Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
As consequências de meses de
protestos e pressões políticas continuadas atingiram outro marco importante no
mundo do ciclismo profissional: a Israel - Premier Tech não vai participar na
Volta à Lombardia 2025, com a lista de inscritos preliminar confirmada e com a
equipa a ser uma ausência notável.
A omissão oficial não
surpreende, depois de a equipa se ter retirada de várias corridas italianas e
espanholas nas últimas semanas. Mas a sua ausência da Volta à Lombardia, um dos
cinco monumentos do ciclismo, marca a ausência mais significativa até à data e
pode assinalar o início de uma mudança mais ampla na forma como as equipas
politicamente sensíveis são tratadas pelos organizadores das corridas e pelos
organismos governamentais.
Meses de
pressões e de desistências
A Israel - Premier Tech tem
estado sob intenso escrutínio desde a Volta a Espanha 2025, em que a equipa foi
alvo de constantes protestos pró-palestinianos. Várias etapas foram
interrompidas, incluindo a neutralização da chegada da etapa em Bilbau e a deslocação
de última hora da linha de chegada da 16ª etapa. A última etapa, em Madrid, foi
marcada por uma "tensão sem precedentes", segundo os responsáveis da
prova, acabando por ser cancelada.
A reação dos governos locais e
dos organizadores de corridas em toda a Europa tem sido rápida e cada vez mais
resoluta. No início deste outono, a equipa foi excluída do Giro dell'Emilia e
optou por se retirar do Trittico Lombardo (Coppa Agostoni, Coppa Bernocchi e
Tre Valli Varesine) na sequência de uma pressão externa generalizada.
Em Espanha, o presidente do
conselho insular da Gran Canaria, Antonio Morales, declarou publicamente que a
sua região não acolheria a Vuelta de 2026 a menos que a equipa israelita fosse
excluída, comparando a sua posição à forma como as equipas russas foram
tratadas na sequência das sanções internacionais.
Morales acusou o proprietário
da equipa, Sylvan Adams, de utilizar a equipa como um "projeto de
propaganda" devido às suas ligações com o primeiro-ministro israelita
Benjamin Netanyahu, e classificou as acções de Israel em Gaza como genocídio, observações
que provocaram um debate internacional e mais protestos.
Rebranding
não é suficiente... ainda
No início de outubro, a Israel
- Premier Tech anunciou que iria sofrer uma mudança total de marca para a época
de 2026, com a eliminação da palavra "Israel" do seu nome e
equipamento. Adams, que há muito é o rosto público da equipa, também se afastará
das operações diárias.
No entanto, até à data, este
anúncio não conseguiu aliviar as tensões. A presença da equipa continua a
atrair controvérsia e muitos organizadores citaram as preocupações com a
segurança como um fator-chave nas suas decisões de impedir ou desencorajar a participação.
Com a lista oficial de inscritos para a Volta à Lombardia 2025 agora publicada,
a Israel - Premier Tech está confirmada como estando completamente ausente da
corrida.
Os organizadores das corridas
italianas não esconderam o seu mal-estar nas últimas semanas. A conselheira de
Bolonha, Roberta Li Calzi, pediu que a equipa fosse proibida de competir,
afirmando que "os eventos desportivos não devem ser cúmplices das ações
dos governos que minam os direitos humanos". Entretanto, o diretor da
corrida, Adriano Amici, sugeriu que a UCI, o organismo que rege o ciclismo a
nível mundial, tomasse a iniciativa de emitir orientações sobre o assunto, para
evitar colocar os organizadores em posições politicamente carregadas.
Para já, a época de 2025 da
Israel Premier Tech parece estar a terminar antecipadamente. Resta saber se a
mudança de marca será suficiente para travar o crescente isolamento da equipa
no pelotão.
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