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Câmara
pretende que bicicleta seja um meio alternativo de transporte e avança com seis
grandes eixos no interior da cidade
Nos próximos
dois anos a cidade de Lisboa deverá atingir os 200 quilómetros de vias
cicláveis. Aos atuais 60 quilómetros dedicados às bicicletas vão juntar-se mais
150, que vão atravessar "transversalmente" a capital, em seis grandes
eixos. Um passo que cria "uma verdadeira rede de mobilidade",
defendeu ontem o presidente da autarquia, Fernando Medina. Ou seja, às
ciclovias que atualmente servem sobretudo como espaço de lazer vão juntar-se
novas vias que visam promover a bicicleta a meio alternativo de transporte no
interior da cidade. Outra aposta vai para a frente ribeirinha. Lisboa, Oeiras,
Loures e Vila Franca estão em "conversas" para efetuar a ligação das
ciclovias em toda a beira-rio.
De
acordo com as linhas gerais do plano para a mobilidade ciclável, ontem
apresentadas pelo vereador das Estruturas Verdes, José Sá Fernandes, a cidade
vai ser atravessada por seis eixos principais: o da frente ribeirinha
(Marginal), o que vai ligar Benfica ao Braço de Prata, o Eixo Circular
Exterior, um quarto, Alcântara-Luz, uma quinta via, que está agora em execução
nas obras do Eixo Central, e uma sexta rede, que atravessará os Olivais. A
estas vias juntar-se-á uma "rede complementar" cujos contornos Sá
Fernandes remete para a apresentação do plano integral, no final do mês de
outubro.
Segundo
o responsável autárquico, a rede principal estará pronta no "primeiro
semestre de 2017", podendo "um ou outro troço" ser finalizado no
segundo semestre ou inícios de 2018. Boa parte da nova rede ciclável está já em
construção, como sucede no Eixo Central (Avenida Fontes Pereira de Melo e
Avenida da República) ou na Avenida 24 de Julho, ou em implementação, no caso
das zonas 30 (onde os automóveis não podem circular a mais de 30
quilómetros/hora), como é o caso da Avenida Praia da Vitória, que recentemente
foi alvo de obras de requalificação.
A
nova rede ciclável assumirá, assim, configurações diversas. Nas vias em que há
redução da velocidade e intensidade do tráfego, as bicicletas vão partilhar o
espaço rodoviário com os automóveis. Já nos principais eixos de circulação o
espaço reservado aos ciclistas será "segregado" da via rodoviária -
ou seja, estará separado das vias reservadas aos automóveis por um elemento
físico (pilaretes, por exemplo). A segurança foi, aliás, um aspeto destacado
pelo presidente da autarquia, Fernando Medina, como essencial para que os
lisboetas adiram à bicicleta como meio de transporte na cidade. "Segura e
funcional" foram dois termos repetidos por Sá Fernandes, que defendeu que
esta rede vai "unir a cidade inteira". As vias para as bicicletas
terão uma sinalética própria.
Falando
na conferência Mobilidade Sustentável em Lisboa, que ontem decorreu na Reitoria
da Universidade de Lisboa, Sá Fernandes disse que a Câmara de Lisboa está a
"falar com Loures" para ligar a rede ciclável entre os dois
municípios através de uma ponte sobre o rio Trancão. Sá Fernandes não avançou
datas e, do outro lado, também não há prazos. Fonte da autarquia de Loures
disse ao DN que a construção de uma ciclovia na frente ribeirinha do município
está por agora "em fase de projeto", num trabalho que está a ser
desenvolvido "em conjunto" com Lisboa e Vila Franca de Xira.
Além
da frente ribeirinha, a ligação das vias cicláveis aos concelhos limítrofes de
Lisboa vai fazer-se também pelo interior da cidade, nomeadamente com uma
ligação a Oeiras através do Monsanto. "A mesma coisa pode acontecer com
Amadora e Odivelas", referiu Sá Fernandes.
Mais
estacionamento dissuasor
Mais
bicicletas, menos carros, mais estacionamento. Outra aposta da Câmara de Lisboa
passa pela criação de estacionamento junto a pontos de entrada da cidade ou
interfaces de transportes. Vão ser mais de quatro mil novos lugares, disse
Fernando Medina, apontando a concretização desta medida para o próximo ano. A
diretora municipal da mobilidade e transportes da câmara, Fátima Madureira,
especificou que serão seis os parques dissuasores para quem entra na cidade de
automóvel e vão situar-se na Belavista, no Colégio Militar (junto ao Estádio da
Luz), em Santa Clara (junto à estação de metro da Ameixoeira), na Pontinha, em
Pedrouços e no Campo Grande (no Estádio de Alvalade). Manuel Salgado, vereador
do Planeamento e Urbanismo, pôs a questão assim: "Em cada três carros que
circulam em Lisboa, dois vêm de fora e estão estacionados todo o dia" na
cidade, ocupando um espaço equivalente a "1400 campos de futebol".
Retirar
os carros do centro
Falando
logo na sessão inaugural da conferência, Fernando Medina defendeu uma
"nova visão estratégica da mobilidade". Manuel Salgado foi mais
concreto: "Sem reduzir o número de veículos que circulam em Lisboa, a
mobilidade no centro da cidade não tem solução."
Medina
adiantou que está já concluído com o governo um entendimento relativamente ao
nó da Buraca e ao nó da A1, no Campo Grande, de forma a dar um papel mais
central à CRIL - ou seja, dar--lhe "o seu verdadeiro papel enquanto
circular externa da cidade". O autarca da capital disse também considerar
como prioritária "a ligação direta da A5 ao Eixo Norte-Sul", bem como
a conclusão das acessibilidades ao aeroporto, de forma a retirar do centro da
cidade o tráfego de e para a zona aeroportuária da cidade.
No
mesmo espírito - retirar os carros do centro de Lisboa -, Medina defendeu que a
"utilização intensiva do eixo ribeirinho pode ser alterada, com vantagem,
pela utilização dos meios [viários] circulares" que rodeiam a cidade.
Fonte:
DN
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