Ciclista mais forte da passada edição, o uruguaio de 27 anos caiu no ‘crono’ final, no qual era favorito a destronar Amaro Antunes (W52-FC Porto), e acabou por perder a Volta por apenas 10 segundos
Por: Lusa
Foto: EPA/Pedro Sarmento Costa
Mauricio Moreira
(Glassdrive-Q8-Anicolor) fez as pazes consigo mesmo, ao vencer a Volta a
Portugal em bicicleta, ‘remediando’ o erro que cometeu no ano passado com o
triunfo no contrarrelógio da última etapa.
Numa ‘sala de conferências’ improvisada na marginal de Gaia, com vista para o
Porto, ‘Mauri’ disse não saber “se
justiça é a palavra certa” para
definir o que aconteceu, o dia em que conquistou finalmente a prova ‘rainha’ do
calendário nacional.
“[Queria]
poder remediar o que fiz no ano passado, porque sei perfeitamente que a queda
foi um erro meu, e este ano não queria cometer o mesmo erro. Eu acho que fiz
justiça comigo mesmo de não cometer o mesmo erro e de não continuar a
reprochar-me isso”, assumiu.
Por isso, enquanto cumpria os
18,6 quilómetros entre o Porto e Gaia, a sua preocupação eram as curvas.
“Eu acho
que o principal medo que tinha e o principal cuidado no percurso eram as
curvas, para não acontecer o mesmo do ano passado. Ter mais segurança e tentar
perder o menor tempo possível nas curvas, porque em relação a uma pessoa que é
técnica, quem tem mais dificuldades perde muito”,
detalhou.
Num “traçado técnico”, mas não perigoso,
tentou ter “muito cuidado, porque eram curvas
muito rápidas, e também descidas com paralelo”.
“Acabei
por sair beneficiado, porque sou uma pessoa de estatura grande, com peso. Na
hora de atravessar os paralelos, de fazer curvas, porque hoje fazia vento,
também me beneficiou bastante”, revelou o corredor de 1,89
metros.
Moreira não ficou muito
surpreendido por vencer o ‘crono’,
uma das especialidades que consegue fazer bem, embora tivesse “bastantes dúvidas, porque era um crono muito técnico,
mas também de força”.
“Quando
saí, sentia que estava bem, sentia-me com segurança a fazer o percurso. Foi uma
surpresa mas sabia que podia acontecer”, disse o homem que
cumpriu a última etapa em 25.07 minutos.
O único contra da vitória foi
mesmo ter destronado Frederico Figueiredo, o seu companheiro de equipa, que
perdeu 01.16 minutos no ‘crono’ e caiu para segundo da geral, a 01.09.
‘Mauri’ nem hesita em reconhecer que ‘Fred’ poderia ter sentenciado a Volta no
domingo, rumo à Senhora da Graça, mas preferiu seguir com os seus colegas até
ao alto, hipotecando as suas hipóteses de vitória.
“Sem
dúvida que considero que o Fred podia ter essa oportunidade [de ganhar a
Volta]. O Fred é um trepador puro. Ontem, foi uma etapa de alta montanha e eu
sofri muito. Ele deixou de lado os seus interesses, ele mesmo tomou essa
decisão. Só posso agradecer e posso dizer que é um verdadeiro senhor e uma
grande pessoa”, reiterou.
Ainda assim, o uruguaio sente “uma alegria enorme”. “Depois de um ano tão difícil, de ter ficado no ano
passado com um sabor amargo de não conseguir dar a vitória à equipa, conseguir
fazer isto este ano, é uma alegria muito grande”, resumiu.
Ao seu lado, Rúben Pereira
reconheceu que viveu o dia mais difícil enquanto diretor desportivo, indicando
que lhe “dava igual” que
ganhasse Moreira ou Figueiredo, pois o importante era que o triunfo fosse da
Glassdrive-Q8-Anicolor.
“A
vitória do Mauricio partiu muito do Frederico e da equipa. Nunca houve
rivalidade entre os dois colegas, que é o mais importante. Para ele [Moreira]
estar vestido com esta camisola, 50% é do Frederico e isso jamais podemos
esquecer”, acrescentou, mostrando-se disponível para no
próximo ano trabalhar para que Figueiredo ganhe a Volta.
Pereira admitiu ainda que
nunca pensou ter três homens no pódio da 83.ª Volta a Portugal, mas que a
corrida se desenrolou de forma a que também António Carvalho acabasse em
terceiro, a 02.35 do seu companheiro uruguaio.
Fonte: Sapo on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário