Por: SIF // AJO
O ciclista português João
Almeida (UAE Emirates) sofreu hoje para se segurar no terceiro lugar da geral
da Volta a Itália, numa 14.ª etapa épica que ‘deu’ a liderança ao equatoriano
Richard Carapaz (INEOS).
O britânico Simon Yates
(BikeExchange-Jayco), de 29 anos, cumpriu os 147 quilómetros entre Santena e
Turim em 3:43.44 horas, vencendo a etapa com 15 segundos de vantagem sobre o
australiano Jai Hindley (BORA-hansgrohe), segundo, e Carapaz, terceiro.
Nas contas da geral, o campeão
olímpico em Tóquio2020 assumiu a liderança, com sete segundos de vantagem para
Hindley e 30 para João Almeida, hoje sexto, que subiu ainda ao primeiro lugar
na classificação da juventude.
Já vestia a ‘maglia bianca’, mas porque o anterior
líder da geral, o jovem espanhol Juan Pedro López (Trek-Segafredo), levava a
rosa, despedindo-se hoje das duas camisolas ao cair para nono.
A 14.ª foi finalmente a etapa
de que a 105.ª edição, até aqui tendencialmente previsível e muito ‘marcada’ no
pelotão, precisava, com ataques e contra-ataques desde o início, a um ritmo
frenético, também dado o perfil acidentado e a curta distância percorrida.
Yates, de resto, tentou desde
o início, como muitos outros, que procuravam formar uma fuga numerosa que
pudesse ter força para discutir a etapa, mas a BORA-hansgrohe acabou por atirar
esses planos para o lixo.
A equipa germânica atacou ‘em bloco’ e
levou com ela os candidatos à geral que conseguiram seguir a roda, entre eles
Carapaz, com João Almeida, como outros, a descolarem.
Aí começou um ‘iô-iô’ particular
do luso, que cerrou os dentes e ‘sofreu’ até poder reentrar no grupo, à semelhança do que
havia conseguido no último domingo, na chegada a Blockhaus.
Para trás iam ficando vários
nomes, do espanhol Alejandro Valverde (Movistar), outro apanhado no ‘corte’, como Almeida, que não teve
consigo elementos da equipa para ajudar.
O mesmo, de resto, aconteceu
com quase todos os favoritos, à exceção de Hindley, ‘escudado’, e a frente, após vários
ataques do australiano, primeiro, e de Carapaz, depois, partiu-se
definitivamente.
Ficou Yates com os dois
candidatos a vestir a ‘maglia rosa’
em Turim, juntando-se depois o ‘tubarão’ italiano Vincenzo Nibali (Astana), em ano de
despedida da carreira, num quarteto com três anteriores vencedores de grandes
Voltas e o ainda jovem Hindley, que foi segundo no Giro em 2020.
No final, um ataque decisivo
do britânico, que perdeu muito tempo na primeira semana e não pode lutar pela
geral, fez a diferença, à frente de um trio que conseguiu manter longe a
tentativa de Almeida recuperar novamente.
O britânico acabou por se
manter a solo e ergueu os braços bem antes da meta em Turim, explicando depois
que esta vitória, depois do ‘crono’ do segundo dia, “não
cobre” ter perdido o ‘comboio’ da
geral.
“Tinha
vindo para vencer a corrida, não etapas. Espero que continue com pernas. Hoje
exigiu muito esforço de toda a gente. Se o calor continuar, vai ser uma semana
final muito dura”, analisou.
Se Yates chegou à 10.ª vitória
em etapas de grandes Voltas, os outros ciclistas ganharam sobretudo na
‘maratona’ até à ‘maglia rosa’,
desde logo Carapaz.
O equatoriano venceu a corrida
em 2019 e é tido como o grande favorito, tendo Hindley, cuja equipa fez hoje
uma demonstração de força, ‘à perna’,
e a 30 segundos um João Almeida que, apesar de voltar a descolar na fase
decisiva, seguindo depois o seu ritmo ao lado do italiano de 39 anos Domenico
Pozzovivo (Intermarché-Wanty-Gobert-Matériaux), que subiu a quinto.
Nibali entrou no ‘top 10’, para oitavo, e o espanhol Mikel
Landa (Bahrain-Victorious), que parecia distanciado, acabou por reduzir perdas
e ainda subiu a quarto, a 59 segundos do líder.
Fora do ‘top 5’, fechado por ‘Pozzo’ a
1.01 minutos, todos os ciclistas estão a mais de 1.50, e o 10.º, Valverde, está
já a 9.06 minutos da camisola rosa.
Na classificação da juventude,
o ciclista português lidera com 3.34 minutos para López, com todos os outros a
mais de 11 minutos, após um dia rápido e que, em teoria, favoreceria uma fuga,
hoje ‘ultrapassada’ pelos homens da geral e pela superior capacidade
de Yates.
O dia ficou ainda marcado pelo
abandono do neerlandês Tom Dumoulin (Jumbo-Visma), devido a um problema nas costas,
e na qual Rui Costa (UAE Emirates) caiu para 54.º na geral, com Rui Oliveira,
da mesma equipa, a subir a 151.º.
No domingo, a 15.ª etapa liga
Rivarolo Canavese a Cogne em 177 quilómetros, com duas contagens de montanha de
primeira categoria e uma de segunda, na meta.
Fonte: Lusa
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