terça-feira, 29 de março de 2016

“Segurança em xeque”

Autor: Ana Paula Marques

Foto: EPA

Foi aberta uma investigação para apurar as causas da morte do belga Antoine Demoitié

Há muito que deixou de existir uma sã convivência entre os ciclistas e os veículos oficiais que circulam numa corrida. Os incidentes têm aumentado e agora a morte de um corredor acabou por ser a gota de água, com o pelotão a exigir medidas para reforçar a segurança.

O belga Antoine Demoitié tinha 25 anos quando morreu domingo 27 de março, não resistindo aos graves ferimentos resultantes de um acidente na Gent-Wevelgem. O ciclista da Wanty-Groupe Gobert sofreu primeiro uma queda, sendo depois atropelado por uma moto da organização. Apenas dois dias depois de ter cumprido o sonho de correr uma prova do World Tour, a clássica E3 Harelbeke.

Apelos

As circunstâncias do atropelamento de Antoine Demoitié por um veículo da corrida vão ser investigadas pelas autoridades belgas, com o total apoio da União Ciclista Internacional (UCI).

Os ciclistas, esses, exigem mesmo que sejam apuradas as causas, mas sobretudo que sejam tomadas medidas para reforçar a segurança do pelotão. "Nesta hora de tristeza não queremos polémicas, mas não escondemos alguma frustração. Sempre defendemos que a segurança dos ciclistas deve estar em primeiro lugar e na última reunião do Conselho Profissional exigimos que fossem comunicadas as estratégias", lê-se no comunicado da Associação de Ciclistas Profissionais, presidida pelo ex-ciclista italiano Gianni Bugno. "Precisamos de um maior controlo das motos na corrida", escreveu Alberto Contador no Twitter, que serviu para muitos transmitirem os pesares pela morte do belga, mas também para alertarem para a falta de segurança.

Curiosamente, as palavras de maior conforto para com o motard responsável pelo acidente – a identidade não foi revelada – vieram da equipa de Demoitié. "Tem experiência de mais de 20 anos nas corridas belgas. Ficou tão afetado como nós." Também um jornalista que assistiu a tudo saiu em sua defesa, afirmando que o motard tentou evitar o atropelamento.
OUTROS CASOS ENVOLVENDO VEÍCULOS OFICIAIS

Kuurne-Bruxelas-Kuurne’2016
O belga Stig Broeckx (Lotto-Soudal) desviava-se para a direita do pelotão, quando uma moto que seguia na corrida, vinda de trás, não evitou chocar com ele. Fratura de clavícula, algumas costelas partidas e vários meses sem competir.

Volta a Flandres’2016
Um carro do apoio neutro, ao fazer uma ultrapassagem a um grupo de ciclistas, choca com o neozelandês Jesse Sergent (Trek), da qual resulta a lesão mais comum, fratura de clavícula, e claro o abandono da prova.

Clássica de San Sebastian’2015
Greg van Avermaet seguia na frente da prova espanhola quando, a 7 km da meta, uma moto com um comissário bate-lhe por trás, resultando na queda tanto do ciclista como da moto. Foram parar a uma valeta. A confusão foi tal que o britânico Adam Yates só se apercebeu que tinha ganho minutos depois, pois pensava que o vencedor tinha sido o belga.

Vuelta’2015
Sérgio Paulinho e Peter Sagan foram obrigados a abandonar a prova após serem atropelados por motos que seguiam na corrida. O primeiro por uma da TVE, o segundo por uma da organização. Situação que deixou furioso o patrão da Tinkoff, Oleg Tinkov, que ameaçou retirar a equipa da competição. Mas não passou das ameaças.

Volta à China’2015
Outro português alvo de veículos da corrida. Edgar Pinto, da Skydive Dubai, fraturou o colo do fémur esquerdo após ter sido atropelado por uma moto da organização.

Tour’2011
Um carro da televisão francesa abalroou dois ciclistas que caíram em cima de arame farpado. As imagens do holandês Johnny Hoogerland ensanguentado e com vários ferimentos (levou 33 pontos) correram Mundo. O outro envolvido foi o espanhol Juan Antonio Flecha.

Fonte: Record on-line

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