terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

“37ª Volta ao Alentejo”

Cada vez mais próxima dos 40 anos, a “Alentejana” apresenta-se, este ano, em Montemor-o-Novo associada, mais uma vez, ao Crédito Agrícola que há oito anos consecutivos empresta o nome à prova. O percurso de 2019 regressa a Ponte de Sor, após 26 anos de ausência, mantém a difícil passagem no Cabeço do Mouro (Portalegre) e um muito decisivo contrarrelógio individual em Castelo de Vide. Após 802,1 quilómetros, o paralelo da majestosa Praça do Giraldo, em Évora, abre-se ao sprint final e às comemorações dos vencedores. 

Com mais de 70% dos municípios alentejanos envolvidos, a 37ª Volta ao Alentejo Crédito Agrícola promete um itinerário que, entre 20 e 24 de março, cruza o Alto e o Baixo Alentejo com o Litoral Alentejano e o Alentejo Central, regressando a Ponte de Sor após 26 anos de ausência.

O último vestígio da competição na cidade do norte alentejano remonta a 1993 quando coroou o 11º vencedor, Jorge Silva. Este ano, a CIMAC - Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, que delega a organização técnica na Podium Events, desafia o pelotão a partir de Montemor-o-Novo para percorrer pouco mais de 800 quilómetros de imponentes planícies, pejadas de oliveiras e sobreiros, interrompidas a espaços pelos suaves e ondulantes montes alentejanos, até culminar na cidade museu de Évora – onde será coroado pela 23ª vez o vencedor da “Alentejana”.

O contrarrelógio, que incrementou no ano passado o formato da “Alentejana”, veio para ficar. “Apesar de desfrutarmos de cerca de 30 mil quilómetros quadrados numa das mais belas regiões do país, o Alentejo, manifestamente plano - salvo no norte alentejano onde só estaremos um dia - acaba por necessitar, para incutir mais competitividade à prova, de um contrarrelógio individual” é a convicção do Diretor de Prova, Joaquim Gomes. 

 

O MAPA DA EPOPEIA A PEDAL

A 37ª Volta ao Alentejo Crédito Agrícola começa por desafiar a resistência dos corredores nas três primeiras etapas, depois convida os trepadores a ultrapassar a mais íngreme das subidas, o Cabeço do Mouro (Portalegre), para em seguida tirar as teimas num contrarrelógio individual, em Castelo de Vide, que antecede a etapa de consagração.   

A edição de 2019 da “Alentejana” inaugura-se em Montemor-o-Novo, cidade castelar que só uma vez na história deu princípio à prova, na 11ª edição em 1993. A etapa mais longa desta edição cruza o Alentejo Central a caminho de Moura, nesta edição a porta de entrada do Baixo Alentejo, onde vão terminar os 208,1 km da etapa. Com três metas volantes – Viana do Alentejo, Vidigueira e Reguengos de Monsaraz – e uma montanha de 4ª categoria no concelho de Portel, a conclusão da etapa acontece perto das 15h55.  

Da vila raiana de Mértola partirá o segundo dia de competição que conduz o pelotão à Costa Alentejana, sem vislumbrar qualquer montanha. Os 182,2 km serão “animados” por três Metas Volantes – Castro Verde, Aljustrel e Porto Covo – até alcançar Odemira, perto das 16 horas.

A terceira etapa despede-se do Litoral Alentejano a partir de Santiago do Cacém, de onde os corredores saem com destino a Mora. As Metas Volantes estão em Grândola, Vendas Novas e Arraiolos, e há duas contagens para o Prémio de Montanha, a primeira em Alcácer do Sal e a seguinte em Montemor-o-Novo, ambas de 4ª categoria.

O terceiro dia de competição cumpre-se após 176,5 km com chegada prevista à linha de meta pelo melhor horário às 15h48. O fim-de-semana começa em Ponte de Sor, que regressa ao convívio da “Alentejana” após 26 anos de ausência. O quarto dia de prova começa com uma etapa relativamente pequena mas com a exigência de duas montanhas, uma de 4ª categoria no Crato e a 5,4 km da meta uma contagem de 2ª categoria no Cabeço do Mouro. Antes da chegada a Portalegre, perto das 12h20, os corredores ainda têm a Meta Volante de Alter do Chão.   

A jornada dupla de sábado tem no período da tarde o contrarrelógio de Castelo de Vide. A pitoresca vila, colocada no alto de um monte com muralhas medievais, proporciona uma muito decisiva luta contra o cronómetro de 8,4 km. À semelhança de 2018, arranca da variante à N246-1 para ascender à Ermida da Sr.ª da Penha, vencida a Serra de S. Paulo, para terminar junto ao Parque João José da Luz no centro urbano. 

As derradeiras emoções da 37ª Volta ao Alentejo Crédito Agrícola vivem-se a partir de Portalegre, de onde o pelotão parte para os 152 km finais, com Metas Volantes em Monforte, Borba e Redondo. A chegada e a entrega das camisolas, definitivos símbolos de líder, e do último Chapéu Alentejano acontece pelo quarto ano consecutivo na Praça do Giraldo, em Évora.

