Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O desaparecimento da Israel -
Premier Tech marca o fim de um capítulo turbulento no ciclismo internacional.
Após meses de crescente pressão por parte dos adeptos, organizadores,
patrocinadores e até dos próprios ciclistas, o projeto liderado por Sylvan Adams
foi oficialmente desmantelado, encerrando a presença de uma equipa israelita no
World Tour. No entanto, o ciclismo em Israel poderá não estar totalmente
afastado da ribalta o país pode estar a preparar-se para acolher o início da
Volta a França num futuro próximo.
O colapso
da Israel - Premier Tech
A decisão de dissolver a
equipa surgiu na sequência de uma crise sem precedentes. As crescentes tensões
políticas e humanitárias na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, bem como as
acusações internacionais de crimes de guerra e genocídio, tornaram insustentável
a associação de um projeto desportivo a financiamento estatal israelita.
De acordo com várias fontes
próximas da equipa, a Premier Tech - principal patrocinadora - e a fabricante
de bicicletas Factor apresentaram um ultimato: ou Israel retirava o patrocínio
direto e a influência governamental, ou cessariam o apoio financeiro. Face à
situação, Sylvan Adams optou por encerrar o projeto, colocando um ponto final
numa formação que, desde 2015, havia passado de equipa continental a presença
regular no World Tour.
Um futuro
improvável: a Grand Départ em Israel
Apesar de tudo, a Federação
Israelita de Ciclismo parece acreditar num renascimento do país como anfitrião
de grandes eventos. A sua presidente, Dafna Lang, revelou em entrevista ao
L’Équipe que o país poderia tentar receber o Grand Départ da Volta a França, um
plano que, à luz da atual conjuntura, parece quase impensável.
"Não posso dizer-vos já
que vamos concorrer à Volta a França ou organizá-la, mas nunca deixamos de
sonhar", afirmou Lang. "Não posso falar por Sylvan Adams, mas
acredito que, quando tivermos uma paz estável, realizaremos muitos projetos ao
mais alto nível, acolhendo o mundo. Somos um povo muito otimista. Já trouxemos
o Giro para cá, por isso tudo é possível".
Recordações
do Giro de 2018
A referência de Lang diz
respeito à partida da Volta a Itália de 2018, em Jerusalém, a primeira vez que
uma grande volta começou fora da Europa. O evento, amplamente promovido como
símbolo de cooperação e abertura, acabou mais tarde por ser criticado por
grupos de direitos humanos pela sua instrumentalização política.
Entre o
sonho e a realidade
A ideia de uma Grande Partida
em Israel num futuro próximo continua a parecer remota, dada a instabilidade e
o impacto que a guerra teve na imagem internacional do país. No entanto, a
ambição expressa por Lang revela que, mesmo após o colapso da sua equipa e o
isolamento diplomático crescente, Israel procura regressar ao ciclismo mundial
através do turismo e do desporto.
Por agora, o desaparecimento
da Israel - Premier Tech deixa um vazio no pelotão e encerra uma era que
começou com ambição e terminou envolta em polémica. E enquanto a poeira ainda
assenta, o ciclismo observa de longe, dividido entre a memória do passado recente
e a dúvida sobre se o desporto poderá, algum dia, regressar às estradas
israelitas.
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