domingo, 9 de novembro de 2025

“O pesadelo de Verdonschot e Iserbyt: doença rara põe carreiras em risco”


Por: Ivan Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

O ciclocrosse belga, símbolo de resistência e excelência técnica, está a viver um capítulo preocupante. Laura Verdonschot e Eli Iserbyt, dois dos ciclistas mais emblemáticos da modalidade, enfrentam o mesmo inimigo invisível: uma doença vascular rara e debilitante que ameaça pôr um ponto final nas suas carreiras.

Enquanto Iserbyt continua afastado das competições há nove meses, Verdonschot corre contra o tempo para manter-se ativa, apesar das dores e do entorpecimento da perna esquerda, sintomas diretos de uma endofibrose da artéria ilíaca, a mesma condição que afetou vários ciclistas profissionais nos últimos anos.

A belga de 28 anos, natural de Bocholt, conseguiu terminar o Campeonato da Europa de 2025 em Middelkerke num respeitável oitavo lugar, mas o seu desempenho foi uma luta constante contra o próprio corpo.

“Depois de uma volta, já não sentia o meu pé esquerdo”, contou Verdonschot ao Sporza. “Em boas condições, deveria estar a terminar muito mais perto. Já estou habituada às dores. É que nalguns dias funciona e noutros não. Estou contente por ter conseguido chegar ao fim.”

 

Entre a dor e a sobrevivência

 

As palavras de Verdonschot revelam a dimensão de um problema que está a alastrar silenciosamente no pelotão. Após duas operações de grande complexidade realizadas no início do ano para restaurar o fluxo sanguíneo nas pernas, a belga continua a competir sob limitações físicas que a obrigam a gerir cada pedalada.

“Não me submeteria definitivamente a uma segunda operação”, admitiu. “Isso significaria provavelmente o fim da minha carreira. Não foi uma operação normal e foi preciso uma enorme quantidade de energia para regressar. Por isso, é frustrante estar a correr a este nível. Espero que as coisas melhorem nas próximas semanas e que o pé dormente desapareça finalmente.”

Verdonschot submeteu-se recentemente a novos exames, tentando encontrar alguma melhoria, mas a recuperação tem sido lenta. Ainda assim, a sua persistência é notável, uma verdadeira prova da tenacidade que caracteriza o ciclocrosse belga.

 

O caso Iserbyt: um aviso para toda uma geração

 

Se a história de Verdonschot é de resistência, a de Eli Iserbyt é de alerta. O campeão da Pauwels Sauzen–Altez Industriebouw não compete desde 16 de fevereiro e passou por quatro cirurgias para corrigir os mesmos bloqueios arteriais. O seu chefe de equipa, Jurgen Mettepenningen, foi claro nas declarações ao Nieuwsblad:

“Ainda não há luz ao fundo do túnel. Se não houver boas notícias dentro de quatro semanas, será uma história muito difícil.”

As palavras soam quase como um prenúncio. Aos 28 anos, Iserbyt encontra-se numa encruzilhada médica que poderá definir não só o seu futuro, mas também o modo como o pelotão encara este tipo de lesões.

 

Uma crise médica silenciosa no coração do ciclocrosse

 

Durante anos, a endofibrose da artéria ilíaca foi um problema pouco falado, associado a casos isolados. Hoje, está a tornar-se um fenómeno crescente no circuito de ciclocrosse, especialmente entre atletas que passam meses a pedalar em alta cadência e binário elevado, em terrenos pesados e de esforço contínuo.

O diagnóstico é complexo, e o tratamento implica cirurgias delicadas, com períodos de recuperação longos e resultados incertos. No caso de Verdonschot, duas operações não bastaram para eliminar os sintomas; no de Iserbyt, o pesadelo repete-se a cada tentativa falhada de reabilitação.

 

Entre o heroísmo e a vulnerabilidade

 

O contraste é duro: enquanto o público vibra com a bravura e o espetáculo dos circuitos belgas, os bastidores revelam o custo físico devastador da modalidade. As histórias paralelas de Verdonschot e Iserbyt expõem a vulnerabilidade humana por trás da glória desportiva, e a urgência de repensar o calendário, o treino e a prevenção médica num desporto que exige tudo do corpo.

“Estamos a trabalhar nisso e espero que haja alguma melhoria”, concluiu Verdonschot, com a serenidade de quem sabe que a luta ainda não terminou.

Dois ciclistas, duas batalhas, uma só realidade: a linha entre a dor e a glória no ciclocrosse é cada vez mais fina.

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