O autarca eborense Carlos Pinto de Sá sublinha que “neste ano em que arranca a 37ª edição da Volta ao Alentejo, a cidade de Évora prepara-se para um momento singular na sua existência, marcado pela afirmação da sua candidatura a Capital Europeia de Cultura.” “Esta candidatura, à semelhança da Alentejana, pretende ligar e congregar o Alentejo em torno dos grandes desígnios que fazem desta, uma região única no Mundo”, acrescenta o também presidente da CIMAC - Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central.

 

Luís Mendonça

Nascido e criado em Paredes, geografia de outros valores do ciclismo nacional, Luís Mendonça iniciou-se como júnior mas o interesse pela fisioterapia falou mais alto e obrigou-o a um interregno na modalidade para estudar, altura em que também se experimentou como barman e modelo. Regressou ao pelotão em 2013, já com 27 anos e sem grandes propósitos, mas o protagonismo acabou por chegar: venceu a edição do ano passado da Volta ao Alentejo, conseguindo ainda em 2018 um terceiro lugar na Volta a Madrid e um oitavo posto nos Nacionais.

Hoje com 33 anos, sente-se com vigor para acompanhar o ritmo do pelotão por mais algumas temporadas, ambicionando um futuro sempre ligado à modalidade, seja como fisioterapeuta ou, quem sabe, como diretor desportivo. “A Volta ao Alentejo é a prova mais dura da época – qualquer pessoa no pelotão confirma – porque vive-se cada etapa como se fosse uma Clássica, são quilómetros bastante nervosos com algumas quedas pois é complicado passar naquelas aldeias, com ruas mais estreitas, a alta velocidade.

O nível competitivo é altíssimo! É um pelotão ambicioso e internacional, de gente talentosa que não facilita. Sempre sonhei vencer uma etapa nesta prova porque sempre achei que era à medida das minhas características. No ano passado, comecei por acreditar que podia ser o melhor português - estava nesse despique com o Ricardo Mestre da W52-FC Porto.

Depois percebi que podia entrar no Top 10, fui elevando a fasquia e de repente sai-me a Volta! Não ganhei nenhuma etapa e ganhei a prova. Realmente foi extraordinário! Trouxe-me uma moral muito grande e transformou-me como atleta. Levei para casa um Chapéu Alentejano mas soube tão bem como certamente a Bota de Ouro para o Ronaldo.

Foi muito saboroso desfrutar deste triunfo que nunca, nem por sombras, sonhei poder ganhar. Sei que a concorrência é grande, o pelotão nacional é bom e recomenda-se. Tem ótimos atletas, está num patamar altíssimo e creio que, agora sim, durante mais anos consecutivos podem ser portugueses a ganhar esta prova.”

 

RESUMO ETAPAS 2019:

1ª Etapa - 20.3 - Partida Simbólica: 10h35 – Montemor-o-Novo/Moura – 208,1km - Chegada Prevista: 15h54.

2ª Etapa - 21.3 - Partida Simbólica: 11h20 – Mértola/Odemira – 182,8km - Chegada Prevista: 15h57.

3ª Etapa - 22.3 - Partida Simbólica: 11h25 – Santiago do Cacém/ Mora – 176,5km - Chegada Prevista: 15h48.

4ª Etapa - 23.3 - Partida Simbólica: 10h30 - Ponte de Sor/Portalegre – 74,3km - Chegada Prevista: 12h23.

5ª Etapa - 23.3 - 1º Corredor: 16h00 – Castelo de Vide/Castelo de Vide – 8,4km - Chegada Prevista: 18h27.

6ª Etapa - 24.3 - Partida Simbólica: 11h20 – Portalegre/Évora – 152km - Chegada Prevista: 15h12.

 

ÚLTIMOS VENCEDORES DA VOLTA AO ALENTEJO 2018:

Luís Mendonça (Aviludo/Louletano/ULI); 2017 – Carlos Barbero (Movistar Team); 2016 – Enric Mas (Klein Constantia); 2015 – Pawel Bernas (Activejet Team); 2014 – Carlos Barbero (Euskadi); Há 10 anos (2009) – Maxime Bouet (Agritubel); Há 20 anos (1999) – José Luís Rubiera (Kelme); Há 30 anos (1989) – Fernando Carvalho (Louletano/Vale de Lobo).

 

EQUIPAS NA 37ª VOLTA AO ALENTEJO CRÉDITO AGRÍCOLA:

Para cumprir o desígnio de levar mais longe o território alentejano através da visibilidade mediática proporcionada pela prova e seus participantes, a 37ª Volta ao Alentejo Crédito Agrícola tem inscritas 18 equipas de diversas geografias. Neste lote estão todos os conjuntos profissionais portugueses e outras tantas formações vindas de fora. 

