Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A temporada de 2025 tem sido
marcada por um elevado nível de desempenho por parte dos ciclistas portugueses
nas mais prestigiadas provas internacionais. Em diversas competições de renome,
como a Volta ao País Basco, a Paris-Nice, a Volta ao Algarve e o Giro
d'Abruzzo, ciclistas como João Almeida, António Morgado, Iúri Leitão e Ivo
Oliveira têm demonstrado que o ciclismo português tem vindo a consolidar-se
como uma nação em ascensão no cenário mundial. Já são 9 vitórias lusas no
calendário internacional em 2025, um número que já superou o registo de 2024 -
6 - e igualou o de 2022. A acrescentar a isso, um total de 18 pódios, que
colocam Portugal como a 14ª nação mais bem sucedida esta temporada.
João
Almeida: Consistência e Ambição no World Tour
João Almeida, o grande nome do
ciclismo português na atualidade, continua a demonstrar todo o seu talento nas
provas mais exigentes do calendário World Tour. O ciclista de 26 anos, que
corre pela UAE Team Emirates - XRG, está na elite do ciclismo mundial e é,
atualmente, um dos nomes mais consistentes quando se fala em grandes voltas -
fez top 10 em todas as corridas de 3 semanas que concluiu.
O grande destaque de Almeida
nos primeiros meses de 2025 ocorreu na Volta ao País Basco, uma das provas de
uma semana mais difíceis e prestigiadas do circuito mundial. A competição
passou por algumas das mais difíceis subidas da região basca e proporcionou um
verdadeiro teste à capacidade de resistência dos ciclistas.
Almeida esteve em grande forma
ao longo de toda a corrida, tendo estado imperial nas tiradas mais importantes,
terminado a 1ª etapa, um contrarrelógio individual, em 2º, a 3ª jornada em 4º e
tendo vencido as etapas 4 e 6, a última da competição. Foi um domínio absoluto
e a primeira vitória de sempre de um português nesta corrida.
Além disso, a sua performance
na Paris-Nice, uma das mais importantes corridas por etapas da temporada, foi
igualmente positiva. João Almeida ganhou a etapa 4, batendo um bicampeão da
Volta a França como Jonas Vingegaard, acabou por adoecer nas etapas finais,
mas, ainda assim, segurou um importante 6º lugar na geral final.
Na Volta ao Algarve, um dos
grandes objetivos do início de temporada, terminou em 2º na geral, apenas
batido por Vingegaard na crono-escalada final. Na outra prova que correu,
também uma prova por etapas, o cenário não foi distinto, Almeida foi 2º na Volta
à Comunidade Valenciana. Posto isto, fez top 6 nas 4 corridas que disputou em
2025, números que poucos podem lograr na atualidade.
Almeida prossegue a sua
temporada com corridas por etapas, primeiro a Volta à Romandia, depois a Volta
à Suiça, onde foi 2º em 2024 e ganhou uma etapa, e a Volta a França, onde
tentará levar novamente Tadej Pogacar à vitória final e melhorar o seu 4º posto.
António
Morgado: A ascensão de uma promessa
Se o nome de João Almeida já é
um sinónimo de sucesso, outro jovem ciclista português tem começado a
destacar-se no pelotão internacional. António Morgado, com apenas 21 anos, tem
vindo a mostrar que está pronto para desafiar as maiores referências do ciclismo
mundial. Corre também pela UAE, e tem sido uma das maiores revelações do
ciclismo português nos últimos tempos.
A temporada de 2025 foi
iniciada da melhor forma para Morgado, que venceu a Gran Premio Castellón -
Ruta de la Cerámica, uma corrida de categoria 1.1. Esta vitória foi a sua
primeira conquista do ano e confirmou a grande forma nas clássicas espanholas
seguintes, onde obteve 2 terceiros lugares.
Mas a sua performance em
fevereiro foi igualmente marcante. Morgado subiu ao topo do pódio na Figueira
Champions Classic, uma prova de categoria 1.Pro, onde se impôs frente a vários
ciclistas experientes e terminou com 125 pontos UCI. Este tipo de desempenho
tem colocado o jovem português em destaque, não só em competições nacionais,
mas também no pelotão internacional, onde começa a ser visto como uma das
maiores promessas do ciclismo luso.
