Com
mais de 70% dos municípios alentejanos envolvidos, a 37ª Volta ao Alentejo
Crédito Agrícola promete um itinerário que, entre 20 e 24 de março, cruza o
Alto e o Baixo Alentejo com o Litoral Alentejano e o Alentejo Central,
regressando a Ponte de Sor após 26 anos de ausência.
O
último vestígio da competição na cidade do norte alentejano remonta a 1993
quando coroou o 11º vencedor, Jorge Silva. Este ano, a CIMAC - Comunidade
Intermunicipal do Alentejo Central, que delega a organização técnica na Podium
Events, desafia o pelotão a partir de Montemor-o-Novo para percorrer pouco mais
de 800 quilómetros de imponentes planícies, pejadas de oliveiras e sobreiros,
interrompidas a espaços pelos suaves e ondulantes montes alentejanos, até
culminar na cidade museu de Évora – onde será coroado pela 23ª vez o vencedor
da “Alentejana”.
O
contrarrelógio, que incrementou no ano passado o formato da “Alentejana”, veio
para ficar. “Apesar de desfrutarmos de cerca de 30 mil quilómetros quadrados
numa das mais belas regiões do país, o Alentejo, manifestamente plano - salvo
no norte alentejano onde só estaremos um dia - acaba por necessitar, para
incutir mais competitividade à prova, de um contrarrelógio individual” é a
convicção do Diretor de Prova, Joaquim Gomes.
O MAPA DA EPOPEIA A PEDAL
A
37ª Volta ao Alentejo Crédito Agrícola começa por desafiar a resistência dos
corredores nas três primeiras etapas, depois convida os trepadores a
ultrapassar a mais íngreme das subidas, o Cabeço do Mouro (Portalegre), para em
seguida tirar as teimas num contrarrelógio individual, em Castelo de Vide, que
antecede a etapa de consagração.
A
edição de 2019 da “Alentejana” inaugura-se em Montemor-o-Novo, cidade castelar
que só uma vez na história deu princípio à prova, na 11ª edição em 1993. A
etapa mais longa desta edição cruza o Alentejo Central a caminho de Moura,
nesta edição a porta de entrada do Baixo Alentejo, onde vão terminar os 208,1
km da etapa. Com três metas volantes – Viana do Alentejo, Vidigueira e
Reguengos de Monsaraz – e uma montanha de 4ª categoria no concelho de Portel, a
conclusão da etapa acontece perto das 15h55.
Da
vila raiana de Mértola partirá o segundo dia de competição que conduz o pelotão
à Costa Alentejana, sem vislumbrar qualquer montanha. Os 182,2 km serão
“animados” por três Metas Volantes – Castro Verde, Aljustrel e Porto Covo – até
alcançar Odemira, perto das 16 horas.
A
terceira etapa despede-se do Litoral Alentejano a partir de Santiago do Cacém,
de onde os corredores saem com destino a Mora. As Metas Volantes estão em
Grândola, Vendas Novas e Arraiolos, e há duas contagens para o Prémio de
Montanha, a primeira em Alcácer do Sal e a seguinte em Montemor-o-Novo, ambas
de 4ª categoria.
O
terceiro dia de competição cumpre-se após 176,5 km com chegada prevista à linha
de meta pelo melhor horário às 15h48. O fim-de-semana começa em Ponte de Sor,
que regressa ao convívio da “Alentejana” após 26 anos de ausência. O quarto dia
de prova começa com uma etapa relativamente pequena mas com a exigência de duas
montanhas, uma de 4ª categoria no Crato e a 5,4 km da meta uma contagem de 2ª
categoria no Cabeço do Mouro. Antes da chegada a Portalegre, perto das 12h20,
os corredores ainda têm a Meta Volante de Alter do Chão.
A
jornada dupla de sábado tem no período da tarde o contrarrelógio de Castelo de
Vide. A pitoresca vila, colocada no alto de um monte com muralhas medievais,
proporciona uma muito decisiva luta contra o cronómetro de 8,4 km. À semelhança
de 2018, arranca da variante à N246-1 para ascender à Ermida da Sr.ª da Penha,
vencida a Serra de S. Paulo, para terminar junto ao Parque João José da Luz no
centro urbano.
As
derradeiras emoções da 37ª Volta ao Alentejo Crédito Agrícola vivem-se a partir
de Portalegre, de onde o pelotão parte para os 152 km finais, com Metas
Volantes em Monforte, Borba e Redondo. A chegada e a entrega das camisolas,
definitivos símbolos de líder, e do último Chapéu Alentejano acontece pelo
quarto ano consecutivo na Praça do Giraldo, em Évora.
O
autarca eborense Carlos Pinto de Sá sublinha que “neste ano em que arranca a
37ª edição da Volta ao Alentejo, a cidade de Évora prepara-se para um momento
singular na sua existência, marcado pela afirmação da sua candidatura a Capital
Europeia de Cultura.” “Esta candidatura, à semelhança da Alentejana, pretende
ligar e congregar o Alentejo em torno dos grandes desígnios que fazem desta,
uma região única no Mundo”, acrescenta o também presidente da CIMAC - Comunidade
Intermunicipal do Alentejo Central.
