Por:
Alexandre Reis
Foto:
Lusa
As
opiniões estão divididas, mas há um sentimento de revolta no pelotão face à
indiferença com que os organizadores da Volta e respetivos comissários
encararam as duas primeiras etapas, tendo a de ontem superado as temperaturas
da véspera. E isto quando existem regulamentos, depois de a UCI ter criado o
Protocolo de Condições Meteorológicas Extremas para preservar a integridade
física dos atletas. Etapas no Tour Down Under ou na Volta a San Juan foram
anuladas ou reduzidas na sua extensão devido ao calor.
Já
na Volta, as vítimas sucedem-se. Joaquim Silva (Caja Rural) desistiu na 1ª
etapa e o dinamarquês Louis Bendixen (Team Coop) não alinhou na 2ª, desidratado
e com falha renal: "Depois de etapa com cinco horas de calor extremo,
estive mais três horas no controlo antidoping, sem beber nem comer. O corpo
desfaleceu e tive de passar a noite no hospital."
O
vice-campeão olímpico em Atenas’2004, Sérgio Paulinho (Efapel), pede uma maior
proteção aos atletas, pois basta dizer que numa etapa como a de ontem, cada corredor
tem de beber 15 a 20 litros de água para combater a desidratação: "Dou-me
bem com o calor, mas não quer dizer que não tenha crises com quase 50 graus.
Muita gente fala em outras coisas que são prejudiciais para a saúde, das quais
nem vale a pena designar... Mas esta situação é extremamente prejudicial para a
saúde. A Proteção Civil pede a todos para se manterem em locais frescos; a nós
é pedido que pedalemos 200 km. Existem regulamentos, mas nem sempre são
cumpridos. Há que proteger os ciclistas."
Gustavo
Veloso (W52-FC Porto) é da mesma opinião: "A etapa, hoje [ontem], deveria
ter sido anulada. Estamos preparados para correr com o calor, mas sem estas
temperaturas."
Já
Luís Mendonça (Aviludo-Louletano-Ali) discorda que haja intervenção: "Dias
de muito calor, mas espero recuperar. Isto é a Volta a Portugal, é espetáculo e
nós somos atletas acima do normal. Aplaude-se muito o futebol, mas deve-se
olhar mais para estes homens que deixam tudo na estrada, com um sofrimento que
ninguém imagina. Depois, há a magia, quando o povo nos refresca com a
água..."
Fonte:
Record on-line
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