Novo camisola amarela da Volta queria compensar colega pelo trabalho
Por: Record com Lusa
Foto: LUSA
Rafael Reis continua a superar
aquilo que sonhou, depois de ter cumprido um hattrick em etapas em Bragança
para regressar à liderança da 82.ª Volta a Portugal, completamente dominada
pela Efapel.
Até esta edição, o rapaz de
Palmela tinha 'apenas' dois triunfos na prova, sempre em prólogos, mas o
corredor contratado esta temporada pela equipa amarela continua a exceder-se e,
hoje, depois de lutar para integrar a numerosa fuga do dia e de atacar
novamente a descer, como aconteceu em Setúbal, somou a sua terceira vitória e
recuperou a amarela que tinha perdido para Alejandro Marque (Atum
General-Tavira-Maria Nova Hotel) na Torre.
E o plano de Reis, primeiro e
novo amarela da 82.ª edição, nem era esse: "Hoje
era objetivo eu estar na fuga, gastei muita força a tentar entrar, felizmente
consegui. Consegui recuperar o fôlego depois da primeira montanha. Era uma fuga
numerosa, havia vários interesses para a etapa, para a geral, para alguém
tentar recuperar tempo. Felizmente, tinha o Luís Mendonça hoje, que é um tecnicista
como eu. Não o tive comigo na Arrábida [primeira etapa], porque ele teve de
trabalhar, porque eu estava de amarelo e puxou 150 quilómetros nesse dia. No
fim, eu queria dar-lhe a vitória, mas ele disse que já não dava. Ele, mais uma
vez, deu tudo por mim e deixou-me a seis quilómetros da meta, e tive de
finalizar da melhor forma".
Mas Mendonça, o homem rápido
transformado em incansável (e quase único) trabalhador da Efapel, festejou o
triunfo do ciclista de Palmela como se fosse seu, afastando os fotógrafos que
retratavam o momento de descanso do seu companheiro para abraçá-lo -- momentos
depois, também Javier Moreno, um dos integrantes da fuga e novo quarto
classificado da geral, se juntaria à festa.
A fechar, um olhar às contas na geral... "Agora, estou melhor do que estava de manhã. Estava a três minutos, agora estou com 28 segundos de vantagem, temos mais um homem na geral. Agora, vai depender muito da tática da equipa".
O filme
do dia
A etapa mais longa da 82.ª
edição convidava a ataques e eles sucederam-se até que, finalmente, decorridos
que estavam cerca de 60 dos 193,2 quilómetros entre Felgueiras e Bragança, 27
homens se uniram na dianteira da corrida.
Entre eles, como não podia
deixar de ser, estavam representantes da Efapel (Reis, Moreno e Mendonça) e da
W52-FC Porto (Ricardo Mestre, Ricardo Vilela e Samuel Caldeira), mas também
Vicente García de Mateos e Joaquim Silva, os líderes da Antarte-Feirense e da
Tavfer-Measindot-Mortágua, que precisavam de recuperar tempo na geral, ou o
vencedor na véspera, Ben King (Rally Cycling), assim como o espanhol Diego
López (Kern Pharma), que haveria de ser terceiro na meta.
A qualidade dos fugitivos
'impedia' as margens alargadas autorizadas pelo pelotão nas etapas anteriores
e, por isso, os 27 nunca conseguiram ultrapassar a barreira dos seis minutos,
com a diferença a decair à medida que a corrida se aproximava da última
dificuldade do dia, a terceira categoria da Serra de Nogueira, e o grupo da
frente ia perdendo elementos, derrotados pela exaustão, pelo calor e pelo
permanente sobe e desce do percurso.
Ultrapassada a última
montanha, Reis e Mendonça, que guiou o seu companheiro durante toda a jornada
-- chegou mesmo a 'barafustar' para apressá-lo para passar na frente uma meta
volante, de modo a assegurar também a liderança da classificação por pontos -,
atacaram a descer, com a separação do duo a dar-se a seis quilómetros da meta,
que o novo camisola amarela cruzou com o tempo de 04:35.30 horas.
"É,
é verdade, é", respondeu o ciclista de 29 anos, ao ser questionado
sobre se o que lhe está a acontecer nesta Volta é melhor do que alguma vez
sonhou.
Dezasseis segundos depois
chegou o vencedor da etapa de quarta-feira, o norte-americano Ben King (Rally
Cycling), na dianteira do grupo onde seguiam Silva, que foi quarto, Moreno e De
Mateos, com o grupo dos favoritos, integrado por Marque, a demorar mais 3.33
minutos.
A diferença foi suficiente
para o galego ceder, por 28 segundos, a amarela, um objetivo pouco dissimulado
nos últimos dias e só contrariado pelo afastamento de Daniel Freitas, devido ao
terceiro caso de covid-19 na Rádio Popular-Boavista.
"Nunca
ninguém quer livrar-se da amarela, evidentemente, mas tem a ver com não
desgastar a equipa, porque só tenho quatro companheiros",
assumiu 'Alex', que agora é
segundo, à frente de Amaro Antunes (W52-FC Porto), que está a 33.
Além do quarto triunfo em
etapas, a Efapel, que lidera ainda a classificação por equipas, tem cinco
homens no top 15, sendo, curiosamente, o pior deles o seu assumido (pelo menos
pelos colegas) líder, António Carvalho, que é 13.º, a 01.54 minutos da amarela.
Moreno é quarto, a 36,
Frederico Figueiredo sexto, a 53, e Maurico Moreira fecha o top 10, onde
reentraram De Mateos e Silva, a 01.29. A W52-FC Porto, hoje novamente derrotada
em toda a linha (ainda não venceram qualquer etapa, nem lideraram a geral), tem
o trabalhador Vilela no sétimo lugar, e os outros dois líderes, Joni Brandão e
João Rodrigues, respetivamente na 12.ª e 14.ª posições, a apenas três etapas do
final.
A Volta mais dura dos últimos
anos para os dragões prossegue na sexta-feira, com a oitava etapa, que vai
ligar Bragança ao alto do Larouco, em Montalegre, onde os ciclistas chegam
depois de percorridos 160,7 quilómetros que incluem outra contagem de montanha
de primeira categoria, além da coincidente com a meta.
Fonte: Record on-line
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