A Federação Italiana de Ciclismo dedicou um artigo aos feitos do “homem do ‘triplete’ das Ardenas”
Por: Lusa
Foto: EPA
A morte do ciclista italiano
Davide Rebellin, ao ser atropelado esta quarta-feira por um camião, levou a
mensagens de condolência de todos os quadrantes da modalidade, bem como a
alertas para a perpetuação deste tipo de acidentes.
A Federação Italiana de
Ciclismo dedicou um artigo aos feitos do “homem
do ‘triplete’ das Ardenas”, num texto em que o presidente,
Cordiano Dagnoni, lembrou a necessidade do “respeito” na estrada pelos ciclistas, com várias outras
figuras a questionarem a quantidade de acidentes do género.
Davide Rebellin, de 51 anos,
andava de bicicleta numa rodovia quando foi atropelado por um camião que, sem
se ter apercebido do acidente, continuou o seu trajeto, relata ainda o jornal
La Gazzetta dello Sport.
A Work Service Cycling, última
equipa que representou, associou-se à dor da família e amigos, e adianta que
imagina Rebellin “montado na bicicleta, à
procura de novos caminhos, novas subidas e novos desafios mesmo lá em cima, no
céu”.
O belga Philippe Gilbert, o
único a igualar o seu feito de vencer as três clássicas das Ardenas no mesmo
ano, lembrou “a última corrida como
profissionais, no Mónaco”, uma vez que ambos acabavam esta
temporada a carreira.
“Hoje,
deixas-nos para te juntares às estrelas. Penso muito na tua esposa, Françoise,
e na tua família. Estou muito triste e deixarás saudades, ‘amigo’”,
escreveu, na rede social Twitter.
Os ciclistas acabaram por se
mostrar consternados com a informação, desde Vincenzo Nibali, seu compatriota e
um dos sete ciclistas da história a terem vencido as três grandes Voltas.
“Estou
tremendamente chocado por saber desta notícia triste. Que a terra te seja leve,
Davide”, escreveu ‘Il
Squalo’, enquanto Filippo Ganna, múltiplas vezes campeão do
mundo em várias disciplinas e recordista da Hora, lhe endereçou um
agradecimento “por tudo”.
Mario Cippolini, outra lenda
do ciclismo italiano, pediu-lhe que continue “a
pedalar até ao infinito”, e Paolo Bettini lembrou o “adversário leal” que encontrou em tantas
e tantas corridas.
De Espanha, outro ‘veterano’ e
longevo ciclista, Alejandro Valverde, enviou
“os mais sentidos pêsames a familiares e amigos” de outro atleta que ‘pendurava
a bicicleta’ este ano, um “companheiro
de profissão e rival de tantos anos”, enquanto o
ex-Sporting-Tavira Rinaldo Nocentini, outro antigo corredor transalpino, disse
que Rebellin seguirá “nos corações”
de todo o mundo do ciclismo.
Várias das equipas que compõem
o pelotão mundial também endereçaram condolências, da Jumbo-Visma do vencedor
da Volta a França, o dinamarquês Jonas Vingegaard, que se mostrou “profundamente chocada”, à Movistar e EOLO
Kometa, passando pela “grande tristeza” da Groupama-FDJ.
“A sua
excecional longevidade era a prova da sua paixão única pelo nosso desporto. As
nossas mais sinceras condolências à família”,
escreveram os franceses, ecoando um sentimento que o próprio Rebellin tinha dito
há anos, quando descreveu a sua forma de correr como “pura paixão”.
No que toca a organizações de
provas, nota para as mensagens da Flèche Wallonne, que venceu três vezes, e da
Liège-Bastogne-Liège, em que também se impôs, mas também a Volta à Catalunha,
entre outras.
O ciclista italiano, que foi o
primeiro a arrebatar as três clássicas das Ardenas no mesmo ano (2004), tinha
encerrado a sua carreira em outubro, após ter competido a nível profissional
durante três décadas.
O corredor natural de San
Bonifacio destacou-se com esse ‘triplete’ em abril de 2004, ao juntar triunfos
seguidos na Amstel Gold Race, Flèche Wallonne e Liège-Bastogne-Liège, num feito
que, desde então, apenas foi igualado pelo belga Philippe Gilbert, em 2011.
Além de mais duas vitórias na
Flèche Wallonne (2007 e 2009), Davide Rebellin também se impôs na Züri-Metzgete
e na clássica de San Sebastián (ambas em 1997) e no Giro dell’Emilia (2006 e
2014).
Nos Jogos Olímpicos
Pequim2008, foi medalha de prata na prova de fundo, mas viu-a ser retirada,
posteriormente, por testar positivo num controlo antidopagem.
Davide Rebellin ganhou ainda
corridas por etapas, tais como Tirreno-Adriático (2001) e Paris-Nice (2008), e
uma etapa da Volta a Itália (1996), passando duas vezes pela Volta ao Algarve (sexto
em 2006 e quarto em 2007) e uma na Volta a Portugal (27.º em 2017).
“São
muitos anos, mas ainda me sinto jovem no interior. Ainda tenho muita vontade,
força também. É um divertimento para mim”, explicou em 2017,
numa entrevista à agência Lusa, ao ser questionado sobre a sua longevidade no
ciclismo profissional.
Fonte: Sapo on-line
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