Além das suas vitórias
individuais, Morgado tem desempenhado um papel crucial no apoio aos seus
companheiros de equipa, nomeadamente Tadej Pogacar. Nos 2 monumentos do norte,
Volta à Flandres e Paris-Roubaix, Morgado demonstrou a sua capacidade de trabalhar
ao lado de grandes nomes do ciclismo mundial, mostrando-se uma peça essencial
no apoio ao líder da equipa nas clássicas e nas provas de um dia, sacrificando
as suas ambições pessoais.
Mais recentemente, na
Brabantse Pijl, considerada a corrida de transição entre os pavês e o asfalto.
Morgado conquistou um impressionante 3.º lugar, tendo ganho o sprint no grupo
perseguidor, atrás de Remco Evenepoel e Wout van Aert. Este pódio não apenas
sublinha o talento de Morgado, mas também o seu espírito de luta e a sua
capacidade de competir ao mais alto nível, mesmo quando as condições são
desafiadoras.
Segue-se a Volta às Asturias,
a clássica Eschborn-Frankfurt e outras provas por etapas, rumo à sua estreia
numa grande volta, a Volta a Espanha, em agosto.
Ivo
Oliveira: As tão esperadas vitórias no Giro d’Abruzzo
O nome mais recente nesta
lista de destaques é Ivo Oliveira. Fustigado por lesões nos últimos anos, o
gaiense tem tido finalmente uma época sem azares e os resultados já estão à
vista.
Ganhou 2 etapas no Giro
d'Abbruzo e a última é daquelas vitórias de antologia: 122km em fuga, resistiu
à perseguição, respondeu aos ataques no momento certo e, no sprint final, bateu
Sjoerd Bax para conquistar a vitória. 2 vitórias que enchem o pote da confiança
para o ciclista de 28 anos, com o próprio líder da equipa Tadej Pogacar a
dar-lhe os parabéns nas redes sociais. Seguem-se a Volta à Romandia, onde tem o
prólogo como grande objetivo, e a Volta à Hungria.
Iúri
Leitão: O Campeão de Pista a brilhar na estrada
Iúri Leitão tem-se mostrado um
verdadeiro ciclista multifacetado. Além das suas inúmeras medalhas na pista,
mostrou no início de 2025 que começa a dar cartas nas competições de estrada.
Logo na segunda corrida do
ano, no Trofeo Palma, o Vianense surpreendeu com um ataque dentro do último
quilómetro e conquistou uma vitória memorável, somou mais alguns top 10, mas
viu o azar bater-lhe à porta, não concluindo nenhuma das provas por etapas onde
alinhou. Recentemente, na Brabantse Pjil, esteve em destaque, ao integrar a
fuga do dia. O restante calendário ainda não é conhecido.
Além disso, em 2025, Iúri
Leitão continuou a brilhar no ciclismo de pista. O ciclista conquistou duas
medalhas de ouro no Campeonato da Europa de Pista, realizado em fevereiro, na
corrida por pontos e no scratch. Neste europeu, também os gémeos Oliveira brilharam,
com uma medalha de bronze no madison. Estas conquistas consolidaram-no ainda
mais como um dos maiores talentos do ciclismo de pista português, e o seu
desempenho no panorama internacional continua a ser motivo de grande orgulho
para o ciclismo nacional.
O futuro
do ciclismo português: Expectativas para 2025
Com uma geração talentosa e em
crescimento, o ciclismo português vive um momento muito promissor. Nomes como
João Almeida, António Morgado, Iúri Leitão e Ivo Oliveira estão a dar cartas
nas provas internacionais e a abrir portas para o futuro. A presença crescente
de ciclistas portugueses nas provas de prestígio da UCI, como o World Tour e
outras competições de grande importância, coloca Portugal num patamar elevado
no panorama mundial. Além destes, Afonso Eulálio (1ª época no worldtour), Rui
Oliveira, Ruben Guerreiro, Nelson Oliveira e Rui Costa são os outros
representantes nacionais no escalão máximo e já deram provas que têm capacidade
de obter grandes vitórias.
Além disso, as novas gerações,
com ciclistas como Lucas Lopes, Daniel Lima ou Gonçalo Tavares estão a crescer
com a ambição de igualar e até superar os feitos dos grandes nomes que passaram
pelo ciclismo nacional, como Joaquim Agostinho e José Azevedo, ambos
ex-ciclistas de renome mundial.
Em 2025, as expectativas são
altas para que os ciclistas portugueses continuem a brilhar em competições como
a Volta a Itália, a Volta a França, a Volta a Espanha e as mais prestigiadas
clássicas, bem como nas provas de um dia e de várias etapas, onde têm mostrado
grande competitividade.
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