Por: SIF // AMG
João Almeida cimentou hoje o
seu lugar na lista restrita de ciclistas portugueses que terminaram uma das
grandes Voltas no 'top 10', destacando-se no terceiro posto ao ser sexto na
geral final da Volta a Itália.
Num palmarés em que os feitos
de Joaquim Agostinho permanecem inalcançáveis, já que esteve 11 vezes entre os
10 melhores, o jovem da Deceuninck-QuickStep, de 22 anos, conseguiu um sexto
lugar (a centésimos de segundo do quinto) para suceder a si próprio no Giro de
2020, em que escreveu a mais bonita página do ciclismo português na 'corsa
rosa' com o quarto lugar, depois de 15 dias como líder da geral.
Em 2020, mais do que melhorar
o registo de José Azevedo, que em 2001, no papel de gregário de luxo do
espanhol Abraham Olano, foi quinto - o mesmo lugar que alcançou no Tour em 2004
-, o miúdo de A-dos-Francos (Caldas da Rainha) fez Portugal sonhar com um
inédito triunfo numas das grandes Voltas, uma façanha que este ano sempre
pareceu estar mais distante.
Ainda assim, e depois de ter
passado muitas das jornadas da 104.ª edição a trabalhar em prol do colega de
equipa belga Remco Evenepoel, após um mau dia logo na primeira semana, foram
demonstrações de garra e uma corajosa (e menos conhecida) postura atacante que
o levaram até ao sexto lugar final, graças ao contrarrelógio de hoje, em Milão,
que lhe permitiu uma subida de duas posições na geral no derradeiro suspiro da
‘corsa rosa’.
Na memória de todos ficará a
tenacidade e espetacularidade das duas exibições em Itália, com as que se
isolou no terceiro lugar, à frente de seis ciclistas que conseguiram um 'top
10', casos de nomes grandes do país, como Acácio da Silva (sétimo no Giro de 1986),
Alves Barbosa (10.º no Tour de 1956) e ainda João Rebelo e Fernando Mendes,
sextos classificados na Vuelta em 1945 e 1975, respetivamente, além de José
Martins (oitavo na Vuelta de 1975).
A cumprir a sua segunda
temporada entre a elite, e logo na melhor formação mundial, que vai deixar no
final do ano, João Almeida pode ambicionar chegar a um patamar onde só está
Joaquim Agostinho, o maior ciclista português de todos os tempos.
Foram 11 as presenças do
corredor de Torres Vedras, que morreu em 1984 na sequência de uma queda na
Volta ao Algarve, entre os 10 primeiros em grandes Voltas, com os terceiros
lugares no Tour (1978 e 1979) a permanecerem como os feitos mais
extraordinários do ciclismo nacional.
Embora no seu palmarés figure
o estatuto de vice-campeão da Vuelta em 1974, são as prestações de Joaquim
Agostinho na Volta a França, onde também foi quinto (1971 e 1980), sexto (1974)
e oitavo (1969, 1972 e 1973), que perduram no imaginário coletivo.
No segundo posto da tabela
está José Azevedo, que, além do quinto lugar do Giro de 2001, ainda tem dois
'top 10' em provas órfãs de vencedor: sexto no Tour de 2002 e quinto em 2004,
também em França, em duas vitórias 'tiradas' ao norte-americano Lance
Armstrong.
Portugueses
no ‘top 10’ de grandes Voltas:
- Joaquim
Agostinho (11):
8.º no Tour de 1969
5.º no Tour de 1971
8.º no Tour de 1972
6.º na Vuelta de 1973
8.º no Tour de 1973
2.º na Vuelta de 1974
6.º no Tour de 1974
7.º na Vuelta de 1976
3.º no Tour de 1978
3.º no Tour de 1979
5.º no Tour de 1980
- José Azevedo (3)
5.º no Giro de 2001
6.º no Tour de 2002 (a)
5.º no Tour de 2004 (a)
- João
Almeida (2)
4.º no Giro de 2020
6.º no Giro de 2021
- Alves
Barbosa (1)
10.º no Tour de 1956
- Acácio
da Silva (1)
7.º no Giro de 1986
- João Rebelo
(1)
6.º na Vuelta de 1945
- Ribeiro
da Silva (1)
4.º na Vuelta de 1957
-
Fernando Mendes (1)
6.º na Vuelta de 1975
- José
Martins (1)
8.º na Vuelta de 1975
(a) Lance Armstrong foi
desclassificado por doping e a prova ficou sem vencedor.
Fonte: Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário