luís Ribeiro acusou ainda a comunicação social de “salvo raras exceções, só se
lembra do ciclismo para noticiar casos de doping”. “Somos pelo jogo limpo e
defendemos “tolerância zero” em relação ao doping mas - também neste assunto -
não aceitamos tratamentos diferenciados. Não se percebe nem se aceita que a
comunicação social e a própria população sejam benevolentes e desvalorizem
casos de doping surgidos noutras modalidades mas sejam absolutamente
implacáveis quando surgem casos no ciclismo”, disse reafirmando que a ACM “foi
e continuará a ser pelos princípios e valores do desporto, nomeadamente, a
ética, a honestidade, o espírito e a verdade desportiva”.
“Defendemos
e continuaremos a exigir que a Federação Portuguesa de Ciclismo processe
judicialmente os prevaricadores em matéria de dopagem reclamando indemnizações
pelos prejuízos causados à modalidade”, referiu o dirigente relembrando que,
desde 2014, a ACM alerta para “os sinais preocupantes em relação ao doping
detetados, em especial, em eventos e competições não reconhecidas pelas
federações desportivas”.
“Esses
são eventos que fogem à tutela das federações e nos quais não existe qualquer
garantia, por exemplo, de cumprimento das normas de segurança e da defesa da
verdade e da ética desportiva, podendo, inclusive, estarem a contribuir para a
proliferação do doping. Esses eventos são um sério problema do desporto atual e
uma grave ameaça ao desenvolvimento desportivo, não apenas do ciclismo,
configurando também uma flagrante e incompreensível concorrência desleal em
relação a eventos desportivos devidamente oficializados pelas federações”, afirmou.
O
Presidente da Associação de Ciclismo do Minho considerou ser “urgente enquadrar
definitivamente todos os eventos nas respetivas Federações dotadas do Estatuto
de Utilidade Pública Desportiva pelo que, acompanhando a evolução do fenómeno
desportivo e antecipando o futuro, estamos a trabalhar, com o apoio da
Federação Portuguesa de Ciclismo, numa proposta de alteração legislativa que
oportunamente será apresentada”.
No
balanço da época desportiva, José Luís Ribeiro considerou que “2018 foi um ano
de excelência para a Associação de Ciclismo do Minho: consolidamos a ACM como a
maior e mais representativa associação regional de ciclismo do País (2893
atletas, 127 clubes, 157 agentes desportivos, 186 dias de atividade, 2860
colaboradores voluntários em todas as atividades e 45.318 participantes no
total das atividades), desenvolvemos e inauguramos em Guimarães a segunda fase
do Centro de Ciclismo do Minho, organizamos mais uma edição do Grande Prémio do
Minho, organizamos os campeonatos do Minho de ciclismo de estrada e BTT, provas
da Taça de Portugal e os Campeonatos Nacionais de Maratonas e de Ciclocrosse e
organizamos ainda aqueles que já foram considerados os melhores Campeonatos do
Mundo Universitários de sempre”. “Orgulha-nos o êxito da época desportiva de
2018 e partilhamos o sucesso com todos os que contribuem para que a Força Minho
seja uma realidade cada vez mais pujante”, referiu.
Aos
jovens atletas, “que merecem o nosso carinho especial”, o dirigente minhoto fez
um pedido: “continuem a divertir-se com o ciclismo mas nunca descuidem os
estudos. É possível praticar desporto e ter bom rendimento escolar. O estudo e
o desporto complementam-se e potencializam-se, sendo possível conciliar a
carreira académica com a prática desportiva ao mais alto nível. Esse é o
caminho certo, esse é um caminho de futuro”.
“Também
não esquecemos – porque merecem uma palavra de apreço e de reconhecimento - as
famílias dos atletas, dos dirigentes, dos restantes agentes desportivos,
voluntários e patrocinadores. Sem o apoio deles, jamais se conseguiriam vencer
as dificuldades”, concluiu.
Na
10ª edição da Gala da ACM foram homenageados os atletas minhotos que se
sagraram Campeões Nacionais em 2018 e que conquistaram resultados de relevo a
nível internacional. De igual modo, foram entregues os prémios finais do
Campeonato do Minho de Ciclismo de Estrada - Arrecadações da Quintã, Campeonato
do Minho de BTT XCO - Raiz Carisma, Campeonato do Minho de BTT DHI - CISION,
Campeonato do Minho de BTT XCM - AFA Cycles e da Taça do Minho de Ciclismo de
Estrada - Arrecadações da Quintã e de BTT XCO - Raiz Carisma.
Na
iniciativa, que decorreu com grande entusiasmo e emoção, atuaram Marco Génio, a
Academia Sara Salazar - Danças Orientais, Zé Miguel, Paulo Rodrigues / Ana
Silva e Sina Key.
Fonte:
ACM
Sem comentários:
Enviar um comentário