 

Equipas Participantes:

Aviludo – Louletano (Por.) - Escalão: Continental

Efapel (Por.) - Escalão: Continental

LA Alumínios-LA Sport (Por.) - Escalão: Continental

Miranda – Mortágua (Por.) - Escalão: Continental

Rádio Popular – Boavista (Por.) - Escalão: Continental

Sporting – Tavira (Por.) - Escalão: Continental

UD Oliveirense- Inoutbuild (Por.) - Escalão: Continental

Vito - Feirense - PNB (Por.) - Escalão: Continental

W52-FC Porto (Por.) - Escalão: Continental Profissional

Euskadi Basque Country - Murias (Esp.) - Escalão: Continental Profissional

Bai-Sicasal-Petro (Ang.) – Escalão: Continental

Differdange Geba (Lux.) – Escalão: Continental

Fundacion Euskadi (Esp.) - Escalão: Continental

Lokosphinx (Rússia) - Escalão: Continental

SRA (Suíça) – Escalão: Continental

Team Wiggins (Reino Unido) - Escalão: Continental

UNO X (Nor.) – Escalão: Continental

Seleção U23 Great Britain (Reino Unido) – Escalão: Sub 23.

PREMIAR OS MELHORES:

Camisola Amarela Crédito Agrícola: Símbolo da liderança da classificação geral individual, é entregue diária e provisoriamente ao corredor melhor classificado no somatório de tempos de cada etapa e, no final, ficará com o melhor entre os melhores.

No ano passado fez-se história ao levar Luís Mendonça ao pódio 12 anos depois da última vitória portuguesa; Camisola Preta KIA: Pelo 3º ano consecutivo a KIA patrocina a liderança da classificação por pontos que é entregue ao corredor que somar o maior número de pontos obtidos em cada dia de competição e nas metas volantes; Camisola Castanha Delta Cafés; Na Volta ao Alentejo também se distinguem os trepadores.

Este símbolo de “Rei da Montanha” é entregue todos os dias a quem mais pontuar nas contagens dos prémios de montanha. Este ano, os trepadores têm cinco oportunidades de pontuar para esta classificação; Camisola Branca Fundação INATEL: Os corredores nascidos após 1 de janeiro de 1996 têm uma classificação própria.

A liderança da juventude tem em conta o tempo no conjunto de todas as etapas, observando igualmente as bonificações por pontos e as penalizações. O jovem que menos tempo somar ao longo dos cinco dias de competição envergará a camisola branca.

A competição é uma organização conjunta da CIMAC - Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central e da Podium Events com o patrocínio de Crédito Agrícola; KIA; Delta Cafés; Fundação INATEL; RTP; Vitalis; KTM Bikes; PROZIS, Europcar, Doublet, Cosmos Viagens, PACTO, Reguengos de Monsaraz – Capital dos Vinhos de Portugal, Jornal de Notícias; Antena 1; Cision; Centro de Informação Geoespacial do Exército; Infraestruturas de Portugal; GESAMB e com o apoio institucional de Turismo do Alentejo e Ribatejo; CIMBAL – Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo; CIMAL – Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral e da Junta de Freguesia de Alcáçovas – Arte Chocalheira – Património Cultural Imaterial da UNESCO; e as Câmaras Municipais de Montemor-o-Novo, Moura, Mértola, Odemira, Santiago do Cacém, Mora, Ponte de Sor, Portalegre, Castelo de Vide e Évora.

 

Fernando Carvalho

Descendente de dois nomes do ciclismo da década de 50 – Joaquim e Alberto –, Fernando Carvalho, 56 anos, é natural de São Paio de Oleiros, em Santa Maria da Feira. Começou na modalidade aos 13 e chegou ao profissionalismo em 1982 na Ovarense.

Até à “reforma” em 1995, além de outros triunfos, venceu a Volta a Portugal de 1990 depois de, no ano anterior, ter arrecadado os troféus na Volta ao Algarve e na “Alentejana”. Atualmente reside na cidade espanhola de Ponferrada, onde vende produtos típicos de Portugal como o bacalhau. “Quando venci a Volta ao Alentejo, em 1989, estava em excelente forma. Já tinha vencido a Volta ao Algarve e estava numa equipa forte, com muitos ciclistas com grandes possibilidades de vencer.

Lembro-me perfeitamente do primeiro dia: estava a chover, era uma etapa muito pequena [um contrarrelógio individual de 13,5 km entre Castelo de Vide e Marvão] e a intempérie reduziu a um pequeno grupo os possíveis vencedores, onde estavam muitos colegas do Louletano/Vale de Lobo.

Logo nesse dia vesti a Camisola Amarela e a Volta foi discutida entre mim e o companheiro de equipa Marco Chagas. Foram nove etapas e no final [em Elvas] saí vencedor. Orgulho-me de ter vencido a “Alentejana, apesar de não ser o meu tipo de corrida.

Não sendo o melhor trepador, rolador ou contrarrelogista, era certamente o segundo ou terceiro melhor. Era um corredor completo mas gostava mais de montanha, era intempestivo e atacava com frequência para impor ritmo à competição e gerar espetáculo.

Acho que isso faz falta ao ciclismo atual, ter etapas monumentais. Na nossa época, e na anterior a mim, o ciclismo era mais disputado”. Da região, Fernando Carvalho só podia guardar boas memórias. “Recordo-me muito bem do carinho e do orgulho dos alentejanos nesta prova que sempre valorizou e trouxe visibilidade ao território.”

Fonte: Podium

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