Luís Mendonça
Nascido
e criado em Paredes, geografia de outros valores do ciclismo nacional, Luís
Mendonça iniciou-se como júnior mas o interesse pela fisioterapia falou mais
alto e obrigou-o a um interregno na modalidade para estudar, altura em que
também se experimentou como barman e modelo. Regressou ao pelotão em 2013, já
com 27 anos e sem grandes propósitos, mas o protagonismo acabou por chegar:
venceu a edição do ano passado da Volta ao Alentejo, conseguindo ainda em 2018
um terceiro lugar na Volta a Madrid e um oitavo posto nos Nacionais.
Hoje
com 33 anos, sente-se com vigor para acompanhar o ritmo do pelotão por mais
algumas temporadas, ambicionando um futuro sempre ligado à modalidade, seja
como fisioterapeuta ou, quem sabe, como diretor desportivo. “A Volta ao
Alentejo é a prova mais dura da época – qualquer pessoa no pelotão confirma –
porque vive-se cada etapa como se fosse uma Clássica, são quilómetros bastante
nervosos com algumas quedas pois é complicado passar naquelas aldeias, com ruas
mais estreitas, a alta velocidade.
O
nível competitivo é altíssimo! É um pelotão ambicioso e internacional, de gente
talentosa que não facilita. Sempre sonhei vencer uma etapa nesta prova porque
sempre achei que era à medida das minhas características. No ano passado,
comecei por acreditar que podia ser o melhor português - estava nesse despique
com o Ricardo Mestre da W52-FC Porto.
Depois
percebi que podia entrar no Top 10, fui elevando a fasquia e de repente sai-me
a Volta! Não ganhei nenhuma etapa e ganhei a prova. Realmente foi
extraordinário! Trouxe-me uma moral muito grande e transformou-me como atleta.
Levei para casa um Chapéu Alentejano mas soube tão bem como certamente a Bota
de Ouro para o Ronaldo.
Foi
muito saboroso desfrutar deste triunfo que nunca, nem por sombras, sonhei poder
ganhar. Sei que a concorrência é grande, o pelotão nacional é bom e
recomenda-se. Tem ótimos atletas, está num patamar altíssimo e creio que, agora
sim, durante mais anos consecutivos podem ser portugueses a ganhar esta prova.”
RESUMO ETAPAS 2019:
1ª
Etapa - 20.3 - Partida Simbólica: 10h35 – Montemor-o-Novo/Moura – 208,1km -
Chegada Prevista: 15h54.
2ª
Etapa - 21.3 - Partida Simbólica: 11h20 – Mértola/Odemira – 182,8km - Chegada
Prevista: 15h57.
3ª
Etapa - 22.3 - Partida Simbólica: 11h25 – Santiago do Cacém/ Mora – 176,5km -
Chegada Prevista: 15h48.
4ª
Etapa - 23.3 - Partida Simbólica: 10h30 - Ponte de Sor/Portalegre – 74,3km -
Chegada Prevista: 12h23.
5ª
Etapa - 23.3 - 1º Corredor: 16h00 – Castelo de Vide/Castelo de Vide – 8,4km -
Chegada Prevista: 18h27.
6ª
Etapa - 24.3 - Partida Simbólica: 11h20 – Portalegre/Évora – 152km - Chegada
Prevista: 15h12.
ÚLTIMOS VENCEDORES DA VOLTA AO ALENTEJO 2018:
Luís
Mendonça (Aviludo/Louletano/ULI); 2017 – Carlos Barbero (Movistar Team); 2016 –
Enric Mas (Klein Constantia); 2015 – Pawel Bernas (Activejet Team); 2014 –
Carlos Barbero (Euskadi); Há 10 anos (2009) – Maxime Bouet (Agritubel); Há 20
anos (1999) – José Luís Rubiera (Kelme); Há 30 anos (1989) – Fernando Carvalho
(Louletano/Vale de Lobo).
EQUIPAS NA 37ª VOLTA AO ALENTEJO CRÉDITO AGRÍCOLA:
Para
cumprir o desígnio de levar mais longe o território alentejano através da
visibilidade mediática proporcionada pela prova e seus participantes, a 37ª
Volta ao Alentejo Crédito Agrícola tem inscritas 18 equipas de diversas
geografias. Neste lote estão todos os conjuntos profissionais portugueses e
outras tantas formações vindas de fora.
Equipas Participantes:
Aviludo
– Louletano (Por.) - Escalão: Continental
Efapel
(Por.) - Escalão: Continental
LA
Alumínios-LA Sport (Por.) - Escalão: Continental
Miranda
– Mortágua (Por.) - Escalão: Continental
Rádio
Popular – Boavista (Por.) - Escalão: Continental
Sporting
– Tavira (Por.) - Escalão: Continental
UD
Oliveirense- Inoutbuild (Por.) - Escalão: Continental
Vito
- Feirense - PNB (Por.) - Escalão: Continental
W52-FC
Porto (Por.) - Escalão: Continental Profissional
Euskadi
Basque Country - Murias (Esp.) - Escalão: Continental Profissional
Bai-Sicasal-Petro
(Ang.) – Escalão: Continental
Differdange
Geba (Lux.) – Escalão: Continental
Fundacion
Euskadi (Esp.) - Escalão: Continental
Lokosphinx
(Rússia) - Escalão: Continental
SRA
(Suíça) – Escalão: Continental
Team
Wiggins (Reino Unido) - Escalão: Continental
UNO
X (Nor.) – Escalão: Continental
Seleção
U23 Great Britain (Reino Unido) – Escalão: Sub 23.
