sexta-feira, 29 de agosto de 2025

"É tudo sobre ele. Raramente o ouço falar sobre os colegas de equipa..." Bruyneel e Martin questionam se Ayuso irá trabalhar para João Almeida na Vuelta”


Por: Miguel Marques

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

A 6ª etapa da Volta a Espanha 2025 trouxe todos os ingredientes de uma grande volta: fuga bem-sucedida, mudança de liderança e a implosão de uma das jovens estrelas do pelotão. Jay Vine (UAE Team Emirates - XRG) confirmou o estatuto de especialista da corrida ao vencer isolado em Andorra, enquanto Torstein Træen herdou a camisola vermelha. Atrás, Jonas Vingegaard mostrou serenidade, João Almeida confirmou a sua consistência e Juan Ayuso sofreu um colapso inesperado. Johan Bruyneel e Spencer Martin analisaram a etapa no podcast The Move, deixando várias reflexões sobre o rumo da corrida.

 

A fuga e o triunfo inevitável de Vine

 

Desde cedo, Vine demonstrou ser o homem mais forte da fuga. "Sim, era óbvio que Jay Vine ia ganhar esta etapa desde os 10 minutos da fuga", confessou um ciclista aos comentadores. Martin destacou a forma como o australiano voltou a vencer com assinatura própria: "Ele simplesmente, de uma forma impressionante, deixa toda a gente para trás e foge ao estilo clássico de Jay Vine".

Para Bruyneel, o plano parecia calculado: "Havia obviamente uma razão para ele ter perdido tanto tempo nas primeiras etapas. Diria que provavelmente de propósito... Ele estava muito, muito longe na classificação geral. Por isso, o plano era mesmo esse, ir para as fugas. Resultou bem. Quer dizer, a Vuelta é a corrida dele. É aqui que ele ganha etapas".

A vitória reforça o estatuto de Vine como caçador de etapas de montanha na Vuelta. "É a terceira vitória dele na Vuelta", recordou Martin. "Duas em três etapas em 2022, e depois ele caiu depois".

 

Træen de vermelho, símbolo de resiliência

 

O segundo lugar deu a Torstein Træen a liderança da geral, numa história inspiradora. "É uma grande recompensa para ele... Na verdade, é um doente de cancro nos testículos em recuperação. Vê-lo agora na liderança de uma grande volta é simplesmente fantástico", destacou Bruyneel.

Martin acrescentou: "Ele estava a conseguir estes resultados de forma discreta. Ganhou a etapa rainha da Volta à Suíça no ano passado. E agora está no vermelho na Vuelta. Isso é fantástico".

 

Vingegaard firme, Almeida em crescimento

 

No grupo dos favoritos, Vingegaard manteve-se tranquilo. "Na minha opinião, a Visma esteve muito forte, a equipa mais forte de longe. Jonas esteve fantástico. Nunca esteve sob pressão. Parecia confortável", avaliou Bruyneel, questionando até se o dinamarquês não terá sido conservador ao guardar energias para mais tarde.

Já João Almeida voltou a demonstrar resiliência. "Almeida, à sua maneira, volta a subir", disse Martin. Bruyneel concordou: "Hoje foi uma grande subida para o Almeida. Foi a ritmo, dura, mas não muito íngreme. Foi uma subida para o Almeida e ele esteve bem".

 

O colapso e as dúvidas em torno de Ayuso

 

A manchete do dia acabou por ser a implosão de Ayuso. Depois de alertar antes da corrida que a sua preparação não tinha sido ideal, o jovem espanhol confirmou as previsões mais pessimistas. "Ele não se preparou para esta grande volta como se tinha preparado para outras grandes voltas. Hoje ficou claro que ele não tem a forma para estar na frente da Vuelta", afirmou Bruyneel.

Mas a análise foi além da forma física. "O que eu vejo no Ayuso é que ele tem sempre a mente de um líder. É tudo sobre ele. Raramente o ouço falar sobre os colegas de equipa ou sobre a equipa. É sempre sobre o que ele fez, ou o que não fez, e se ele se sentiu bem, ou se não se sentiu bem", observou Bruyneel.

Martin partilhou a mesma preocupação: "Perguntaram-lhe: 'É um grande dia para a equipa', e ele disse: 'Bem, não sei o que aconteceu. Quem é que ganhou? Isso é preocupante para mim".

Bruyneel foi ainda mais direto: "Qualquer ciclista de uma equipa, mesmo que seja eliminado, estaria interessado em saber se o seu colega de equipa ganha. Ele simplesmente não estava interessado".

 

Futuro imediato: gregário ou líder?

 

O papel de Ayuso daqui para a frente será uma questão central. "Ele não deve ser, neste momento, o líder dos Emirates em nenhuma das grandes voltas. Penso que, neste momento, ele deve concentrar-se nas corridas de uma semana, nas quais é ótimo. Tem qualidades fantásticas nas corridas de uma semana, mas ainda não é um líder de uma grande volta", analisou Bruyneel.

Apesar disso, o talento do espanhol é inegável. "Com 19 anos, entrou na Vuelta e terminou em terceiro lugar. Isso foi espetacular. Mas não se confirmou desde então. Abandonou o Tour no ano passado, abandonou o Giro este ano, e agora não vai definitivamente estar no pódio da Vuelta", recordou o belga.

A solução pode passar por um papel mais coletivo: "Ele tem agora a oportunidade de mostrar que pode ser um grande companheiro de equipa. Porque ele não está doente, não está lesionado e mostrou grande forma ontem no contrarrelógio por equipas. Um Ayuso que está a 80% ainda pode ser muito valioso para a UAE".

 

Perspetivas para o resto da Vuelta

 

Para Martin, o paradoxo da equipa é curioso: "Esta é a coisa engraçada desta Vuelta. Os Emirates venceram etapas consecutivas, um dos seus líderes está fora da classificação geral e toda a gente pensa que são os azarões. Mas estão a ganhar etapas e o ambiente deve ser fantástico".

Quanto à luta pela geral, Bruyneel mantém a sua aposta: "Ele é o melhor ciclista desta corrida. É o melhor trepador desta corrida. Por isso, vou optar por Jonas Vingegaard".

Martin, contudo, vê Almeida como ameaça séria: "Se pensas que tens uma vantagem sobre alguém como o João, tens de a pressionar. Porque se esperarmos e ele melhorar, podemos arrepender-nos".

Nas palavras finais de Bruyneel: "Está a aquecer lentamente. Não está a ficar sóbrio - é uma fervura lenta. Mas estou entusiasmado por ver como isto se

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