“Prometi a mim mesmo ganhar por ele”, confessou o francês.
Um emotivo Julian Alaphilippe
(Deceuninck-QuickStep) reencontrou-se hoje com a camisola amarela da Volta a
França em bicicleta, ao vencer, ao seu estilo, a segunda etapa da 107.ª edição,
um triunfo que dedicou ao pai, que morreu em junho.
“Prometi a mim mesmo ganhar
por ele”, confessou o francês, após ter chorado assim que cortou a meta em
Nice, depois de se ter adiantado ao grupo de favoritos com um ataque em força
na subida para o Col de Quatre Chemins, a última dificuldade da jornada, ao
qual só conseguiram responder Marc Hirschi (Sunweb) e Adam Yates
(Mitchelton-Scott), respetivamente segundo e terceiro na tirada.
O ciclista da
Deceuninck-QuickStep queria homenagear o pai, mas também abrir o seu contador
de vitórias esta temporada. Após uma época de sonho, que incluiu 14 dias de
amarelo na ‘Grande Boucle’ – perdeu a camisola na antepenúltima etapa, tendo de
contentar-se com o quinto lugar final – e triunfos na Flèche Wallonne,
Milão-Sanremo e Strade Bianche, o francês de 28 anos ainda estava a zeros este
ano.
“É sempre especial ganhar no
Tour e este é um ano particular. Não ganhei qualquer corrida desde o início de
época. Continuei a trabalhar e mantive-me focado, apesar dos momentos duros.
[…] Dei tudo, não tinha nada a perder”, resumiu.
Após uma primeira etapa
demasiado atribulada, o pelotão ‘despertou’ hoje com um dia soalheiro, saindo
de Nice Haut Pays (a designação adotada pela organização) para uma tranquila
jornada de 186 quilómetros até Nice, já com três baixas – o belga Philippe
Gilbert, com uma lesão no joelho esquerdo, e o alemão John Degenkolb, que
chegou fora de controlo, ambos da Lotto Soudal, e o espanhol Rafael Valls
(Bahrain-McLaren), com uma fratura no fémur -, resultantes das incontáveis
quedas da véspera.
O terreno acidentado do
percurso ‘convidava’ a uma fuga, formada logo aos 16 quilómetros, quando um
grupo liderado pelo eterno camisola verde Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), já
apostado em conquistar preciosos pontos para ampliar o seu recorde no Tour
(vestiu a camisola da regularidade em sete ocasiões em Paris) se adiantou para
discutir o ‘sprint’ intermédio em Lac de Broc.
A Sagan juntaram-se Lukas Pöstleberger,
(Bora-Hansgrohe), Benoît Cosnefroy (AG2R-La Mondiale), Kasper Asgreen
(Deceuninck-QuickStep), Toms Skujins (Trek-Segafredo), Anthony Perez (Cofidis)
e Michael Gogl (NTT), com os fugitivos a alcançarem uma vantagem superior a
três minutos, que desapareceu nas subidas ao Col de Turini (1.ª categoria) e
Col d’Èze (2.ª).
Com o pelotão reagrupado, a
Jumbo-Visma voltou a demonstrar que está neste Tour com o propósito de
destronar a INEOS, assumindo-se como ‘dona’ da corrida e levando-a, desta vez
sem percalços, até ao ataque de Alaphilippe, a 13 quilómetros da meta.
Na roda do ‘menino querido’
dos franceses seguiu o suíço Marc Hirschi (Sunweb), e pouco depois juntou-se
Adam Yates (Mitchelton-Scott), quando o grupo de favoritos ainda avaliava o
impacto da queda do holandês Tom Dumoulin (Jumbo-Visma), fruto de um
involuntário toque de rodas com Michal Kwiatkowski (INEOS).
No Col de Quatre Chemins, o
último topo do dia, foi Yates quem passou na frente, mas, na aproximação à
meta, a vitória do carismático ciclista da Deceuninck-QuickStep, que até teve
tempo para apertar os sapatos, afigurava-se inevitável.
‘Juju’ ergueu os braços
exultante, com Hirschi imediatamente atrás de si, com as mesmas 04:55.27
cronometradas ao vencedor, Yates a um segundo, e o reduzido pelotão, com todos
os nomes grandes incluídos e Greg Van Avermaet (CCC) na dianteira, a dois
segundos – o português Nelson Oliveira (Movistar) foi 63.º, a 08.41 minutos,
depois de ter rebocado o líder Alejandro Valverde, que sofreu um problema
mecânico.
Na geral, Alaphilippe tem
quatro segundos de vantagem sobre Yates e sete sobre Hirschi, e nomes como
Tadej Pogacar (UAE Emirates), Egan Bernal e Richard Carapaz (INEOS) e Tom
Dumoulin já à espreita no ‘top 10’, a 17 segundos.
Já Nelson Oliveira vai partir
para os 198 quilómetros da terceira etapa, entre Nice e Sisteron, na 64.ª
posição, a 08.56 minutos do francês.
Sem comentários:
Enviar um comentário