Por: Fábio Lima
Tudo começou no verão passado,
à boleia de um vídeo dos irmãos Brent e Kyle Pease. Aí, nesse momento, nasciam
os ‘Iron Brothers’, compostos por Miguel e Pedro Ferreira Pinto.
O primeiro, de 32 anos, é
advogado e atleta amador, ao passo que o segundo, de 30, é portador de
paralisia cerebral e sempre teve um encanto especial pelos temas desportivos,
especialmente por aquilo que o seu irmão fazia.
"Vimos o vídeo juntos e
ele ficou com um brilhozinho nos olhos…", lembra Miguel, sem esperar
aquilo que viria a seguir: o desafio por parte do seu irmão para fazerem um
Iron Man 70.3... em conjunto.
"A princípio assustou-me
um bocado", confessa, mas depois de conseguir completar a distância a solo
(também no ano passado) ganhou a confiança necessária para dar o passo em
frente. Era hora de se desafiar numa prova que contempla 1,9 quilómetros a
nadar, 90 de bicicleta e 21,1 a correr, isto na companhia do irmão, o qual terá
de transportar ao longo de todo o percurso.
Na natação irá ‘rebocá-lo’
numa canoa, no ciclismo numa bicicleta adaptada para o efeito e, por fim, na
corrida, conforme se pode ver na foto acima, com recurso a uma cadeira de
rodas.
Um desafio que toma uma
dimensão maior nestas circunstâncias. Condições que obrigam a um investimento
bem avultado, na ordem dos 10 mil euros. Uma verba que os ‘Iron Brothers’ não
tiveram de dispender, tudo graças à ajuda de empresas como a GravityPaint
(cadeira de corrida) ou a Luz Saúde (bicicleta), que patrocinaram a compra dos
materiais necessários para a prova.
O material
necessário
Bicicleta: 5000 euros (2500
euros no quadro, 1000 nas mudanças...)
Cadeira de corrida: 1200 euros
Fatos para natação e outros
acessários: 2000 euros
Ciclismo como
‘handicap’
A meio ano do dia da verdade
(29 de setembro, em Cascais), e ainda com muito para preparar, Miguel confessa
desde já que apenas uma coisa o assusta: a fase da bicicleta. "Tenho um
pouco de medo das subidas da corrida, mas acho que o pior será o
ciclismo". Mas nada que um ‘boost’ de ânimo nessa fase não resolva. E até
aí a escolha da prova foi feita a dedo: "Foi emocional, para estarmos
perto dos nossos, para estarmos a jogar em casa". Tudo para que naquela
manhã de setembro nada falhe...
Decisiva para que nesse dia
tudo corra da melhor forma será também a preparação feita nestes seis meses que
restam. E mesmo que falte algum tempo, a preparação já vai sendo feita a um
ritmo elevado. Nesta fase, explica-nos, o treino é de "condicionamento
geral", com cerca de 25 horas semanais de trabalho e médias de 230
quilómetros de bicicleta, 50 de corrida e 20 de natação. Há também provas no
programa para as próximas semanas (uma de dez quilómetros, uma maratona e uma
maratona).
Números incríveis,
especialmente tendo em conta que para lá da vida de atleta amador também tem a
sua atividade profissional, mas que acabam por ser necessários para atingir o
objetivo. Pelo menos no plano desportivo...
Mais do que
desporto
Para lá da componente
desportiva, os Iron Brothers têm também uma preocupação solidária e inclusiva.
A ideia, explica Pedro, passa por chamar a atenção para a necessidade da
inclusão das pessoas com deficiência e também angariar fundos para prover
instituições e pessoas individuais de melhores condições.
"Que o projeto desportivo
seja o megafone do projeto social", pede o mentor desta iniciativa, que
nas últimas semanas deu um novo passo nesse sentido, ao lançar uma campanha de
recolha de tampas de plástico, as quais ajudarão o Fundo Iron Brothers. Um
fundo que, refira-se, é também alimentado pela venda de camisolas alusivas ao
projeto. Todas as informações podem ser consultadas no Facebook, em
www.facebook.com/ironbrotherstri
Elogios à
organização do IronMan 70.3 de Cascais
"Foram impecáveis. Foi um
contacto rápido e eles mostraram-se por um lado assustados mas por outro
bastante entusiasmados; nunca mostraram estar de pé atrás. Foram ter com a
marca para saber se era possível e intercederam por nós. Num mês começámos a
falar com eles e tivemos a nossa resposta e foram incríveis. Esclareceram que
todas as regras são as normais, à exceção da bicicleta, que sai dos parâmetros.
Todas as regras são as mesmas e acho bem que seja assim", refere.
Uma semana de
treinos em números
Corrida: 50 km
Bicicleta: 200 a 230 km
Natação: 20 km
Segunda-feira: 1:30 horas de
natação às 6:00, seguida de elásticos; 1 hora de corrida ao final da tarde
Terça-feira: 1 hora de TRX
pela manhã; 1:30 horas de bicicleta à tarde
Quarta-feira: 1:30 horas de
natação às 6:00, seguida de elásticos; treino de séries ao final da tarde
Quinta-feira: 1 hora de TRX
pela manhã; 1:30 horas de bicicleta à tarde
Sexta-feira: 1:30 horas de
natação às 6:00, seguida de elásticos; Treino de rampas ou fartlek ao final da
tarde
Sábado: 1:30 horas de natação
às 7:30; 2 horas de bicicleta, com rampas em Monsanto*; 6 horas de treino no
total
Domingo: volta de ciclismo de
duas a cinco horas, com treino com o CNATRIL
Fonte: Record on-line
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