PREMIAR OS MELHORES:
Camisola
Amarela Crédito Agrícola: Símbolo da liderança da classificação geral
individual, é entregue diária e provisoriamente ao corredor melhor classificado
no somatório de tempos de cada etapa e, no final, ficará com o melhor entre os
melhores.
No
ano passado fez-se história ao levar Luís Mendonça ao pódio 12 anos depois da
última vitória portuguesa; Camisola Preta KIA: Pelo 3º ano consecutivo a KIA
patrocina a liderança da classificação por pontos que é entregue ao corredor
que somar o maior número de pontos obtidos em cada dia de competição e nas
metas volantes; Camisola Castanha Delta Cafés; Na Volta ao Alentejo também se
distinguem os trepadores.
Este
símbolo de “Rei da Montanha” é entregue todos os dias a quem mais pontuar nas
contagens dos prémios de montanha. Este ano, os trepadores têm cinco
oportunidades de pontuar para esta classificação; Camisola Branca Fundação
INATEL: Os corredores nascidos após 1 de janeiro de 1996 têm uma classificação
própria.
A
liderança da juventude tem em conta o tempo no conjunto de todas as etapas,
observando igualmente as bonificações por pontos e as penalizações. O jovem que
menos tempo somar ao longo dos cinco dias de competição envergará a camisola
branca.
A
competição é uma organização conjunta da CIMAC - Comunidade Intermunicipal do
Alentejo Central e da Podium Events com o patrocínio de Crédito Agrícola; KIA;
Delta Cafés; Fundação INATEL; RTP; Vitalis; KTM Bikes; PROZIS, Europcar,
Doublet, Cosmos Viagens, PACTO, Reguengos de Monsaraz – Capital dos Vinhos de
Portugal, Jornal de Notícias; Antena 1; Cision; Centro de Informação
Geoespacial do Exército; Infraestruturas de Portugal; GESAMB e com o apoio
institucional de Turismo do Alentejo e Ribatejo; CIMBAL – Comunidade
Intermunicipal do Baixo Alentejo; CIMAL – Comunidade Intermunicipal do Alentejo
Litoral e da Junta de Freguesia de Alcáçovas – Arte Chocalheira – Património
Cultural Imaterial da UNESCO; e as Câmaras Municipais de Montemor-o-Novo,
Moura, Mértola, Odemira, Santiago do Cacém, Mora, Ponte de Sor, Portalegre,
Castelo de Vide e Évora.
Fernando Carvalho
Descendente
de dois nomes do ciclismo da década de 50 – Joaquim e Alberto –, Fernando
Carvalho, 56 anos, é natural de São Paio de Oleiros, em Santa Maria da Feira.
Começou na modalidade aos 13 e chegou ao profissionalismo em 1982 na Ovarense.
Até
à “reforma” em 1995, além de outros triunfos, venceu a Volta a Portugal de 1990
depois de, no ano anterior, ter arrecadado os troféus na Volta ao Algarve e na
“Alentejana”. Atualmente reside na cidade espanhola de Ponferrada, onde vende
produtos típicos de Portugal como o bacalhau. “Quando venci a Volta ao
Alentejo, em 1989, estava em excelente forma. Já tinha vencido a Volta ao
Algarve e estava numa equipa forte, com muitos ciclistas com grandes
possibilidades de vencer.
Lembro-me
perfeitamente do primeiro dia: estava a chover, era uma etapa muito pequena [um
contrarrelógio individual de 13,5 km entre Castelo de Vide e Marvão] e a
intempérie reduziu a um pequeno grupo os possíveis vencedores, onde estavam
muitos colegas do Louletano/Vale de Lobo.
Logo
nesse dia vesti a Camisola Amarela e a Volta foi discutida entre mim e o
companheiro de equipa Marco Chagas. Foram nove etapas e no final [em Elvas] saí
vencedor. Orgulho-me de ter vencido a “Alentejana, apesar de não ser o meu tipo
de corrida.
Não
sendo o melhor trepador, rolador ou contrarrelogista, era certamente o segundo
ou terceiro melhor. Era um corredor completo mas gostava mais de montanha, era
intempestivo e atacava com frequência para impor ritmo à competição e gerar
espetáculo.
Acho
que isso faz falta ao ciclismo atual, ter etapas monumentais. Na nossa época, e
na anterior a mim, o ciclismo era mais disputado”. Da região, Fernando Carvalho
só podia guardar boas memórias. “Recordo-me muito bem do carinho e do orgulho
dos alentejanos nesta prova que sempre valorizou e trouxe visibilidade ao território.”
Fonte:
Podium
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