quarta-feira, 18 de setembro de 2019

“Alerta para a IN(segurança) Rodoviária”


22 de Setembro de 2019 – Alertar para o estado de in(segurança) rodoviária em

Portugal

A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) vem, passados quase 6 anos das alterações ao Código da Estrada, alertar para o estado surreal de insegurança rodoviária que se vive em Portugal.

Nas alterações ao Código da Estrada havia claramente a intenção de dar prioridade aos utilizadores vulneráveis da via, desde logo com a criação do conceito, mas também com o incremento da segurança desses utilizadores.

Infelizmente, não passaram de alterações escritas e de uma mera intenção. Aquilo que continuamos a constatar são estradas e cidades feitas para o automóvel e sem condições de segurança para peões, utilizadores de bicicleta e, em particular, das pessoas com mobilidade condicionada.

O desconhecimento das alterações ainda é uma constante. Persistem algumas confusões sobre o que realmente mudou. Mantem-se alguma agressividade por parte de quem, não simpatizando com a bicicleta, se considera acima da lei, acabando por utilizar o automóvel como arma. Mesmo sendo poucos, tais comportamentos são altamente perigosos e podem, em muitos casos, ter consequências gravíssimas. Estes comportamentos deveriam ser tratados no âmbito da responsabilidade criminal.

É urgente uma fiscalização sistemática e uma política de tolerância zero em relação a comportamentos manifestamente perigosos ou agressivos. Não pode haver complacência enquanto não se atingir o objetivo de zero atropelamentos e zero mortes.

Os dados apontam para uma fiscalização quase inexistente (16 multas/1.000hab). Os números negros da sinistralidade rodoviária que foram divulgados recentemente (675 mortes em 2018) estarão certamente relacionados com esta falta de fiscalização. Os comportamentos manifestamente perigosos ou agressivos como por exemplo o excesso de velocidade, ainda são um "crime dos bons malandros" em Portugal. Temos de inverter esta desculpabilização coletiva e exigir uma guerra aos comportamentos de risco na circulação rodoviária.

Só no passado dia 1 de Setembro morreram dois utilizadores de bicicleta em acidentes causados por automóveis. Estamos a falar da vida de duas pessoas e por isso não podemos continuar a fechar os olhos a esta triste realidade.

“Foi o sol”, “estava a chover”, ou “não o vi” são desculpas que muitas vezes significam “vinha ao telemóvel”, ou “vinha em excesso de velocidade”. Não podemos aceitar esse tipo de desculpas. Um erro ou uma falta de atenção, podem custar a vida de uma pessoa.

Os decisores políticos não podem ignorar o que está a acontecer. Este é um tema urgente. Não só consideramos que o governo pode agir, tomando medidas de segurança rodoviária e campanhas de informação e sensibilização conjugadas com uma fiscalização apertada ao cumprimento do Código da Estrada (principalmente no que diz respeito ao excesso de velocidade e ao estacionamento indevido), como também os próprios municípios podem e devem investir em infraestruturas seguras, criar condições promotoras da utilização dos transportes públicos, incrementando a sua qualidade e oferta de nível de serviço, e ainda, aplicar medidas de acalmia de tráfego, sempre que se justifiquem.

A FPCUB depositou esperanças na alteração ao Regulamento de Sinalização de Trânsito, em complementaridade às alterações ao Código da Estrada mas esta alteração recentemente aprovada ficou muito aquém das expetativas. Inúmeras questões que deviam e podiam ter sido contempladas nesta revisão, ficaram esquecidas (ou intencionalmente deixadas de fora). Não esqueçamos também que embora a FPCUB se tenha manifestado disponível para colaborar nessa matéria desde 2013, a mesma não chegou a ser ouvida neste âmbito.

A FPCUB não pretende apontar o dedo a ninguém, nem encontrar culpados, mas sim alertar para que sejam tomadas medidas. Para que se pense qual o caminho a seguir, para que se escolha um futuro mais promissor com o qual as pessoas usufruirão do espaço público sem medo, e onde as crianças brincarão na rua com mais segurança. A acalmia de tráfego é urgente, quer nas cidades, quer fora delas, tal como a fiscalização das velocidades praticadas. Mas acima de tudo necessitamos de consciencializar que a velocidade mata e que grande parte de nós, que utilizamos a bicicleta, podemos, circunstancialmente utilizar o carro ou a mota. E no final do dia, somos todos peões.

Este alerta de consciencialização decorre assim no dia 22 de Setembro, aproveitando o tema deste ano da Semana Europeia da Mobilidade - “Caminhar e Pedalar em Segurança”, bem como o Dia Europeu Sem Carros para materializar o apelo tomando voz e lugar em Faro, Lisboa, Aveiro, Porto e Braga.

Está na hora de agir. Sempre Alerta pela IN(segurança) Rodoviária!

Fonte: FPCUB

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