Fotos: Agnelo Quelhas
O contrarrelógio final entre o Porto e Gaia confirmou o favoritismo que desde início foi atribuído ao uruguaio de 27 anos que corre com as cores da Glassdrive-Q8-Anicolor. Mauricio Moreira rematou a 83ª Volta a Portugal Continente com o melhor tempo nos 18,6 quilómetros da última etapa e nas contas finais da Volta facilmente alcançou a primeira posição com mais de um minuto de vantagem sobre o companheiro de equipa Frederico Figueiredo, anterior líder, que baixou ao segundo lugar da Classificação Geral. Figueiredo partiu para o último dia com apenas sete segundos de vantagem e a missão de manter a Amarela era complicada. Acabou por fazer mais 1:16 minutos do que o uruguaio no contrarrelógio, ou seja, na Geral ficou a 1:09.
"Não tenho palavras para descrever o que estou a sentir neste momento”, afirmou emocionado Mauricio Moreira. “Ainda não caí na realidade. Quando acordar deste sonho é que vou perceber. Acho que vou chorar de novo! Sem dúvida que é o momento mais feliz”. O vencedor aproveitou para lembrar o ano difícil que teve. "Era um sonho ganhar a Volta. Nesse sonho não contava disputá-la com um colega de equipa. O Fred (Frederico) é um senhor. Ontem (na etapa da Srª da Graça) poderia ter ganho a Volta, mas não fez isso, respeitou-me", acrescentou Moreira, realçando o companheirismo na Glassdrive-Q8- Anicolor muito satisfeito com o triunfo e por ter a minha família por perto.
A equipa comandada por Ruben Pereira, o diretor desportivo mais novo das 18 equipas que discutiram a prova, conseguiu um dia inesquecível na margem do Douro. Além de vencer a Volta, ocupou totalmente o pódio junto à Ponte D. Luís porque António Carvalho conseguiu na derradeira etapa o segundo melhor tempo, a 21 segundos de Moreira, e garantiu o terceiro lugar à Geral, ficando a equipa dos “amarelos” com as três posições finais da Volta. Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), que ocupava a terceira posição, baixou ao quarto posto, após o contrarrelógio.
Ainda relativamente ao
exercício individual que terminou no empedrado da marginal de Gaia com uma
imensa multidão a assistir, salienta-se a despedida do veterano
Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria
Nova Hotel) aos 40 anos com o terceiro lugar a minuto e cinco segundos do
vencedor.
Filho de
Peixe…
Filho do ciclista Federico Moreira, Mauricio não esconde que era difícil não enveredar pela modalidade. Nasceu em Salto, no Uruguai, e viveu intensamente o ciclismo na juventude devido ao pai. Na adolescência começaram as primeiras aventuras no sonho de chegar a profissional.
Sabia que teria de viajar para
a Europa para chegar mais alto. Em 2016 integrou a equipa amadora da espanhola
Caja Rural, onde conseguiu algumas vitórias. Ainda subiu à formação principal,
dois anos depois, mas em 2020 optou por regressar a uma estrutura amadora, a
Vigo-Rias Baixas.
No ano passado, Portugal abriu-lhe as portas e assinou com a Efapel. Venceu a Volta ao Alentejo e viria a ser segundo na Volta a Portugal, perdendo por apenas dez segundos por causa de uma queda no último dia. Este ano chegou ao topo, confirmando o favoritismo que lhe era dado quando partiu de Lisboa. Em duas épocas em Portugal, Mauricio Moreira construiu um palmarés que inclui a conquista das duas mais míticas subidas da Volta a Portugal: Senhora da Graça (2021) e Alto da Torre (2022).
Quem
Espera Sempre Alcança
Com o triunfo de Mauricio
Moreira terminou uma década de espera da formação agora sedeada em Águeda para
ver um ciclista ganhar a Volta. Foram 11 dias sempre de Camisola Amarela
Continente. De Rafael Reis, o símbolo da liderança conquistado no Prólogo de
Lisboa, passou para Mauricio Moreira, "saltou" para Frederico Figueiredo que a cedeu no
contrarrelógio novamente ao uruguaio. A Glassdrive conquistou cinco etapas,
todas as de montanha e os dois esforços individuais e, além de vencer ainda
coletivamente, viu Frederico Figueiredo a sagrar-se Rei da Montanha, garantindo
a Camisola das Bolinhas Europcar. Moreira também ficou com o Prémio Combinado
Carclasse.
O norte americano Scott McGill
(Wildlife Generation) e Jokin Murguialday (Caja Rural-Seguros RGA) foram os
únicos que quebraram a hegemonia na consagração dos vencedores. O primeiro foi
o melhor na Classificação dos Pontos, Camisola Verde Rubis Gás, e o espanhol
foi o melhor jovem, ficando com a Camisola Branca Jogos Santa Casa.
De Lisboa a Gaia, com passagem
por Badajoz, a Volta 2022 fez-se durante 11 dias e praticamente 1560
quilómetros. Em 2023, o encontro fica marcado para a cidade de Viseu, já
anunciada como ponto de partida da 84ª Volta a Portugal Continente.
Fonte: Podium
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