A ligação de Afonso ao triatlo cross nasceu quase por acaso, ou, talvez, por destino, nas provas do calendário nacional da Federação de Triatlo, especialmente no XTERRA da Golegã. “Foi aí que começou tudo”, recorda. “A adrenalina do percurso, o contacto direto com a natureza… percebi logo que era isto que me fascinava.”
A aventura no triatlo cross
começou com nove anos e aos 14 venceu a medalha de prata do mundial de XTERRA,
em Itália, no final do mês de setembro. Enquanto outros atletas se apaixonam
pela velocidade das estradas lisas, Afonso prefere o imprevisível, o sítio onde
o esforço, a técnica e a coragem se encontram em pleno.
“Gosto da adrenalina que o percurso me
proporciona”, diz. E quando fala das três disciplinas, o entusiasmo é
contagiante. Na natação, vibra com as partidas em mergulho e as saídas
australianas. No BTT, confessa que o desafiam mais “os saltos, os relevés, as
descidas e subidas com pedras grandes fixas ao chão”. Já na corrida em trilhos,
o seu momento favorito é “descer em pedra dá muita adrenalina!”.
No XTERRA, os percursos são
exigentes, e os imprevistos fazem parte da aventura. Afonso encara tudo com
serenidade. “Lido com naturalidade porque tudo pode acontecer. É isso que torna
esta vertente desafiadora. Este desporto ensina-me a enfrentar os desafios com
coragem e as dificuldades dos percursos ajudam-me a estar focado e a não ter
falhas.”
Apesar da intensidade do
treino entre 8 a 10 horas semanais, divididas entre natação, BTT e corrida
Afonso mantém os estudos como prioridade. “Tento fazer os trabalhos e estudar
antes dos treinos”, explica. Durante a semana treina cerca de 1h30 por dia, e
ao fim de semana aumenta a carga: “No sábado treino 2h30, e às vezes ao domingo
mais 1h30, dependendo da fase da época.”
Para Afonso, o triatlo cross
ainda não recebe o reconhecimento que merece. “O triatlo tradicional é mais
mediático e é olímpico, por isso tem mais destaque. Mas o cross é mais difícil
exige técnica e não está ao alcance de qualquer um.” Mesmo assim, acredita que
a autenticidade do triatlo cross acabará por conquistar mais adeptos: “É um
desporto puro, em que o contacto com a natureza faz parte do desafio.”
A prata mundial foi apenas um
passo no caminho que Afonso quer continuar a trilhar: “Quero evoluir no triatlo
e ter mais oportunidades de representar o meu país em provas internacionais.
Sonho um dia participar nos Jogos Olímpicos”, remata o jovem triatleta.
Entre pedras, lama, calor e
trilhos, Afonso encontrou o seu lugar e, com ele, uma forma de estar no
desporto e na vida. Tal como o seu ídolo, Vasco Vilaça, também ele acredita que
o segredo está em nunca perder a paixão pelo desafio.
“O triatlo cross ensinou-me a
enfrentar os desafios com coragem. É isso que quero continuar a fazer, em cada
prova.”
Fonte: Federação Triatlo
Portugal
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